O gigante desafio de Edi Bortoli em continuar a implantação da rede de esgotos

Texto e fotos: Claus Jensen

Falta de saneamento básico significa um meio fácil para a proliferação de doenças. A maioria da população blumenauense não imaginava que até 2010, o município tinha apenas 4,8% de suas ruas com rede de esgoto implantada.

Na época, eram 87 Km de tubulação que se concentravam na Rua XV de Novembro, Avenida Beira Rio e parte do bairro Garcia. Os resíduos eram enviados para a estação de tratamento de esgoto (ETE) do Garcia. Foi quando iniciou o trabalho da Foz do Brasil, que depois virou Odebrecht Ambiental e durante cinco anos foi coordenado pelo Cleber Renato Virgínio da Silva.

Passados três anos desde o início, esse percentual aumentou para 30% com 286 Km de rede coletora de esgoto implantada, quando já havia sido construído a ETE do bairro Fortaleza. Em 2013, o esgoto já era coletado em parte dos bairros Água Verde, Vila Nova, Boa Vista, Itoupava Seca, Fortaleza e Tribess. Dois anos depois, abrangeu parte dos bairros Victor Konder, Ribeirão Fresco e Velha; ampliando para 316 km de redes coletoras.

No final do ano passado, depois de 6 anos de investimentos, esse percentual aumentou para cerca de 40%. Os trabalhos ficaram concentrados nos bairros Itoupava Norte e parte da Velha.

Mas 2016 foi um ano de muitas mudanças. Em Outubro, Cleber foi informado sobre sua transferência para Mauá (SP), e Edi Bortoli veio de Salvador (BA) assumir o trabalho em Blumenau. Também foi quando a Odebrecht S/A vendeu essa parte da empresa para o grupo de investidores canadense Brookfield Business Partners.

 

 

Segundo o novo diretor da unidade de Blumenau, essa venda em nada irá alterar o funcionamento da empresa e a continuidade dos trabalhos. Conversamos com o paranaense Edi Bortoli, que em dezembro ficou pai pela segunda vez quando nasceu a Marina.

OBlumenauense: Depois dessa mudança no capital da empresa, altera algo no cronograma das obras?

Edi Bortoli: Não, tanto que no dia 26 de dezembro foi iniciado o que chamamos Combo de Férias, obras que seguem até 28 de fevereiro e incluem a Rua Hermann Hering (Bom Retiro), um importante corredor de mobilidade. Nesse período muitas pessoas estão em férias, no Litoral e as crianças no recesso escolar.

Durante cinco meses conversamos com a comunidade e todos os envolvidos ( SETERB, SESUR, SEPLAN, SAMAE, ect), para definir um cronograma que causasse o menor impacto possível para a população, as empresas e o turismo.

Outras vias com obras neste período são as ruas Hermann Huscher (Valparaíso), Gustavo Lueders (Itoupava Norte) e Marechal Floriano Peixoto (Centro). Só na sinalização delas, foram distribuídas cerca de 45 placas, permitindo que para quem venha de fora, saber que em determinada distância há uma obra sendo feita, com desvio ou bloqueio do trânsito, afinal isso não aparece no GPS. Além de evitar com que passem pelo local, ajuda a decidir sobre uma rota alternativa.

Depois voltamos para obras em ruas secundárias, de menor impacto e mais fáceis de administrar. Existem várias programadas para 2017 em diversos pontos do município, como nos bairros Velha, Fortaleza e Progresso.

OBlumenauense: Como a comunidade reage nessas reuniões em relação às intervenções nas ruas que moram?

Edi Bortoli: Temos nos surpreendido positivamente com as reações da comunidade em relação a implantação da rede de esgoto, com a conscientização e valorização do nosso trabalho. As pessoas sempre apontam as questões relacionadas aos transtornos e os impactos, que nós reconhecemos e temos consciência. Por isso sempre trabalhamos na comunicação das obras e o “acontecer juntos”, para prevenir ao máximo dentro do que é possível.

 

OBlumenauense: Recentemente houve uma troca na coordenação da unidade de Blumenau, com sua entrada e a saída do Cleber que estava há 5 anos. Como tem sido essa transição?

Edi Bortoli: Uma mudança dessas gera muito aprendizado para todo mundo. Cada um que chega num ambiente novo, com características novas, passa por um processo de capacitação de como é e funciona. Isso traz evolução para todos nós e o próprio trabalho. Para o Cleber será um desafio interessante em Mauá (SP), assim como para mim, que já trabalhei em São Paulo por 4 anos, depois em Pernambuco e nos últimos dois, em Salvador (BA).

Em Blumenau, comecei do zero, mas como a unidade trabalha em equipe, todos nos ajudamos uns aos outros. Mas uma transição é sempre cuidadosa, porque temos que garantir a continuidade de tudo que acontece. Por isso eu e o Cleber tivemos uma fase onde trocamos informações.

OBlumenauense: Qual foi a principal diferença que você sentiu em Blumenau, tomando como referência as outras cidades que trabalhou?

Edi Bortoli: Do ponto de vista pessoal, percebemos que há uma riqueza na diversidade, onde cada local tem suas vantagens e desvantagens. Quando vivemos constantemente nessa dinâmica de mobilidade profissional em função de novos desafios que aceitamos, o importante é nunca chegar com fórmulas prontas ou um padrão de trabalho.

Temos que estar sempre abertos a perceber como a coisa funciona e que cada município tem demandas diferentes. Em Blumenau tenho me surpreendido de forma muito positiva, com um trabalho educativo e preventivo. A cidade é uma referência nesse trabalho de comunicação que envolve a comunidade.

OBlumenauense: Haverá alguma mudança devido a venda da Odebrecht à um grupo de investidores canadenses?

O processo foi todo conduzido pela matriz da Odebrecht S.A., que vendeu uma das empresas pertencentes ao grupo. É um processo ainda em transição e ainda não temos a automia para tratar desse assunto.

O que se viu na mídia é que ainda precisa do aval do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), anuência, financiadoras; em que toda a comunicação está centrada na assessoria de comunicação. A expectativa é que seja concluído no primeiro trimestre desse ano, mas que não impacta em nada na continuidade das obras.

 

Fortes chuvas atrasam cronograma das obras no Centro

O cronograma das obras foi prejudicado por causa das fortes chuvas na Rua Marechal Floriano Peixoto. No local, a implantação da rede de esgoto atrasou 4 dias além do previsto (6/01), que ainda recebeu a finalização e implantação das camadas de asfalto.

Iniciada no dia 26/12/16, ela necessitava de uma profundidade de até 5m, por causa da característica do solo que demandava uma abertura de vala maior, exigindo a interdição total da via. Nas ruas Hermann Hering, Gustavo Lueders e Hermann Huscher; o cronograma seguiu dentro do prazo.