Varejo deve registrar queda de quase 60% neste Dia das Mães

 

 

 

 

O Dia das Mães costumava ser a segunda data mais importante para os lojistas, atrás apenas do Natal, em termos de vendas. Neste ano, no entanto, pesquisa realizada pela Boa Vista indica que 55% dos entrevistados esperam quedas nas vendas, se comparado com o mesmo período do ano passado. Para a grande maioria, 93%, haverá, ainda, retração dos gastos pelos consumidores. Foram consultados 500 micros e pequenos empresários, entre os dias 23 e 30 de abril.

Para a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as vendas do varejo brasileiro para o Dia das Mães têm perspectiva pior, com uma projeção de queda de 59,2% neste ano, em relação à mesma data do ano passado. Em termos de faturamento, as perdas representam R$ 5,6 bilhões.

O setor mais afetado será o segmento de vestuário e de calçados, com uma previsão de queda de 74,6% no volume de vendas.

O cenário negativo é agravado pelas perdas que o varejo vem enfrentando desde o início da pandemia do Coronavírus. Segundo estudo da Cielo, o setor registrou no Brasil uma queda de 29,2% nas vendas, de 1 de março a 5 de maio. O pior período foi registrado em março, dos dias 22 a 28, quando foi registrada uma queda de 52,3% no varejo. O setor de vestuário, tem sido o mais afetado com as perdas, com uma queda de 65,5% no período.

O diretor-executivo do Sintex – Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário, Renato Valim, destaca que com a incerteza de todos com relação ao futuro, não há previsão de mudança positiva neste cenário. “É provável que o consumo de produtos não essenciais será fortemente impactado até que se tenha uma vacina contra o coronavírus ou um tratamento mais eficaz”, avalia.

Diante disso, as indústrias têxteis da região, segundo maior polo do setor no Brasil estão sendo afetadas em grandes proporções. Representando cerca de 4.900 empresas, que empregam diretamente aproximadamente 57 mil trabalhadores, o Sintex abrange 18 municípios em sua base territorial. São milhares de empresas que, desde o início do período de distanciamento social, vêm enfrentando dificuldades financeiras e não encontram possibilidade de retomar, no curto prazo, sua capacidade de produção.

O Sintex explica que todas estão fazendo o que é possível para preservar os empregos, mas estão sem pedidos para continuarem operando. “O mercado têxtil deverá, nos próximos 90 ou 120 dias, operar com limitação de vendas e produção. Além disso, as empresas estão com muitas dificuldades de obter empréstimos para pagar salários e fornecedores”, relata Valim.

Perspectivas

O setor têxtil da região pode perder até 10 mil empregos por causa dos impactos do novo coronavírus, segundo avaliação do Sintex. O presidente da entidade, José Altino Comper, explica que em termos per capita, a região é muito dependente do setor têxtil. “É fato que as pessoas vão comprar menos roupa no Brasil inteiro e a produção na região vai ter queda. Você vai produzir o que e para quem? Não somos exportadores de confeccionados e o mundo não está importando de lugar nenhum, porque a crise é global”, destaca.

Para Comper, o empresário está preocupado neste momento em pagar as contas, manter um bom nível de emprego, pagar impostos, não ficar devendo e voltar à sua situação de capital de giro. “Se conseguir isso, pode-se dizer que foi bem sucedido. Imaginar que o empresário está pensando em lucro não faz sentido nesse momento. O empresário está demitindo, mas espera que isso possa ser revertido futuramente. É muito doído”.