Santa Catarina gasta quase 1% do seu PIB (mais de R$ 2 bilhões) com acidentes de trânsito

 

Por Márcia Pontes | Especialista em Trânsito

Santa Catarina gastou exatos R$ 2.164.326.407,29 em atendimentos a acidentes de trânsito no estado. É como se cada um dos 6,8 milhões de catarinenses desembolsasse R$ 317,39 para custear o socorro às vítimas desde a fase de atendimento pré-hospitalar até a entrada no hospital e os custos de internações e cirurgias. A renda per capita nacional é de R$ 255,69. Juntos, os três estados do Sul gastam mais de R$ 8 bilhões e ficam em segundo lugar dentre as demais regiões do país, com destaque para o Paraná e Santa Catarina, que já destacava em 2014 por ser o segundo estado nacional em mortalidade nas rodovias. No ano de 2015 o PIB catarinense era de R$ 249.073.000,00 e já tinha sofrido uma queda de 4,2% do total. Ou seja, Santa Catarina gasta quase 1% do seu PIB com atendimentos de acidentes de trânsito.

 

Os dados foram divulgados pelo Observatório Nacional de Segurança Viária a partir de fontes como o Ministério da Saúde, Denatran, IPEA e ANTP e referem-se ao ano de 2015, quando os custos totais com acidentes de trânsito no país foram exatos R$ 52.283.362 bilhões.

Em relação a Blumenau os últimos dados oficiais do Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (IPEA) são de 2013 e referem-se aos cálculos realizados entre 2003 e 2013, quando saíram dos cofres públicos exatos R$ 1.765.666.663,28. Á época dava para comprar 6.662 ônibus de transporte coletivo ou construir 1.765 centros de educação infantil na cidade. Multiplicando o valor da renda per capita dos blumenauenses por 338.876 (habitantes na cidade em 2015 conforme o IBGE), a contribuição de Blumenau para pagar a conta de acidentes no estado foi de R$ 107.555.853,64. Só no ano de 2015.

Os números da gastança com atendimentos de acidentes de trânsito no Brasil foram 7% menores em 2015 em relação ao ano anterior, quando foram gastos R$ 56.021.670 bilhões. Como houve uma queda de 12% na acidentalidade no trânsito de 2014 para 2015, os gastos baixaram para R$ 52.283.362 bilhões. Uma economia da ordem de R$ 4 bilhões.

Os números mostram que não estamos falando de pouca coisa e leva a pensar e a tentar calcular tudo o que poderia ser investido em saúde, educação, saneamento básico e obras de engenharia e mobilidade urbana, mas que não foram feitos por causa de acidentes de trânsito que poderiam ser evitados. No ano de 2015 o PIB catarinense era de R$ 249.073.000 e já tinha sofrido uma queda de 4,2% do total. Ou seja, Santa Catarina gasta quase 1% do seu PIB com atendimentos de acidente de trânsito.

Quem sabe agora, botando na ponta do lápis e se dando conta do quanto perdemos com acidentes de trânsito que poderiam ser evitados, mas não são, se consiga, finalmente, levar trânsito a sério a partir de medidas fundamentais. São elas: mais técnicos e menos políticos, pessoas certas com formação em trânsito nos cargos de trânsito, estudar para se (in)formar e evitar as leis inconstitucionais que penalizam toda a população da cidade, fazer um plano de prevenção de acidentes, políticas públicas sérias e executáveis para a segurança no trânsito.

O principal é aproximar-se da população, levar orientação e informação para que não sejam induzidas ao erro e passem a agir com autocuidados e, sobretudo, rever tudo o que se vem fazendo até agora no que diz respeito à prevenção de acidentes, pois o que se vem tentando há anos não tem surtido resultado.