Projeto da FURB resgata e trata de animais silvestres em Blumenau

 

 

 

 

Por Nicolle Esthal, com fotos do SAASBlu

O Serviço de Atendimento de Animais Silvestres de Blumenau (SAASBlu) é um projeto de extensão da FURB, a Universidade Regional da cidade, que foi iniciado em 2017 pelos professores do curso de medicina veterinária, Julio Cesar de Souza Jr, Sheila Francisco e Joelma Lucioli.

Em dezembro de 2018 o projeto teve as atividades interrompidas, e em outubro do ano seguinte, elas foram retomadas. Desta vez, através de um convênio entre três instituições: a Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade de Blumenau (SEMAS), a Polícia Militar Ambiental (PMA) e a FURB.

 

 

O papel da Universidade é disponibilizar toda a estrutura médico hospitalar e professores veterinários para o atendimento das espécies na disciplina de animais silvestres, onde os alunos também têm a oportunidade de aprender ainda mais, através do contato direto com os bichos. Além das aulas práticas, os educadores e voluntários do curso, atendem em horários paralelos para alcance da demanda. A sede do projeto conta com um ambiente amplo, contendo centro cirúrgico, área de diagnóstico por imagem (ultrassom e raio X) e um laboratório de análises clínicas, possibilitando o atendimento desde casos simples aos mais complexos.

 

 

Já a PMA, é responsável pelo resgate desses animais. Quando moradores da região ligam para a central de atendimento da Polícia Militar Ambiental avisando que estão feridos, uma equipe se desloca ao local, onde são capturados e levados até a sede do projeto.

Depois de receberem todos os procedimentos veterinários, e se tiverem avaliação positiva para voltar a viver na natureza, a guarnição também é encarregada pela soltura desses bichos. Caso necessário, essas espécies são destinadas para criadouros habilitados e legalizados, zoológicos ou até mesmo para o centro de triagem de animais silvestres de Florianópolis, que é do Instituto de Meio Ambiente do Estado (IMA).

 

 

Segundo o professor Júlio, coordenador do SAAS e responsável técnico da área de animais silvestres do hospital-escola, o período entre o resgate do animal até sua possível soltura, depende de cada situação. Existem casos de filhotes de bugio que estão internados a cerca de 4 meses por conta de graves fraturas e lacerações, o que também faz esse tempo de internação variar bastante.

“Temos casos de bichos que chegam para atendimento e já são soltos no dia subsequente. Assim como temos casos de animais que já estão a quase um ano com a gente, porque o Projeto Bugios de Indaial está lotado e também não consigo soltá-los agora por conta da febre amarela, que a gente acredita que terá mais um ciclo” conta o professor.

Além dos educadores e alunos de uma das disciplinas do curso de medicina veterinária, o projeto também conta com a participação de uma equipe de 20 alunos voluntários que se revezam no manejo desses bichos. O que é muito positivo para o SAAS, que hoje conta com mais de 20 animais internados e necessitando de cuidados específicos. Fora os voluntários, o professor Júlio também conta com a ajuda de alguns técnicos de manejo de animais e outros professores que auxiliam nos atendimentos.

 

 

O hospital também conta com a assistência de profissionais que fazem alguns serviços voluntários específicos. As egressas, Carolina Sasse e Aline Tamye, são um exemplo disso. Elas auxiliam em atendimentos que necessitam de terapias alternativas, como a acupuntura veterinária e a laserterapia. A maioria dos casos que chegam até o Serviço de Atendimento de Animais Silvestres, são devido a ataques por animais domésticos, atropelamentos e choques elétricos. Já se tratando de aves, o principal motivo dos atendimentos, é a colisão desses pássaros em vidraças de apartamentos e estruturas comerciais. Em todos os casos, os maiores problemas são traumas, fraturas e lacerações.

 

 

Falando em aves, elas ocupam o 2º lugar no ranking dos animais mais atendidos lá, representando 47% do casos, sendo corujas, aracuãs e jacus as mais comuns. Ficando na frente dos répteis, que equivalem a 2%, em sua maioria lagartos e atrás dos mamíferos que correspondem a 51% das ocorrências que chegam para avaliações e procedimentos. Dentre esses mamíferos, a maior parte é representada por bugios, roedores como as cotias e gambás. De outubro de 2019 a agosto deste ano, o SAAS recebeu cerca de 150 animais no total. “A população hj parece estar bem mais sensibilizada e procurando ajuda para os bichos. Então parte da demanda eu acredito que seja porque as pessoas cada vez mais buscam o auxílio para os animais” relata o coordenador do projeto.

O intuito do projeto é cuidar e preservar a vida desses animais para que tenham o “final feliz” que merecem, mas nem sempre é assim. Mesmo com todos os cuidados necessários, amor, carinho e dedicação que esses profissionais, alunos e voluntários dão a esse bichos, cerca de 60% deles vão a óbito ou se vê necessária a realização de eutanásia por conta do estado de gravidade que chegam até a sede.

É importante lembrar que o projeto atende apenas animais deixados pela Polícia Militar Ambiental (PMA). Por isso a orientação é que se a população ver algum animal silvestre que precise de cuidados médicos, o ideal é ligar imediatamente para a central de atendimento da PMA pelos telefone (47) 3378-8477 ou 3378-8480.

A maioria das ocorrências são atendidas em Blumenau, com maior frequência na região norte, em bairros como Itoupava Central, Itoupavazinha, Vila Itoupava, etc. Mas a Secretaria Ambiental trabalha com todo os 18 municípios do Médio Vale do Itajaí.

 

 

SAAS: O CUPIDO DOS PRIMATAS

O mundo animal é algo incrível, curioso e cheio de surpresas. Dentre tantas histórias marcantes e interessantes que já aconteceram durante esse tempo de projeto, Júlio nos contou duas. Ambas de casais de macacos, formados pelo SAAS. Segundo o professor, os bugios são espécies muito sociáveis e, ao uni-los, é visível a melhora tanto no comportamento quanto na condição de bem estar desses animais.

A primeira história é a do macaco Maringá que chegou até eles após ser atropelado em Indaial. Acontecimento esse que “talvez tenha salvado a vida dele, porque se tivesse ficado solto, poderia ter morrido de febre amarela” conta o professor. Após esse acontecimento, o hospital-escola recebeu uma fêmea, e depois de tomados os cuidados necessários, decidiram juntar os dois. Ambos não tinham condições de ser soltos, então foram transferidos para o Projeto Bugio, que fica na cidade, onde vivem juntos até hoje.

A segunda história de amor, é a do bugio Pompom, que teve sua cauda amputada. Após um ano do acontecido, Lulu, uma bugio fêmea, chegou ao campus 5 da FURB e foi apresentada ao Pompom. Eles estão juntos desde o início de outubro e segundo o que conta o professor, estão se dando super bem.

Será que logo logo essas famílias crescem?