Os planos para o turismo de Blumenau até 2016

Foto: Luciano Bernz

Foto: Luciano Bernz

Entrevista e texto final: Claus Jensen | Fotos: Luciano Bernz

Muito se fala e se discute sobre o turismo em Blumenau. Para conhecer o que está sendo planejado nessa área, entrevistamos quem melhor pode falar sobre o assunto: o Secretário de Turismo e Presidente do Parque Vila Germânica, Ricardo Stodieck.

OBlumenauense: Faltando um ano e quatro meses para terminar a atual administração municipal, quais são os projetos voltados ao turismo de uma forma geral?

Ricardo Stodieck: O tripé do nosso turismo é: promoção, planejamento e infra-estrutura. Na promoção nós mudamos o foco, já que há décadas estávamos surfando na onda da Oktoberfest, que em número de dias, corresponde aproximadamente a um pouco mais de 5% do calendário anual. Nos outros 95% tínhamos problemas. A agenda da equipe da Secretaria de Turismo, era voltada cerca de 80% do tempo para a Oktoberfest e 20% para o resto do calendário.

Inverter esses valores, foi um desafio que eu propus ao Napoleão. Por essas e outras situações, nós acabávamos tendo problemas em vender Blumenau. Hoje invertemos essa situação, e 70% dos nossos esforços é voltada ao resto do ano, enquanto 30% é destinado à Oktoberfest.

Festival da Cerveja (11/3/2015)

Investimos muito na parte de eventos, como o Festival Brasileiro da Cerveja, onde mais que dobramos o tamanho. Investimos na Sommerfest durante dois anos, até acertar um modelo que pudesse trazer atividade econômica e aumentar a taxa de ocupação na hospedagem, aproveitando o excedente do litoral. Pela primeira vez a Flytour vendeu pacotes de turismo para a Sommerfest e o Natal, que está mais profissional e corresponde a 12% do calendário anual. Tem agência de turismo fazendo pacotes turísticos com nosso calendário. Trabalhamos com vantur de agências de turismo, para assistir os desfiles de nossos natais. Assim no ano que vem, iremos aumentar o movimento de turistas que irão gerar mais hospedagem durante o Natal.

Desfile Natal 6-12-14 (19)

Também incentivamos outros eventos ligados à gastronomia, como por exemplo o Food Truck. Na questão de infraestrutura, nós trabalhamos no novo pavilhão, que era o Biergarten. Em 2013, cancelamos a licitação do ano anterior, e em vez da prefeitura pagar a lona como sempre fazia, colocamos como encargo da cervejaria oficial. Nós também tínhamos que aumentar o espaço do Natal e da Sommerfest. Assim ampliamos o uso do Biergarten, que só era utilizado durante a Oktoberfest.

Isso deu tão certo, que agora é como se fizesse parte do corpo e já não dava mais para separar. A partir daí, nós sentimos necessidade de construir uma estrutura definitiva. Então nós alteramos a licitação, ampliando de 2 para 6 anos do fornecedor de bebidas, e fomos premiados com a vitória da Eisenbahn. A construção está pronta e será inaugurada no dia 2 de Setembro. Esse pavilhão não foi construído com o objetivo de ser um centro de convenções, mas ele abriga também.

Setor4 17-8-15 (32)

O espaço já está sendo vendido para eventos, o que gera uma renda adicional. Já temos alguns fechados para 2017. Ele também tem uma função social muito grande, porque iremos promover vários eventos gratuitos. A inspiração vem da época que era presidente do Teatro Carlos Gomes, quando eu sugeri comprar a área da antiga oficina da Casa Royal, para usar com uma grande área de eventos públicos. Não deu certo pelo teatro, mas aqui o pavilhão vai ter uma vocação também para eventos comunitários, uma determinação do prefeito Napoleão Bernardes.

Aqui as contas dos eventos tem que se pagar, mas deve sobrar para viabilizar eventos gratuitos à comunidade. Nós já destinamos para 2016 vários finais de semana ao Pró-Família, Assessoria de Assuntos para a Juventude e Fundação Cultural de Blumenau. A ideia é oferecer o espaço para ser usado pelos nossos artistas e grupos.

 

Foto: Ark Arquitetura, divulgação
Foto: Ark Arquitetura, divulgação

OBlumenauense: E o Centro de Convenções, como anda?

Ricardo Stodieck: Nós licitamos na infraestrutura o projeto arquitetônico executivo do Centro de Convenções e agora estamos licitando os complementares. É um investimento de R$ 12 milhões entre obras e equipamentos, como móveis, mobílias e paredes removíveis que são suspensas. Estamos tentando os recursos junto ao governo do estado, que se liberar, poderemos começar e terminar a obra em 2016.

Tem também a infraestrutura da sinalização turística, que são mais de R$ 200 mil em investimentos. Estamos trabalhando nela de forma regional, porque tem várias cidades do Vale do Itajaí com deficiência nesse sentido, inclusive Blumenau.

OBlumenauense: Tem alguma previsão para instalar essa sinalização turística?

Ricardo Stodieck: O contrato já está assinado através da Caixa Econômica com a empresa contratada, fruto de uma emenda do orçamento da União, que veio pelo ex-Deputado Federal João Pizzolatti (PP). Nós já pagamos a contrapartida com as primeiras placas, agora falta o governo federal pagar a sua parte.

 

Parque-Ramiro-Galegao-Vila-Germanica

OBlumenauense: Tem algum projeto urbanístico para a área do entorno no Parque Vila Germânica?

Com o prolongamento da Rua Humberto de Campos vão ter algumas alterações. Existe o projeto de reurbanização da Rua Alberto Stein, que deve estar pronto até o primeiro semestre do ano que vem. Tem um anteprojeto sendo revisto, para estar alinhado com o corredor da Rua Humberto de Campos. Isso está com o secretário de obras Paulo França. Ele é inspirado no projeto do Distrito Turístico da Vila Germânica que a Furb apresentou no ano passado.

OBlumenauense: Existe também um projeto de turismo voltado para Vila Itoupava. Como é que vai funcionar?

Ricardo Stodieck: Esse é o terceiro tripé: planejamento. Nós já fizemos a primeira etapa do planejamento do distrito turístico da Vila Itoupava, para identificar as áreas que mais crescem e levam mais infraestrutura de turismo. Deve estar pronto no mais tardar no primeiro semestre de 2016, o estudo do distrito Turístico da Vila Itoupava, que vai preparar o local para o turismo. Uma das ideias é transferir o Museu da Cerveja do centro para o espaço da antiga cervejaria Feldmann. Será chamado o Centro Cultural da Vila Itoupava. Isso vai trazer um movimento natural para aquela região, como também movimento para o Museu dos Clubes de Caça e Tiro, que infelizmente tem pouca visitação. Queremos implantar ações para aumentar a permanência do turista na cidade.

Há décadas se fala da importância da Nova Rússia, mas o que se fez para levar realmente infraestrutura para lá? É uma área mais sensível e nós já encaminhamos projetos viabilizados pelo deputado federal Décio Nery de Lima, como um mirante, mobiliário urbano e sinalização nova. Estamos em discussão também para fazer um receptivo do lado do ETA III, com estacionamento e uma base para receber guias, fazendo um turismo responsável e sustentável para a região.

No planejamento, o mais importante é o Plano Municipal de Turismo. Já foram mais de 19 reuniões que envolvem a discussão de todo planejamento turístico de Blumenau. Esse é o nosso mais importante projeto da secretaria de turismo. Ele deve estar pronto em novembro para ser enviado à câmara de vereadores. Uma vez aprovado, vira política pública, independente de qual prefeito esteja no poder. Turista acima de tudo é geração de riquezas e emprego, com perspectivas de futuro para Blumenau e o blumenauense.

OBlumenauense: O que falta para terminar o Plano Municipal de Turismo?

Ricardo Stodieck: Muitos itens, afinal ele entra na questão da infraestrutura, trata da formação da mão de obra, planejamento turístico como um todo e eventuais problemas que a gente possa vir a ter. Ele vai criar uma cidade comprometida e voltada para o turismo. São vários temas, inclusive a ocupação e exploração do rio como lazer. É importante lembrar, que o turista só vai usar esses equipamentos, se for também bom para o blumenauense. Não é um trabalho simples e está sendo acompanhado pelo Senac, em que a prefeitura está investindo R$ 110 mil, vindos do superávit da Oktoberfest. Ainda falta criar toda uma metodologia e conduzir as reuniões até o trabalho final.

 

5 Encontro Nautico Jet Blumenau 7-3-15 (40)
5º Encontro Náutico Jet Clube Blumenau (7/3/2015)

OBlumenauense: Como é esse projeto de aproveitamento do Rio?

Ricardo Stodieck: Um deles é a criação de infraestrutura para o usuário do rio. Existem centenas de embarcações de blumenauenses que estão no Litoral, parados a maior parte do ano. Por isso pensamos em dotar Blumenau com uma marina que pode ser pública ou privada. Temos uma região que é federal, próxima ao novo complexo prisional, onde pretendemos solicitar a doação do governo.

No mês retrasado eu desci o Rio Itajaí-Açú pela primeira vez. É muito bacana. Nós vamos achar uma forma de contratar os pontos de visitação para quem tem um jet ski, lancha, barco ou voadeiras de casco de alumínio, independente do tamanho com pontos de parada . Não adianta só ter um na região da Thapyoca e Clube Náutico América. Temos que ter a possibilidade de atracar no Moinho, visitar o Museu Fritz Müller e até os sócios do Bela Vista Country Club poderiam ter um trapiche.

Outro local é a região do IPT da Furb, onde tinha o Porto do Richard Paul. Nós temos que ter lugares para chegar de barco. As dificuldades de navegação começam acima da Ponte Irineu Bornhausen (Itoupava Norte), já que ali tem muita pedra. O Trem chegava até essa estação onde ficava esse antigo porto com as mercadorias, de onde elas eram transportadas pelo rio até Itajaí. Tanto que as oficinas para manutenção das máquinas estavam localizadas lá, de onde as mercadorias eram levadas para as barcaças, que desciam o rio. Quando a estrada de ferro foi instalada até o Litoral, aí perdeu o sentido do porto do Richard Paul.

Antes foram citados dois deputados federais que colaboraram em diferentes momentos e questões. Como tem sido a atuação dos políticos para ajudar nas questões ligadas ao turismo em Blumenau?
Os dois deputados federais (Décio Lima e João Pizzolatti) fizeram emendas interessantes para projetos importantes sempre que solicitamos. Já os estaduais, são defesas pontuais com o governo do estado. Os federais são os que tem mais orçamentos disponíveis na União.

 

Restaurante Thapyoca 6-4-15 (5)

OBlumenauense: Quanto à Thapyoca, ela tem atendido à expectativa?

Ricardo Stodieck: Totalmente. Ela tem tido bom movimento e atende desde quem trabalha ou está no Centro e almoça por lá, e claro, o turista. No final de semana está sempre cheio, sendo uma opção de lazer do blumenauense e do turista. Nós fizemos um modelo diferenciado de edital, com a secretaria de administração e planejamento, e tivemos a sorte de ter o empreendedor. Por exemplo, o número de visitantes do museu da Cerveja aumentou por causa da Thapyoca, que hoje tem em média, cerca de 3 mil visitas mensais.

OBlumenauense: O número de visitantes da Vila Germânica também aumentou, correto?

Ricardo Stodieck: Em relação ao ano passado, o aumento foi de 50% . Aí tem duas questões: a promoção através da divulgação e a qualidade dos serviços de quem opera aqui. Outro detalhe que chamou nossa atenção, é o maior número de brasileiros viajando pelo país, já que a alta dólar fez com que muitas pessoas desistissem de viajar para o exterior.