Nanopartículas de óxido de ferro ajudam a combater câncer de mama

Estudo da Fiocruz Minas apresenta avanço em terapias de imuno-oncologia.

Foto: Fiocruz Minas

Pesquisadores da Fiocruz Minas têm focado em tratamentos que estimulam o sistema imunológico a combater o câncer e, recentemente, demonstraram a possibilidade de interromper o crescimento de tumores malignos de mama. A estratégia utilizada envolve a reprogramação de macrófagos, células de defesa do organismo, por meio de nanopartículas de óxido de ferro. Os resultados foram publicados no International Journal of Pharmaceutics.

O estudo mostrou que é possível transformar macrófagos M2, geralmente associados a maior permissividade tumoral, em macrófagos M1, mais eficazes em limitar a progressão do tumor. As nanopartículas de óxido de ferro, biocompatíveis e de baixo custo, foram produzidas nos laboratórios da Fiocruz Minas em parceria com o Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco.

Os pesquisadores realizaram três experimentos: in vitro em duas dimensões (2D), in vivo com camundongos de laboratório, e in vitro em três dimensões (3D). Nos dois primeiros, constataram que as células tumorais morriam após a introdução das nanopartículas. No experimento com camundongos, a massa tumoral reduziu em quase 50% nos animais tratados com nanopartículas.

No terceiro experimento, um modelo tridimensional multicelular simulou o microambiente tumoral e confirmou os resultados anteriores. A pós-doutoranda Camila Sales Nascimento, que liderou o projeto, passou um período na Universidade do Porto, em Portugal, para realizar essa fase do estudo.

Carlos Eduardo Calzavara, líder do grupo de Imunologia Celular e Molecular e coordenador do projeto, destaca que o estudo é um ponto de partida e novas pesquisas são necessárias para avaliar questões como efeitos fisiológicos, mecanismos de ação, efeitos colaterais, tempo de absorção do fármaco e biodistribuição no organismo. Entretanto, a prova de conceito já foi estabelecida.

O sucesso do projeto deve-se ao esforço da pós-doutoranda, que, durante quatro anos, se debruçou sobre o tema. Mas também de um trabalho coletivo, incluindo a colaboração de muitas pessoas da Fiocruz e outras instituições, como o Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco, o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto e diversos membros do grupo de pesquisa e áreas da instituição.