Ministério Público denuncia três homens pela morte da menina Ana Beatriz, em Rio do Sul

 

 

 

 

O Ministério Público de Santa Catarina, por meio da 3ª Promotoria de Justiça de Rio do Sul, denunciou no dia 30 de abril, três homens pelo desaparecimento e morte de Ana Beatriz Schelter, de 12 anos. A denúncia recebida pelo juiz titular na terça-feira (5/05/20) transformou os suspeitos em acusados.

Ana saiu de sua casa no bairro Canta Galo, no início da tarde do dia 2 de março de 2016. Como de costume, foi caminhando até a escola em que estudava, que fica no mesmo bairro, mas nunca chegou ao seu destino.

Seu corpo foi encontrado na manhã do dia seguinte dentro de um contêiner de uma empresa de banheiros químicos localizada às margens da BR-470, no bairro Barra da Itoupava, na cidade de Rio do Sul. Ela tinha sinais de violência sexual e estava com uma corda ao redor do pescoço, simulando um suicídio, fato que depois foi descartado.

De acordo com as investigações, Ana pegou carona com um conhecido dela e da família, que estava acompanhado de um amigo, por volta das 13h. De lá, eles teriam ido para um local que não se conseguiu apurar, onde ela teria sido violentada sexualmente a vítima e causando graves lesões corporais.

Em seguida, por volta das 14h30, ambos teriam asfixiado a menor por esganadura. Ela foi deixada dentro do contêiner e pendurada em uma corda para simular suicídio por enforcamento. Essa parte do crime, teria a participação de um terceiro, que trabalhava na empresa onde estava o contêiner. Segundo as investigações, foi ele que acionou a Polícia Militar.

O motorista do carro, que deu a carona para Ana, trabalhava numa empresa que fica ao lado da casa da vítima e frequentava a mesma igreja dos seus pais. Os outros são amigos dele, sem nenhuma relação com a vítima ou sua família.

A denúncia do Ministério Público foi baseada nas provas colhidas no Inquérito Policial instaurado pela Delegacia de Investigação Criminal (DIC) de Rio do Sul e no Procedimento de Investigação Criminal (PIC) instaurado pela 3ª Promotoria de Justiça da cidade. O GAECO de Blumenau assumiu as investigações em novembro de 2019, quando o caso ainda se encontrava sem solução.

Na época, a chamada de “Operação Fênix”, cumpriu mandados de busca e apreensão, além de prender temporariamente dois suspeitos. O mandado de prisão do terceiro denunciado, que já estava preso por outros crimes, foi cumprido em abril de 2020.

Agora terá início a instrução criminal, com a produção de provas em juízo e a apresentação de alegações pelo Ministério Público e pela defesa dos acusados, para, ao final da primeira etapa do processo, ser proferida decisão judicial determinando se os acusados serão ou não submetidos a julgamento pelo Tribunal do Júri.

O motorista do carro está preso cautelarmente desde 11 de fevereiro desse ano. O amigo que estava de carona, embora já estivesse preso por causa de outros delitos, foi acusado de participar desse triste crime. Já o que trabalhava na empresa onde ela foi encontrada, chegou a ser preso temporariamente, mas responde o processo em liberdade.

Se condenados, cada um pode pegar uma pena de até 60 anos, mas no Brasil, a máxima cumprida é a metade. Já o outro homem, se condenado, deve pegar no máximo 4 anos.

“Os fatos apurados na investigação e comprovados no desenrolar da Operação Fênix chamaram a atenção pela crueldade e frieza dos executores dos bárbaros crimes, em especial do motorista, pessoa que de forma dissimulada ganhou a confiança dos pais da vítima Ana Beatriz para, com isso, violentá-la e matá-la, com a ajuda de seu comparsa. Agiram motivados pelo sentimento de menosprezo e discriminação à condição de mulher, tratando-se, infelizmente, de mais um caso de Feminicídio, que ganha contornos ainda mais desumanos por se tratar de uma vítima que contava apenas com 12 anos de idade”, comentou a Promotora de Justiça Débora Pereira Nicolazzi, que também atuou na investigação e subscreveu a denúncia.

O Promotor de Justiça Carlos Eduardo Cunha, Coordenador do GAECO de Blumenau, disse que esse um dos casos mais difíceis já investigados pelo GAECO, sobretudo em razão do tempo decorrido entre o fato e o início dos trabalhos. “Graças ao esforço e dedicação exemplares de todos os policiais integrantes da equipe e o auxílio de outros órgãos como o IGP, a Polícia Civil e a Polícia Militar, conseguimos elucidar a autoria desses bárbaros crimes que chocaram todos nós, dando uma resposta para a sociedade e amenizando, ainda que um pouco, o sofrimento e a angústia dos familiares de Ana Beatriz”.

O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO) é uma força-tarefa composta pelo Ministério Público de Santa Catarina, Polícias Militar, Civil, Rodoviária Federal e Secretaria Estadual da Fazenda, que atua no combate às organizações criminosas.