Histórias de Natal: As noites do dia 24 de Dezembro na nossa infância

 

 

 

Por Claus Jensen

Nós só descobrimos o valor da infância depois que ela passou em nossas vidas. As datas especiais como Natal e Páscoa, representam muito mais do que os presentes e chocolates, mas uma nova oportunidade da família estar unida.

 

 

O criador do personagem Vovô Chopão é natural de Rio do Sul (SC), mas há décadas mora em Blumenau. Foi lá que o publicitário e cartunista Luiz Cé passou os melhores natais da sua vida, que para ele foram na infância.

Por isso a década de 1950, foi tão marcante e até hoje essa memória está muito viva, cheia de lembranças e saudades. “É quando acreditamos que o bom velhinho vem. Minha infância na casa dos meus avós era bem simples, mas recheada de momentos com muito amor e união. Na sala, o pinheirinho natural era enfeitado com bolinhas de vidro, algodão e velinhas, sempre acesas na noite do dia 24 de dezembro”, disse Cé.

Ele lembra que por mais humilde que a família fosse, eles sempre tinham docinhos pintados e aquela galinha recheada na Ceia do jantar. Os presentes eram desde bolas, bonecas ou um carrinho que faziam a alegria da criançada.

 

 

Patrícia Lueders, ao lado do filho e do marido.

 

A segunda história é de Patrícia Lueders, de 38 anos, secretária de educação Municipal de Blumenau. A família Lueders mora há décadas no bairro Itoupava Norte, duas ruas até levam o sobrenome, como a Gustavo e a Arno Lueders. Mas também tem parentes na Rua Nei Cláudio Simas, todas próximas.

O Natal da família já começava em 6 de dezembro, Dia de São Nicolau, quando tios, primos e irmãos se reuniam na casa da matriarca, a avó de Patrícia. Depois que os avós faleceram, essa reunião é feita em diferentes residências dos familiares. Na data, Papai Noel já está lá e ouve com atenção como foi o ano de cada um, quem se comportou na escola, tirou boas notas e passou de ano direto.

 

 

Mas a imagem desse bom Velhinho é bem diferente da que estamos acostumados. Ele está debaixo de um capuz vermelho com grandes círculos que definem seus olhos e boca. Pode até ser assustador. Depois todos revelam o presente que gostariam de ganhar. Em seguida é feito o sorteio do amigo invisível e são retirados os papéis com os nomes.

A Ceia também já é assunto de pauta, porque cada irmão ou filho, se compromete com um prato e bebida. Assim fica bem mais democrático para todos. A mãe da secretária, Alvira Lueders, tem 59 anos, e o pai faleceu há três.

Na noite de Véspera de Natal, primeiro é feita a revelação do amigo secreto, depois a ceia e quando chega próximo da meia-noite é a chegada do Papai Noel. Em seguida todos fazem a oração, depois são entregues os presentes e por fim a família canta Noite Feliz.

 

 

“O Papai Noel da nossa família é muito feio, em vez de uma máscara, ele usa um capuz. É uma tradição tão antiga que ninguém quer trocar essas vestimentas. Eu acreditei nele até os 12 anos, e meu filho de 10, ainda acredita fielmente, preservando esse espírito, magia e fantasia que envolvem essa data”, lembra Patrícia.

Essa união da família é algo que ela mais destaca, seja na Páscoa ou em qualquer outra data especial. “São 38 anos que no Natal o mais importante não é o presente, mas o fato de renovar a vida e celebrar a saúde. Nossa família é muito simples, na infância nunca tivemos o que queríamos. Essa união que conseguimos é que mais desejo passar para o meu filho”, destaca.

Falando em filho, Patrícia soube que estava grávida de Ryan pouco antes do Natal. Por isso também foi o que mais marcou sua vida. Ainda mais porque foi o primeiro neto tanto por parte dos pais dela quanto dos sogros.