Equipe do CEPREAD inova no simulado com o abrigo para animais em casos de catástrofes naturais

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No simulado de deslizamento que a Defesa Civil fez no último sábado (4), na Rua Araranguá, um detalhe chamou a atenção em especial. Foi o trabalho da equipe do CEPREAD – Centro de Prevenção e Recuperação de Animais Domésticos em Blumenau, que oferecia atendimento aos animais que moram junto com as famílias.

O espaço foi criado para ficar junto aos abrigos, com o objetivo de acolhê-los, evitando que se perdessem ou ferissem, durante a ocorrência de uma catástrofe. A iniciativa é considerada inédita em Santa Catarina e chegou a despertar o interesse de vários municípios, que entraram em contato com o CEPREAD, buscando maiores informações. Luciano Bernz conversou sobre o assunto, com o Diretor de Bem Estar Animal, Eliomar Russi.

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OBlumenauense: Em um caso real, as pessoas tem que levar o animal até o abrigo ou uma equipe que faz o trabalho vai buscá-lo?

Eliomar Russi: O objetivo é atuar em todas as situações, tanto para os animais que são levados até o abrigo pelos seus donos, como fazer o resgate deles. Nós precisamos estar preparados, porque atuaremos em um momento de extrema dificuldade. Ainda é um projeto embrionário, e por conta do simulado, nós pudemos constatar algumas situações e com isso aprimorar na prática essa ação pioneira em todo estado, segundo o Diretor de Desastres naturais de Santa Catarina.  Nós estávamos simulando hipóteses para salvar animais durante calamidades e tragédias.

Sabemos que Blumenau sofre muito com fenômenos naturais que trazem riscos à comunidade, como deslizamentos ou enchentes. Pelo menos a cada três anos, a cidade enfrenta algum desses problemas. E se eles trazem riscos para a comunidade, trazem riscos também aos animais. Com esse simulado, Blumenau mais uma vez sai na frente, já que além da Defesa Civil trabalhar a questão humanitária, tem um órgão zelando pelo bem estar dos animais nestas situações.

Isto trará um pouco mais de tranquilidade para as famílias atingidas por desastres naturais. Já tivemos muitos casos de pessoas que não queriam deixar suas residências, por amor aos seus animais. Eles não tinham como levá-los junto, mas também não queriam abandoná-los. Por isso é tão importante oferecer esse conforto adicional para que as famílias não corram riscos e seus animais estejam seguros.

OBlumenauense: Como será o atendimento aos animais nessa estrutura montada para eles?

Eliomar Russi: Eles são cadastrados, oferecendo um ambiente limpo e saudável, preparado também para receber animais doentes. Por isso teremos uma estrutura de campanha para que possamos dar o melhor atendimento à eles. Se ele estiver machucado, doente ou faminto, será bem abrigado e condicionado. A logística é muito semelhante ao que acontece com os seres humanos e toda problemática que envolve esse tipo de situação. Os animais sofrem da mesma forma, tem os mesmos sentimentos que nós.

OBlumenauense: Um abrigo, em média, teria capacidade para quantos animais?

Eliomar Russi: Como o projeto é embrionário, nós não estudamos todas as formas e quantidades de animais por abrigo. Por uma questão de deslocamento, eu acho muito importante descentralizar o atendimento por macro regiões. Em enchentes ou deslizamentos, muitas ruas com grande circulação, acabam ficando interditadas, o que limita a capacidade de locomoção pela cidade. Por isso defendo a ideia de montar abrigos em várias áreas da cidade, facilitando o deslocamento. Eles seriam estruturados conforme a demanda. Centralizar as ações em um único abrigo, traria uma dificuldade muito grande.

O caminho é esse: estudarmos a melhor forma e abrir essa discussão com a sociedade. A participação da comunidade no simulado de sábado, foi fantástica, ao nos trazerem seus animais. Ainda temos muito a aprender, para que possamos elaborar juntos a melhor proposta de trabalho. Como ela é inédita, pelo menos em Santa Catarina, estamos criando uma metodologia que poderá servir de referência para outros municípios. Se todos tivermos essa preocupação, poderemos salvar muitos animais nesses momentos difíceis, como são os desastres naturais.

OBlumenauense: Nesse simulado, qual foi a maior dificuldade encontrada?

Eliomar Russi: Com certeza é o local do abrigo. No sábado, por exemplo, nos deparamos com vários serviços sendo prestados ao menos tempo. A dificuldade maior naquele momento era achar o lugar ideal, que facilitasse acesso das pessoas até nós. Nem sempre elas saberão que o Bem Estar Animal está no local, mesmo com toda equipe uniformizada de coletes. Por isso é muito importante ser um serviço amplamente divulgado.

Outras simulações deverão ocorrer, para que possamos ter respostas como essas e de forma mais clara. Nosso objetivo é um só: poder chegar até os animais com facilidade e que a comunidade saiba que esse trabalho está acontecendo ali. Precisamos discutir bastante e aprimorar os nossos mecanismos, para que possamos errar o mínimo possível. Queremos levar o maior beneficio a toda à comunidade e evidentemente aos animais, que necessitam do nosso trabalho.

 

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Foto: Luciano Bernz

Em seguida, entrevistamos a médica veterinária Dra. Juliana Schwab, que teve importante participação no simulado.

OBlumenauense: Para você que não tinha experiência em catástrofes, como foi participar deste simulado?

Juliana Schwab: Foi muito bom. Nós levamos toda uma estrutura para o local onde foi feito o simulado pela defesa civil. Com isso podemos ver o que precisa ser aprimorado e como faremos um planejamento numa situação de emergência. Alguns mapeamentos já foram feitos. Mas no geral foi muito interessante.

OBlumenauense: Qual a maior dificuldade que você sentiu se realmente fosse uma situação real?

Juliana Schwab: Os animais abandonados pelos donos, por eles simplesmente não saberem que existe um abrigo tanto para ela, quanto para o seu animal, não necessitando abandoná-lo. Mas isso será divulgado, teremos mais simulados e cursos, para estar sempre aprimorando para enfrentar esse tipo de situação.

Fotos: Jovaldo Silveira

 

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