Acasc explica os diferentes tipos de cervejas e as normas para cada uma

Foto: Daniel Zimmermann
Foto: Daniel Zimmermann

 

O mercado das cervejas especiais no Brasil ampliou as opções do consumidor. Antes acostumado a apenas um modelo da bebida, hoje se depara com outras oportunidades e também com uma nova linguagem. Embora weiss, pale ale e dunkel já tenham se tornado termos utilizados no dia a dia dos brasileiros, algumas dúvidas conceituais sobre este setor ainda permeiam as conversas dos apreciadores. Uma das mais comuns é o que leva uma cerveja a ser considerada comercial, artesanal ou caseira.

O presidente da Associação das Micro Cervejarias Artesanais de Santa Catarina (Acasc), Carlo Lapolli, explica que não existe um conceito definido por um órgão regulamentador, mas, sim práticas que definem em qual faixa se encaixam os rótulos.

Cerveja comercial: preocupação com a escala

A cerveja comercial é fabricada por empresas que priorizam a produção em larga escala. Neste caso, a preocupação com o custo dos ingredientes acaba levando à opção por itens mais baratos e que garantem que o preço que chega ao consumidor seja minimamente afetado. Por isso, o uso de cereais não maltados como milho e arroz é comum.

Lapolli explica que outra característica deste tipo de negócio é a manutenção dos sabores leves e refrescantes, que estimulam o consumo em grandes quantidades.

Cerveja artesanal: foco na qualidade com operação formalizada

Enquanto nas cervejas comerciais o foco do fabricante é na escala, nos rótulos artesanais a grande preocupação é com o produto. A exploração de novos sabores e utilização de ingredientes que, muitas vezes, impactam no valor que chega ao consumidor são práticas destes negócios. “Os cervejeiros artesanais acreditam prioritariamente no sabor”, resume Lapolli.

Para serem consideradas artesanais, as cervejarias precisam ter registro no Ministério da Agricultura para comercialização dos seus produtos. Também incide sobre elas uma alta carga tributária, que é uma das bandeiras da Acasc. “Não estamos nos isentando do pagamento de impostos. Apenas queremos que a faixa em que nos encaixamos seja justa”, defende o presidente da entidade.

Cerveja caseira: hobby que não pode ser comercializado

Só a Associação dos Cervejeiros Artesanais de Santa Catarina (Acerva Catarinense), tem 400 associados – fora todas as pessoas produzem cerveja em casa e não são ligadas à entidade. Das panelas destes apaixonados, saem sabores inusitados e receitas que, muitas vezes, só a liberdade da pequena escala pode trazer.

“O movimento dos cervejeiros caseiros é fundamental para que as microcervejarias se consolidem”, destaca Lapolli. Segundo ele, muitos profissionais que iniciaram a produção em casa acabaram criando negócios e hoje tem a cervejaria como profissão.

No entanto, a produção caseira precisa também seguir algumas normas. A mais expressiva delas é a não comercialização dos rótulos. “A informalidade desta atividade não pode ser confundida com a concorrência desleal. Cervejeiros caseiros não possuem registro no Ministério da Agricultura, tampouco são fiscalizados por órgãos como Vigilância Sanitária ou sofrem tributação. Eles não podem comercializar em hipótese alguma a sua bebida”, diz Lapolli.

Sobre a Acasc

Fundada há dois anos para representar as cervejarias artesanais catarinenses, a Associação das Micro Cervejarias de Santa Catarna (Acasc) é uma entidade privada sem fins lucrativos que reúne produtores de cerveja e fornecedores do negócio. São 24 associadas de 17 diferentes cidades do estado.

Outra luta da associação é a redução da carga tributária, em especial o ICMS. No entendimento da entidade, ele deve ser equiparado ao vinho artesanal que atualmente já possui um tratamento diferenciado em Santa Catarina.

Por Marina Melz