Por Albio Fabian Melchioretto
Ao entrar no grande galpão é fácil ouvir o grito de crianças. Entre uma voz e outra existe algumas orientações de como fazer, mas sempre precedida de uma risada bem divertida, o apito e lá vai o chute. Este expediente repete-se inúmeras vezes. Afinal são mais de 160 crianças atendidas no Planet Ball, com uma história de mais de duas décadas na cidade. São crianças de quatro aos quinze anos num projeto liderado por Ricardo Leonetti, ex-goleiro campeão brasileiro de 1984 pelo Fluminense, com passagens marcantes por clubes da região,Juventus de Jaraguá do Sul; Marcílio Dias e Blumenau, onde encerrou a carreira.
Leonetti parou de jogar em 1996, com 32 anos de idade. Quando lembra dos times do estado o faz com um brilho no olhar e sempre elogiando aqueles que fizeram parte desta história, seja dirigentes ou companheiros de equipe. É uma das características marcantes do professor Leonetti, uma figura simpática, alegre e cativante que conduz a escolinha de futebol Planet Ball.
Há algo na escolinha que vai além das linhas que marcam a quadra de futebol e que vem da história. Ainda quando profissional, os alunos o acompanhava nos jogos do BEC, viam o professor dentro do campo. Este carinho perdura até os dias de hoje. Alguns dos alunos da escolinha são filhos daqueles que o acompanhavam pelo catarinense. Este fato dá a entender que existe um sentimento muito forte no Planet Ball, a ideia de família, de carinho, de acolhimento.
Em todos os treinos é muito fácil encontrar pais e mães que param para assistir a aula enquanto esperam o aluno, mas não é um esperar para ver a hora passar, é o estar junto. Este sentimento também aparece nas aulas dentro das linhas. A prática do futebol é visto com bom humor, com leveza e com a atenção que cada criança merece ao longo do treino. O esporte pensando como educação. Nesta mesma perspectiva Leonetti revela, que a curto prazo pretende desenvolver um trabalho social com crianças.
É interessante pensar que existe algo além do esporte. Não é apenas o futebol que está em questão, é a convivência, o acolhimento e o esporte como uma metáfora para a vida. Uma boa lição para pensar em tempos onde polarizamos opiniões.
* Professor, filósofo e mestre em educação