Vandalismo e destruição terminam com centenas de presos em Brasília

Partidos políticos, entidades, comunidade internacional, entre outros; condenaram o que aconteceu no dia 8 de janeiro de 2023.

Foto: Macelo Camargo [Agência Brasil]

Vândalos vestidos com camisas amarelo verde e usando bandeiras do Brasil, envergonharam qualquer verdadeiro patriota ao destruírem o patrimônio do povo representado nos prédios dos três poderes. Nenhum partido político, autoridade, entidade ou governo internacional reconheceu como manifestações democráticas o que aconteceu na tarde deste domingo (8/01/23).

Imagens compartilhadas com orgulho pelos invasores mostraram centenas de pessoas depredando as dependências externas e internas do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto, sede da Presidência da República, em Brasília. Isso sem contar as agressões a policiais e jornalistas, que realizavam o seu trabalho.

Foram quebrados vidraças e móveis, vandalizadas obras de arte e objetos históricos, invadidos gabinetes de autoridades, rasgados documentos e roubadas armas. O prejuízo ainda não foi calculado e pelo menos 300 pessoas haviam sido presas até o final da noite.

Apesar dos cerca de cem ônibus que chegaram de todo o país neste fim de semana, os poucos policiais que estavam cuidando da segurança foram desproporcionais. A ação era previsível por qualquer pessoa que usa redes sociais como Twitter, porque de vez em quando o assunto estava nos mais publicados. O fato mostrou a fragilidade da segurança no Centro do poder Nacional onde está o comando de todas as forças e a inteligência capaz de identificar ameaças.

Alex Rodrigues/Agência Brasil

Os responsáveis pela destruição estão sendo identificados por imagens de câmeras de segurança dos prédios e drones da Polícia Federal que sobrevoaram a Esplanada dos Ministérios durante os ataques à democracia. Também estão sendo coletados vestígios de DNA em itens pessoais deixados para trás, superfícies e armas improvisadas usadas pelos invasores. As autoridades prometem prisões e ressarcimento financeiro do que foi depredado.

Entre as primeiras providências do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi decretar intervenção federal no Distrito Federal até o dia 31 de janeiro.  O atual secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, foi nomeado como interventor com o objetivo é “pôr termo ao grave comprometimento da ordem pública”.

Muitos desses vândalos estavam acampados na frente de batalhões e quartéis do exército. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou a desocupação, em 24 horas, desses acampamentos em qualquer unidade militar. O trabalho deverá ser realizado pelas Polícias Militares dos Estados e DF, com apoio da Força Nacional e Polícia Federal se necessário.

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro publicou em seu Twitter: “Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra”.

O presidente do Partido Liberal, Waldemar Costa Neto, pelo qual Bolsonaro concorreu e principal oposição ao atual governo, divulgou um vídeo em que chamou o movimento como “vergonha” e diz não representar o PL e nem o ex-presidente: “Hoje é um dia triste para a nação brasileira. Não podemos concordar com a depredação do congresso nacional. Todas as manifestações ordeiras são legítimas. A desordem nunca fez parte dos princípios da nossa nação”.

Em uma nota conjunta, os presidentes dos cinco principais tribunais do país – STF, Tribunal Superior Eleitoral, Superior Tribunal de Justiça, Tribunal Superior do Trabalho e Superior Tribunal Militar – manifestaram “indignação ante os graves acontecimentos ocorridos neste domingo”.

“Ao tempo em que expressam solidariedade às autoridades legitimamente constituídas, e que são alvo dessa absurda agressão, reiteram à Nação brasileira o compromisso de que o Poder Judiciário seguirá firme em seu papel de garantir os direitos fundamentais e o Estado Democrático de Direito, assegurando o império da lei e a responsabilização integral dos que contra ele atentem”, diz a nota.

Líderes de diversos países condenaram a invasão das sedes dos Três Poderes em postagens nas redes sociais, além de manifestarem solidariedade e oferecerem apoio ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. A não aceitação do resultado das urnas está no Centro de tudo que aconteceu em Brasília.

“A vontade do povo brasileiro e as instituições democráticas devem ser respeitadas! O presidente Lula pode contar com o apoio incondicional da França”, escreveu, na rede social Twitter, o primeiro-ministro francês, Emmanuel Macron.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também condenou os ataques. “Condeno o ataque à democracia e à transferência pacífica do poder no Brasil. As instituições democráticas do Brasil têm todo o nosso apoio e a vontade do povo brasileiro não deve ser prejudicada. Estou ansioso para continuar a trabalhar com @LulaOficial”, escreveu no Twitter.

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, também se pronunciou. “Todo meu apoio ao presidente Lula e às instituições eleitas livre e democraticamente pelo povo brasileiro. Condenamos veementemente o assalto ao Congresso brasileiro e pedimos o retorno imediato à normalidade democrática”, postou.

Em nota, a Organização das Nações Unidas (ONU) também condenou os ataques em Brasília e manifestou preocupação diante do ocorrido. “A ONU condena veementemente qualquer ataque dessa natureza, que representa uma séria ameaça às instituições democráticas. A ONU pede às autoridades que priorizem o restabelecimento da ordem e que defendam a democracia e o Estado de direito”, diz o texto.

Com informações da Agência Brasil