Uma coletiva de imprensa com tom de desabafo

Foto: Jaime Batista da Silva | Blog do Jaime
Foto: Jaime Batista da Silva | Blog do Jaime

 

Cobertura: Marlise Cardoso Jensen | Texto final: Claus Jensen

Na tarde desta segunda-feira (13/3/17), o diretor presidente da Blumeterra, Giovani Busnardo, convocou uma coletiva de imprensa para dar uma versão da empresa sobre o fim do contrato da coleta do lixo. Participaram do evento o diretor operacional, Daniel Baldacin, além do advogado Alexandre Magno da Cruz. Gravamos o vídeo com boa parte do conteúdo, mas iremos adiantar alguns pontos, já que tem mais de 30 minutos.

Busnardo iniciou a reunião informando um pequeno histórico da relação entre o SAMAE e a Blumeterra, que presta o serviço de coleta de lixo há 13 anos para o município. Em maio de 2016 acabou o contrato com a empresa, quando o Samae deveria iniciar o processo de uma nova licitação. Fatores como a geografia e o clima em Blumenau, acabaram deixando a sua confecção muito complexa. Segundo Busnardo, para não deixar a população na mão, foi redigido um contrato emergencial que vinha valendo até então, mas sempre estava sendo questionado o definitivo. A empresa alega que não era mais possível manter o serviço pelo valor atual.

 

Foto: Marlise Cardoso Jensen

 

Em dezembro o ministério público teria entrado com um pedido para que o edital para contratação do serviço de coleta de lixo fosse publicado, o que aconteceu. Giovani disse que neste edital estaria escrito que a Blumeterra, depois de prestar o serviço por 13 anos, não tinha capacidade técnica para fazê-lo. Não só ela, mas boa parte das empresas catarinenses encontravam-se nesse perfil.

Entre os ítens citados, são a higienização dos contêineres da coleta seletiva, equipamento que poucas empresas teriam, normalmente as que vendem esse tipo de produto. Outros aspectos são operacionais. Por exemplo, para fazer as coletas em morros, são utilizadas as camionetes, chegando onde o caminhão que pesa de 10 a 15 toneladas não acessa. No edital, pede para serem colocados contêineres nesses locais, mas que serão levados por caminhões basculantes. “Se você tem dificuldade de acesso, como esse caminhão vai chegar lá? Depois da coleta, é para passar outro caminhão maior ainda, que faz a lavagem desses contêineres” questiona Busnardo.

 

Foto: Jaime Batista da Silva | Blog do Jaime

 

Outro detalhe é ter um índice mínimo de coleta seletiva para participar do edital. Hoje a empresa faz esse serviço para diversas empresas e indústrias no município. No caso do edital, a empresa vencedora teria que prestar esse serviço para cerca de 170 mil habitantes, o que hoje eles não atendem, e os incapacita tecnicamente. Segundo Busnardo, há uns dois anos atrás o SAMAE quis fazer um teste, e durante três meses foi utilizado um caminhão compactador, com ótimos resultados. O trabalho não teria sido cobrado do município.

O diretor presidente também disse que os índices de reclamação – 20 a 25 por mês – estão entre os menores até hoje. Tomando como base uma população de 330 mil habitantes, realmente é pequeno, mesmo assim, algumas reclamações ainda seriam em relação a coleta seletiva, um serviço, que pelo contrato, não seria obrigação da Blumeterra prestar.

Em março, o SAMAE pediu à Blumeterra renovar o contrato emergencial novamente, mas a empresa informou que juridicamente e principalmente financeiramente, não seria viável pelo valor pago. A autarquia abriu então um novo processo licitatório para esse tipo de contrato, e não teria consultado a Blumeterra para passar uma nova cotação.

O valor da nova empresa aprovada no contrato, Sanepav, seria muito maior do que pago à Blumeterra e a licitação que aconteceria nesta terça-feira (14) foi suspensa novamente, para que o texto fosse novamente revisado. Busnardo disse que o edital já vem sendo cancelado há 5 anos, e novamente aconteceu.

Giovani ressaltou que irão realizar a coleta do lixo até o dia 15 de março, conforme prevê o contrato. Mas ele lembra que já há caminhões da Sanepav em Blumenau, com espaço para ficarem, que estaria sendo cedido pelo município. Busnardo também comentou que funcionários da URB, máquinas e equipamentos poderiam ser cedidos para realizar a coleta até que a equipe definitiva da nova estivesse completa. “Quem é que vai pagar isso? Eles já estão ganhando uma tarifa maior, e ainda serão cedidas uma série de coisas?” questiona.

A maior preocupação da Blumeterra, que tem cerca de 110 funcionários, é como remanejá-los. Busnardo acredita que uma parte da mão de obra pode sofrerá demissões sem o contrato com o SAMAE. Na entrevista em vídeo você encontra outras informações.