Entrevista: Marlise Cardoso Jensen | Fotos: Betina Wehmuth (tartarugas) e Nikolas Jensen (público)
Uma concentração de banhistas, famílias, profissionais da vida animal; chamou a atenção de quem passava em frente da ilha de pedras no final da praia de Gravatá, em Navegantes. No centro das atenções, três pequenas tartarugas voltavam ao seu lar, o Mar. Elas vieram de Florianópolis em um trajeto cercadas de cuidados extras, protegidas por colchões, para evitar o impacto do peso da carapaça sobre o corpo.
No início do mês de dezembro de 2015, elas e outras oito foram encontradas em redes de pesca ilegais (tipo feiticeira), lutando pela vida no mesmo local. Resgatadas do mar por um guarda-vidas, apenas 3 sobreviveram após receberem massagem cardíaca de ressuscitação.
Os animais foram encaminhados pelo Projeto de Monitoramento das Praias da Univali ao Projeto Tamar em Florianópolis, onde receberam tratamento para uma doença de pele causada por um tipo de vírus atinge animais que vivem em áreas consideradas poluídas.
Foram necessárias cirurgias para retirada das lesões de pele e tratamento com medicação a base de antibióticos, além de broncodilatadores para recuperação dos pulmões, afetados pelo afogamento na rede. Observe leitor por quanto esses animais passaram por causa dessa redes.
Todas as tartarugas resgatadas em Navegantes eram juvenis e não tinham chegado à idade reprodutiva. Quando adultas, as tartarugas-verdes podem chegar a 1,5 metro de comprimento.
Marcos Mueller, Fiscal Ambiental do Município de Navegantes, estava satisfeito porque pela primeira vez as tartarugas presas na rede são resgatadas com vida. “No dia 2 de dezembro, nós recebemos a denúncia de redes ilegais na praia, as feiticeiras, muito comuns no Litoral catarinense. Nós chegamos ao local e constatamos três delas com várias tartarugas grudadas. Foram acionados o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, que com a ajuda do guarda vidas civil e militar, nadaram até lá, cortaram as redes e trouxeram para serem encaminhadas ao Projeto Tamar, onde ficaram cerca de 33 dias em tratamento por biólogos, veterinários e todos especialistas na área. Todas foram soltas saudáveis nesta quinta-feira. Infelizmente das 11 tartarugas, apenas estas três sobreviveram das redes de pesca. Essa foi a primeira vez que conseguimos tirá-las com vida da água, porque geralmente o pescador já corta a rede e ela vem parar morta na praia”, fala feliz pelo resultado.