Sábado tem Missa Campal e grupo de apoio para recém-habilitados com medo de dirigir

Artigo de * Márcia Pontes

Neste sábado (12/02/16), será marcado por dois eventos voltados para pedir mais respeito à vida, mais solidariedade, por mais segurança e por um trânsito humano. Em um lado da cidade teremos a primeira reunião do ano do Grupo de Apoio a Recém-Habilitados e à Pessoas com Medo de Dirigir para evitar acidentes por imperícia, no Parque Ramiro Ruediger, às 19h.

Do outro lado da cidade, no mesmo horário, será celebrada a Missa de 1 ano da morte do motociclista Fernando Tesch, morto no trânsito aos 36 anos por um motorista bêbado, na rua Bahia. A missa está sendo organizada pela esposa, filho, familiares e amigos de Fernando, às 19h, na Igreja São Francisco de Assis, no bairro Fortaleza.

Recém-habilitados e pessoas com medo de dirigir, independente de terem se envolvido ou não acidentes de trânsito, estão convidadas para o encontro do grupo de apoio no Ramiro Ruediger. A iniciativa é da coordenação do Movimento Internacional Maio Amarelo em todo mo estado, que pelo terceiro ano consecutivo tem à frente a educadora e especialista em trânsito, Márcia Pontes.

 

Missa Campal pede por mais segurança no trânsito

No dia 12 de fevereiro de 2015 o motociclista Fernando Tesch, de 36 anos, trafegava com sua esposa pela Rua Bahia quando, na altura do número 2.700, um motorista de 19 anos que havia bebido (0,27 m1/1 no bafômetro) colidiu com eles com seu Peugeot 207. Combinação velocidade + álcool.

O impacto da batida foi tão forte que Fernando Tesch, então com 36 anos, não resistiu aos ferimentos e teve parada cardíaca irreversível logo após ter recebido os primeiros socorros e faleceu no local. A esposa, Shirlei Tesch, ficou gravemente ferida. Ela tenta tocar a vida em gente com o único filho do casal, Gerson, ainda criança.

Um ano após a morte, a esposa, filho, parentes e amigos farão uma missa campal ao mesmo tempo em que pedem por mais segurança no trânsito por parte das autoridades e da população para que outras famílias não tenham que passar pela dor irreparável da perda da vida em acidentes e tragédias que poderiam ser evitadas.

Fernando Tesch
Fernando Tesch

Texto escrito por Shirlei C. Tesch

“Um ano desde que perdi você”

Foi um ano que você partiu, mas em meu coração é como se tivesse sido ontem. As feridas de sua perda ainda me ardem muito, como se estivessem em carne viva. Não parece haver um remédio, um antídoto que me consiga consolar verdadeiramente. Nem o tempo, que afirma curar tudo, tem servido para conseguir seguir em frente.

Ainda há uma revolta silenciosa em mim, um sentimento de justiça de quem foi profundamente lesado, de quem foi roubado, sem ter a oportunidade de se defender. A morte é o maior de nossos inimigos e nunca podemos prever sua chegada. Por onde ela passa, as flores murcham, o céu escurece e a esperança se corrói.

Só restam em mim lindas memórias de você. E esse no mundo real não posso encontrar mais, é nas suas recordações que continuamos escrevendo e matando saudades. Por tudo o que significa pra mim, Você me faz falta, hoje e sempre.

Jamais eu te esquecerei.

 

 

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Grupo de apoio tenta resgatar recém-habilitados e pessoas com medo de dirigir para evitar acidentes por imperícia

Como se não bastasse os acidentes que tem por causa a combinação perigosa de excesso de velocidade e o álcool, a imperícia é outro fator que dispara em Blumenau. Motoristas recém-habilitados, sem perícia, sem condições técnicas e emocionais de dirigir, estão no trânsito, expondo-se a si próprios e aos outros a acidentes. Muitos deles são incentivados por pessoas da própria família a irem “aprender no trânsito”, a “meterem as caras” no trânsito seja porque um dia aprenderam desse jeito, seja porque têm a carteira nacional de habilitação.

Só que o processo de formação de condutores no Brasil não forma, apenas instrui superficialmente para passar na prova. Os condutores recém-habilitados não têm condições de dirigir com segurança e autonomia, não sabem tomar decisões no trânsito, não conhecem e tampouco dominam todos os comandos de um veículo. É onde os acidentes por imperícia disparam em Blumenau.

Neste ano de 2016 uma das principais ações do Movimento Internacional Maio Amarelo (dentre outras ao longo de todo o ano) está voltada para a prevenção de acidentes com motoristas recém-habilitados e pessoas com medo de dirigir que vão para o trânsito e acabam concorrendo para que estes acidentes sejam provocados. O objetivo é resgatar e orientar esses condutores recém-formados ou habilitados que não dirigem, que se envolveram ou não em acidentes, para que façam o enfrentamento responsável do medo de dirigir. O projeto é inédito em Santa Catarina e contará com o apoio de estagiários e formandos dos cursos de Psicologia das universidades locais para o atendimento psicológico gratuito às vítimas do medo de dirigir e de acidentes de trânsito.

No Ramiro Ruediger o encontro oferecerá acolhimento emocional, serão feitas dinâmicas de grupo, atividades de dessensibilização sistemática para o enfrentamento responsável do medo e de outras dificuldades para dirigir, além de orientação para que não se exponham a si próprios e aos outros a riscos desnecessários no trânsito. Serão sorteados livros de autoria da especialista em trânsito, Márcia Pontes, no segmento de formação de condutores e atendimento a pessoas com medo de dirigir para evitar acidentes.

 

  • Márcia Pontes tem Graduação em Segurança no Trânsito, é Especialista em Planejamento e Gestão de Trânsito, Coordenadora Estadual do Movimento Internacional Maio Amarelo e Observadora Certificada do Observatório Nacional de Segurança Viária.