Relatório mostra realidade do estudante com surdez na FURB

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Conhecer a trajetória escolar do estudante com surdez na educação básica e seus reflexos na vida acadêmica na Universidade Regional de Blumenau (FURB). Este foi o objetivo geral do Estágio Supervisionado de Serviço Social, feito pela acadêmica do curso de Serviço Social, Gorete Aparecida Coelho de Ávila, junto à Coordenadoria de Assuntos Estudantis (CAE).

Com o título Saberes e Práticas da Inclusão do Estudante com Surdez na Universidade, o trabalho representou uma oportunidade de conhecer a realidade do estudante com surdez e contribuir para a construção de propostas voltadas ao acesso e permanência deste público na Universidade. A apresentação do relatório ocorreu na noite desta terça-feira (1/07), no Auditório da Biblioteca, e contou com a presença do reitor João Natel e de representantes da Associação de Surdos de Blumenau (ASBLU) e da Associação Blumenauense dos Amigos dos Deficientes Auditivos (ABADA).

O trabalho

Para conhecer melhor estes estudantes e suas trajetórias educacionais, a acadêmica entrevistou, com a mediação dos intérpretes de Libras que integram o quadro de profissionais da Universidade, cinco estudantes com surdez da FURB: três mulheres e dois homens. A proposta foi analisar as possibilidades e os desafios do processo de inclusão na educação básica e na Universidade.

A pesquisa permitiu identificar que a educação básica não estava organizada para receber o estudante com surdez e 40% dos entrevistados chegou à FURB sem fluência na Língua Brasileira de Sinais e na Língua Portuguesa na modalidade escrita. A convivência com outros sujeitos surdos contribui para a apropriação da identidade e da cultura surda e a discussão coletiva estimula o ingresso, a permanência e/ou o retorno à Universidade.

O projeto de intervenção possui relevância para a profissão de Serviço Social, para os sujeitos da pesquisa, para a comunidade surda e para CAE/FURB, pois, por meio deste estudo, é possível contribuir para a proposição de projetos de divulgação dos direitos das pessoas com surdez, da cultura surda, de intervenção no contexto da defesa destes direitos e de aproximação Universidade/comunidade.

O trabalho apontou ações já desenvolvidas pela FURB como, por exemplo, a elaboração e envio de documento, a partir do início deste ano, aos docentes com objetivo de facilitar a ambientação do professor no universo do estudante com deficiência. Também foi destacado o Programa de Inclusão e Permanência Acadêmica-PIPA, organizado pela CAE e Pró-reitoria de Ensino de Graduação, Ensino Médio e Profissionalizante, que prevê, entre outros, a oferta do Atendimento Educacional Especializado (AEE) a estudantes. As ações da Universidade estão focadas na qualificação de seu quadro dos profissionais (técnicos e docentes), adequação dos espaços físicos, mobiliário, informação e comunicação.

Além disso, há um grupo na FURB elaborando a proposta de uma Política de Inclusão. O trabalho deve ser concluído neste mês.

No entanto, se reconhece a necessidade de implementação de outras ações para efetivamente promover uma cultura e espaços inclusivos.

Propostas

Como resultado deste trabalho, a acadêmica sugere que as capacitações aos docentes, ofertadas na Universidade, se ampliem em todos os cursos e por toda a instituição. Também apresenta como proposta a obrigatoriedade da oferta da disciplina de Libras em todos os cursos.

Percebeu-se através das entrevistas que a grande maioria dos estudantes com surdez encontra dificuldades no acesso aos serviços institucionais sem a presença dos intérpretes de Libras. Para minimizar estas dificuldades seria importante que as informações institucionais fossem disponibilizadas em Libras, vídeos que podem ser produzidos pela Universidade e incorporados ao site da Biblioteca Universitária.

A partir de agora, todas sugestões apresentadas pela acadêmica serão analisadas pela equipe gestora.

via FURB | Texto: Giovana Pietrzacka