Por Prof. Dermes
Infelizmente, poucos estudantes são leitores autônomos e, ao longo de alguns anos de estudo, você já deve ter produzido algum texto sobre as causas desse fenômeno, bem como de suas consequências. Tenha sempre em mente que nenhum dos livros da lista do vestibular foi produzido para torturá-lo. Antes de mais nada, ler é uma fruição, isto é, um exercício prazeroso, e pode ser feito, inclusive, em momentos de lazer, na praia, na poltrona, na cama, no ônibus etc. (sem causar dores na coluna e nos braços, por favor!). Como estudante, porém, além do prazer do texto, será preciso analisar uma série de requisitos que, a essa altura, lhe são familiares (linguagem, estilo do autor, contexto histórico etc.).
Mas, e quando o candidato (ainda) não sente prazer pela leitura? Em primeiro lugar, tem de se conscientizar da urgência em ler os livros selecionados pelas bancas examinadoras e solicitar ao professor que estabeleça um roteiro de leitura, o qual não corresponda necessariamente à cronologia dos períodos literários, mas se aproxime da experiência do leitor adolescente. Por exemplo, é muito mais fácil para o vestibulando começar a estudar crônica do que romance. Ou então, por mais absurdo que pareça, ler primeiro “Memórias póstumas de Brás Cubas” do que “Memórias sentimentais de João Miramar”.
Em tempo: ler e escrever são experiências complementares, porém distintas. O fato de alguém ler muito não significa que tenha necessariamente “facilidade” em escrever.
Leitura de enunciados e organização das respostas
Já percebeu que numa aula ou correção de exercícios, os professores costumam gastar mais tempo explicando o enunciado de uma questão do que a resposta propriamente dita? Lembra-se de quando era garotinho (a) e, num problema de Matemática, mesmo conhecendo todas as “continhas”, você errava porque dividia amigos por chocolate, e não chocolate por amigos? Observou com atenção a extensão dos enunciados de questões dissertativas e mesmo de múltipla escolha?
Pois é, ler de forma atenta o enunciado, dividi-lo em partes para entender realmente o que se pede é de fundamental importância para a elaboração correta da resposta. Na verdade, trata-se de um exercício de leitura como outro qualquer. Entretanto, movido pela pressa ou ansiedade, o candidato comete erros óbvios, os quais, aliás, o deixam mais indignado do que nunca (Pô, professor, errar de bobeira é fogo. Se ainda fosse um erro grave…). Esteja atento (a) e rascunhe o caderno de questões à vontade.
Em sala de aula ou no estudo em grupo, peça ao professor/monitor que esmiúce a questão. Assim, você terá mais segurança para interpretar as perguntas de uma prova. Em vestibulares bem estruturados, as questões são realmente complexas, o que não significa que sejam necessariamente difíceis. Ou, pior ainda, um enigma proposto por uma esfinge (Decifra-me ou devoro-te!).
A resposta às questões dissertativas é uma pequena redação. Portanto,
a) use para rascunho o espaço em branco disponível;
b) leia atentamente as questões;
c) reflita sobre as respostas;
d) esquematize as respostas;
e) redija o rascunho/refaça o texto;
f) passe a limpo.
Ademir Barbosa Júnior (Prof. Dermes) é professor de Literatura, Redação e Interpretação de Textos. É Mestre em Literatura Brasileira pela USP, onde também se graduou em Letras.
Desde 1991 leciona do Fundamental à Pós-graduação e compõe bancas de diversos processos seletivos, tendo passado pela Fuvest, pelo ENEM, dentre outros. Autor com mais de 70 livros e 38 revistas especializadas publicados no Brasil e em Portugal e com traduções para diversos idiomas, é apaixonado pelo que faz.
Contatos: ademirbarbosajunior@yahoo.com.br