Problemas e cuidados com a saúde dos olhos expostos a telas de smartphones e computadores

Assim como tomar água demais, exagerar na alimentação, no exercício físico, tudo que é em excesso nos prejudica. Sem a dosagem correta, acontece algum tipo de desequilíbrio no corpo. Então o que falar do que é mania agora, como os smartphones e suas redes sociais? Muitas pessoas já reclamam de olho irritado e vermelho. Sou um deles.

Entramos em contato com o oftalmologista Dr. Rafael Allan Oechsler, diretor técnico da Clínica Oftalmocenter. Exposição à telas é apenas um dos assuntos dessa entrevista que trata sobre os cuidados na saúde dos olhos. O médico também comenta sobre o seu trabalho no Hospital Misericórdia, localizado no distrito da Vila Itoupava, onde atende pelo SUS e realiza transplantes de córnea.

 

Rafael-Oeschler

OBlumenauense: Quais os maiores problemas de saúde dos olhos da atualidade, relacionados ao uso de tecnologia, como computadores e principalmente smartphones? 

Dr. Rafael: Olho seco e miopia estão entre os mais frequentes. O uso prolongado de computadores e smartphones pode reduzir temporariamente a lubrificação dos olhos, podendo deixá-los irritados. Isto ocorre principalmente devido ao fato de que quando estamos em frente a estes aparelhos, ficamos tão entretidos que nossa frequência normal de piscar diminui, alterando a distribuição do filme lacrimal na superfície dos olhos e deixando-os mais secos. O ideal é que após um intervalo de tempo de cerca de 45min a 1 hora em frente ao aparelho, faça-se uma pausa, de cerca de 3 a 5 minutos. Se isto não resolver, ou a irritação persistir, um oftalmologista deve ser procurado, para uma avaliação mais completa.

Em relação à miopia, tem-se descoberto em uma série de trabalhos científicos nos últimos anos, que crianças e adolescentes têm uma chance maior de desenvolverem miopia (que causa visão embaçada para longe), se ficarem muitas horas seguidas focando a visão para perto (computadores, smartphones, livros, etc). Portanto estes indivíduos, principalmente em fase de crescimento, devem evitar focar a visão para perto muitas horas seguidas, devendo intercalar atividades de leitura, com atividades ao ar livre, ou que utilizem mais a visão para a distância.

OBlumenauense: Que dicas simples poderiam evitar problemas maiores para preservar a saúde?

Dr. Rafael: Cuidados de higiene, como lavar as mãos com frequência, também ajudam muito a prevenir uma doença muito comum: a conjuntivite. A maioria dos casos é causada por bactérias e vírus, e é muito comum que se adquira esta infecção através do ato de coçar os olhos com as mãos contaminadas (por terem tocado algo que continha estes micróbios. Como eles são invisíveis ao olho nu, uma simples maçaneta pode estar contaminada, e coçar os olhos após tocá-la, pode transmitir a conjuntivite).

Um outro hábito importante é consultar com regularidade um oftalmologista, cerca de 1 vez ao ano, para verificar a saúde ocular e diagnosticar precocemente eventuais problemas oculares. Problemas estes que podem passar desapercebidos, até que já estejam em uma situação avançada, como é o caso do glaucoma, a maior causa de cegueira irreversível no mundo.

OBlumenauense: Quais são as doenças mais tratados em Blumenau?

Dr. Rafael: Problemas de ametropia (grau de óculos), olho seco, catarata, glaucoma e degeneração macular estão entre os mais frequentes.

OBlumenauense: Você é o profissional que implantou as cirurgias de transplante de córneas no Hospital Misericórdia, que atende pelo SUS. Em que casos eles são mais necessários?

Dr. Rafael: O transplante de córnea já vem sendo realizado em Blumenau há cerca de 3 ou 4 décadas. Nós fundamos o serviço de transplante de córnea do Hospital Misericórdia há 3 anos, o qual vem realizando uma boa parte dos transplantes de córnea da região de Blumenau atualmente. Os casos mais comuns necessitando de transplante são doenças do endotélio corneano, que causam um inchaço na córnea e baixa progressiva da visão; e o ceratocone, que causa uma distorção progressiva da curvatura e espessura corneana, causando baixa visão.

Ambas as doenças são revertidas com o transplante de córnea, fazendo com que o indivíduo volte a enxergar. Existem outros tratamentos para estas doenças quando elas são mais leves, sendo o transplante reservado para casos mais graves. O transplante de córnea é uma cirurgia com maior grau de complexidade, principalmente os transplantes lamelares, que estão sendo cada vez mais realizados atualmente, e trocam apenas a parte doente da córnea, não a córnea inteira, sendo este um avanço importante na oftalmologia mundial. Também existe a possibilidade de rejeição da córnea transplantada, fato pelo qual, os pacientes transplantados devem estar bem orientados e são examinados com uma certa frequência, para evitar maiores complicações, e permitir que tenham uma boa visão por bastante tempo.

 

Dr. Rafael Allan Oechsler (CRM-SC 10138 /  RQE 10997)

  • Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC);
  • Residência Médica em Oftalmologia no Hospital Regional de São José (Credenciado pelo MEC e CBO);
  • Título de Especialista em Oftalmologia pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO);
  • Fellowship em Córnea e Doenças Externas no Bascom Palmer Eye Institute, Miami, Flórida – EUA;
  • Especialização em Doenças Externas e Córnea no Hospital de Olhos do Paraná e Universidade Federal do Paraná (UFPR);
  • Pós-graduação nível Doutorado na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP);
  • Recipiente do Troutman Cornea Prize da Sociedade Internacional de Córnea, pelo melhor artigo científico publicado por um jovem cientista na revista americana Cornea no ano de 2013;
  • Área de atuação: Oftalmologia geral, Córnea (clínica e cirúrgica), Cirurgia do Segmento Anterior, Cirurgia de Catarata.
  • Diretor técnico na Clínica Oftalmocenter Blumenau (3326-8597 / 3378-1410).