Presidente do Sindicato dos Hotéis fala sobre fechamento do Grande Hotel e avalia o turismo na cidade

Richard-Steinhausen
Foto: Luciano Bernz

Nossa equipe conversou nesta sexta-feira (28) com o empresário e presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e similares de Blumenau, Richard Steinhausen. Ele falou sobre o fechamento do Grande Hotel e fez uma avaliação do turismo na cidade.

OBlumenauense: O meio hoteleiro se surpreendeu com o fechamento do Grande Hotel Blumenau, ou já era esperado? E a que se atribui esse fechamento?

Richard Steinhausen: Nós ficamos surpresos pela situação que o Grande Hotel passou nos últimos anos, que culminou com o seu fechamento. Não tínhamos informações do montante da dívida do Grande Hotel, isso para nós foi uma surpresa. Fala-se em uma dívida em torno de 20 milhões de reais, isso realmente nos chamou atenção.

Sabíamos que ele já vinha enfrentando dificuldades e agora infelizmente veio a notícia do fechamento. O Grande Hotel Blumenau é histórico, desde a década de 70 quando foi construído. Entendemos que o que houve foi um problema de gestão familiar. Não foi um problema que a rede hoteleira passa, por falta de demanda ou algo assim. O problema já era antigo e de gestão mesmo.

OBlumenauense: Como fica a oferta de leitos na cidade com esse fechamento?

Richard Steinhausen: Os hotéis que hoje já estão na cidade, devem suprir essa falta dos leitos do Grande Hotel. Temos notícias de novos hotéis que abrirão na cidade, um na BR 470 e um na Rua Paulo Zimmermann, no centro. Ainda temos os alguns hotéis próximos a Vila Germânica que já estão ampliando sua capacidade de ocupação.

OBlumenauense: Foi oficializado há poucos dias a construção do centro de convenções em Blumenau. Nossa cidade está preparada para receber grandes eventos periodicamente?

Richard Steinhausen: Veja bem, este Centro de Eventos, não é para grandes eventos. Serão realizados ali eventos de pequeno e médio porte, ou seja, algo em torno de 1.400 pessoas. Segundo levantamento da Secretaria de Turismo e pesquisas com entidades especializadas, este seria o porte ideal para Blumenau. Um Centro de Convenções de porte médio.

OBlumenauense: O que falta para nosso turismo em Blumenau ser mais competitivo?

Richard Steinhausen: Nós temos um grande nome. Blumenau já é conhecida nacional e internacionalmente. Temos a segunda maior festa alemã do mundo, um Festival Nacional de Cerveja que vem crescendo a cada ano, mostrando para o Brasil a qualidade dos nossos produtos, nesse caso a cerveja artesanal. Temos ainda, fazendo parte de nove municípios o Parque Nacional do Itajaí e também o Parque das Nascentes.

O que falta realmente são os empresários blumenauenses acreditarem de fato no potencial turístico da cidade. Quando se faz uma pesquisa e pergunta-se a qualquer cidadão quem ganha com o turismo na cidade, a primeira resposta é que são somente os hotéis e restaurantes. E isso é um equívoco. São mais de 52 meios da economia que recebem benefícios com um turismo bem feito.

OBlumenauense: O nosso ecoturismo melhor explorado, ajudaria a rede hoteleira da cidade?

Richard Steinhausen: Com certeza. Para se ter uma ideia, temos aqui no hotel um senhor de 76 anos, que todo dia sai com a bicicleta que nós emprestamos. Ele já visitou Pomerode e o Morro do Spitzkopf sozinho. É algo que na Europa, por exemplo, já faz isso a mais de 30 anos.

Ele vem pra cá e fica abismado que nós ainda não temos o hábito de explorar esse setor do turismo. Falta é uma ação por parte do poder público, sinalizando os locais e dando condições de recebermos o turista e o blumenauense entender que o turismo é benéfico para a cidade e para o estado.

OBlumenauense: Quais as principais reivindicações que o segmento hoteleiro tem feito ao poder público? O que foi realizado e o que falta fazer?

Richard Steinhausen: Uma das grandes reivindicações que agora vai sair do papel é o Centro de Eventos, que é prioridade para a Secretaria de Turismo. Esperamos que em pouco tempo teremos o centro captando eventos para a cidade, pois vai proporcionar uma taxa de ocupação maior para rede hoteleira e consequentemente trazendo movimentação para outros setores da economia.

Outra reivindicação do sindicato, é mais sinalização nas entradas da cidade, nos trevos e a iluminação destes. Exemplos são as rodovias SC-412, BR-470 e SC-108. Para nós blumenauenses em dias de chuva e a noite, já temos dificuldade de entrar na cidade, imagine um turista que não conhece a região. Isso já foi solicitado ao município e segundo informações do secretário de planejamento, teremos nos próximos meses 90 placas indicativas sendo instaladas nas entradas da cidade.

OBlumenauense: Muitos turistas que vem para o nosso litoral, acabam conhecendo o Vale do Itajaí. Eventos como o Réveillon e a Sommerfest tem ajudado o setor hoteleiro?

Richard Steinhausen: Tem ajudado e muito. Um exemplo disso é o Magia de Natal que nos últimos anos tem crescido muito. Só que mais uma vez, quem tem que acreditar nesse potencial é o blumenauense. O lojista que ganha com essa movimentação, é a rede hoteleira e os restaurantes, fazendo a decoração de natal na sua fachada e pagando pelo menos uma parcela do carnê do CDL, que é de apenas 45 reais. Isso ajudaria que mais locais da cidade recebessem uma decoração natalina, que é um dos eventos.

A Sommerfest também acaba proporcionando a vinda do turista que está no nosso litoral para passar o dia ou até uma noite na cidade. E todos ganham com isso, inclusive postos de combustíveis, já que a pessoa vem e acaba abastecendo seu veículo por aqui. São pequenas ações que fazem com que o turismo na cidade, neste momento de baixa temporada que vai de 20 de dezembro à 10 de janeiro não pare. Este período consideramos baixa temporada porque muitas empresas, escritórios, colégios, universidade e a própria prefeitura param.

Então com esses eventos, Magia de Natal, Réveillon e Sommerfest, estamos criando situações para que turistas e blumenauenses vejam que a cidade não está parada. Com essa decoração natalina que fica até o dia 06 de Janeiro e com preços mais convidativos que o litoral, já que lá se trabalha com preços de alta temporada, os lojistas poderiam fazer ações e promoções com saldos que existem, para também atrair o turista. O sindicato já faz uma campanha há alguns anos, para que haja um rodízio, que eles anunciem para nós quem vai trabalhar no Natal e no ano novo. Blumenau hoje tem três shoppings, então não dá mais pra dizer que a cidade para.

OBlumenauense: O percentual de  blumenauenses na última Oktoberfest foi muito. Esse fato foi sentido pela rede hoteleira, onde teve alguma diminuição na procura?

Richard Steinhausen: Não, pelo contrário. Nós tivemos um aumento da procura por leitos durante a semana. A rede hoteleira entendeu que fazendo campanhas com preços mais baixos, principalmente domingo e segunda à noite, iríamos incrementar o movimento.

Fizemos vendas através dos portais na internet e tivemos um aumento de 2,5% na taxa de ocupação em comparação a Oktorberfest do ano passado. Então, para o setor hoteleiro, essa foi uma das melhores festas. Tivemos poucos dias de chuva, pois ela atrapalha muito, tivemos todos os desfiles, e uma ótima qualidade de turistas. Estamos indo no caminho certo, que é a qualidade do turista na nossa cidade.

OBlumenauense: Richard, em nome do sindicato, gostaríamos que você deixasse uma mensagem de natal para os nossos leitores. 

Richard Steinhausen: Gostaríamos de desejar a todos, boas festas, que 2015 seja repleto de realizações. Muita saúde e sucesso para todos!

Entrevista e transcrição: Luciano Bernz | Edição e pauta: Claus Jensen