Polícia Civil passa os detalhes sobre o desaparecimento da menina de 12 anos em Pomerode (SC)

O professor trabalhava na rede municipal de ensino e a mantinha contato próximo com a aluna desde maio. Ele tinha planos de fugir com ela.

Foto: PRF/SC

Logo depois das 10h desta segunda-feira (28/08/23) foi realizada uma coletiva de imprensa na sede da Delegacia Regional de Blumenau (Rua Humberto de Campos, 242, no bairro Velha). A pauta era o caso da menina de 12 anos que desapareceu na noite de sexta-feira (25) da casa dos pais em Pomerode (SC).

Entre os presentes, estavam a Delegada Regional de Blumenau, Juliana Tridapalli; o Delegado da DIC de Blumenau, Rodrigo Raitz; que trabalhou em parceria com o Delegado de Pomerode; Antônio Godoi, este último responsável pela investigação.

Foto: Marlise Cardoso Jensen [OBlumenauense]
Segundo a Polícia Civil, a menina saiu da casa dos pais por volta das 22h de sexta-feira (25) para encontrar o seu professor de matemática que a esperava no próprio carro. Os dois tinham combinado isso anteriormente e ambos foram até a casa dele.

O pai chegou a ligar para o professor na manhã de sábado (26) com o objetivo buscar algum paradeiro, mas ele negou saber de algo. O professor também tinha compartilhado o desaparecimento da aluna em suas redes sociais.

A ação da Polícia Civil começou no mesmo dia do desaparecimento. Os agentes foram até a casa do professor no período da tarde, onde foram recebidas por ele, que permitiu a entrada, mas não havia sinal da menina. Os policiais buscaram informações com o homem e desconfiaram da extrema “boa vontade em ajudar” no caso. A intuição policial dizia que havia algo de errado.

O próximo passo foi conseguir um cão de faro e a equipe foi até a casa dos pais da menina para pegar uma roupa. Por volta das 7h de domingo, os policiais voltaram à casa do suspeito com um mandado de busca e apreensão, mas aparentemente não havia ninguém em casa.

A equipe arrombou porta e o cachorro, pelo odor, apontou para cima da cama, onde foi encontrado uma mochila contendo roupas femininas, depois reconhecidas pelo pai como da filha. Também havia um aparelho celular que estava quebrado.

Foto: Polícia Civil

Os policiais descobriram que o suspeito tinha saído com o carro dele por volta das 5h30 deste domingo (27) e repassaram o modelo e a placa para a Polícia Rodoviária Federal (PRF). O veículo foi interceptado na BR-101, em Joinville (SC).

O motorista foi abordado junto com o apoio da Guarda Municipal. O homem de 55 anos, natural do Rio de Janeiro, acabou revelando que a menina estava na sua casa em Pomerode, debaixo da cama, em um espaço especialmente preparado entre o colchão e o chão. A Polícia Civil foi avisada em seguida e conseguiu localizá-la. Para alívio de todos os envolvidos, a menina foi encontrada e levada de volta à família.

A partir desse momento foram iniciados os interrogatórios para esclarecer os fatos. A Polícia Civil fez questão de ressaltar que iria apenas informar parte do que aconteceu para preservar a menina de 12 anos.

Foto: PRF/SC

O homem de 55 anos é concursado e trabalhava na rede municipal de ensino de Pomerode. Ele está em processo de separação e morava na cidade há 1 ano e nove meses depois de vir de São José dos Pinhais (PR). Ele é formado na Universidade Federal do Rio do Janeiro em engenharia e já atua na vida pública há 26 anos.

Durante as buscas na casa da menina para identificar pistas, o delegado Antônio Godoi, disse que estranhou o fato do caderno de matemática estar guardado no armário, isolado dos outros. A aproximação entre a menina e o professor teria iniciado a partir de maio.

Durante as férias escolares, o celular da menina foi confiscado pelos pais. Mas o homem conseguiu entregar o próprio aparelho para que mantivessem contato através das redes sociais. Segundo a Polícia Civil, a intenção dele era voltar a morar no Paraná com ela, onde tentaria passar em algum concurso em Curitiba.

Como o celular estava na mira das investigações, ele saiu de Pomerode pela BR-470 na manhã de domingo e fez alguma movimentação no aparelho entre Itajaí e Navegantes para despistar quanto a localização. Queria indicar que não estava na cidade onde morava e ela desapareceu.

Ele tinha deixado a menina debaixo da cama, em um lugar especialmente preparado, e levado o celular dele dizendo que retornaria duas horas depois. Ambos concordaram com o plano, e após tentar despistar a polícia, ele jogou o chip fora enquanto transitava pela rodovia.

Depois ele voltou para Pomerode e foi surpreendido pelas viaturas policiais na frente de sua casa. O homem voltou para escapar da polícia e seguiu em direção à BR-101, onde foi preso.

O espaço onde a menina ficou escondida foi preparado em uma cama box, onde uma pessoa poderia se deitar sem perceber. O móvel é fechado com madeira, portanto não é possível visualizar o que tinha debaixo. Questionada, a menina disse que nunca passou frio.

Entre os crimes que o professor terá que responder, estão estupro de vulnerável, cárcere e sequestro para fins libidinosos, além de fraude processual. A unidade prisional onde se encontra no momento não foi informada.

Devido aos fatos revelados, preferimos não mostrar a foto da jovem e nem escrever o nome dela, apesar de ter sido amplamente divulgado pelos outros meios de imprensa. Confira a live na manhã de hoje (28) com todos os detalhes.