Outubro Rosa: conscientização e prevenção no combate ao câncer de mama

Confira o artigo do médico oncologista Cristiano de Assis Pereira Hansen.

A primeira referência ao câncer de mama foi feita em um papiro egípcio de mais de 3700 anos atrás, descoberto no século XIX pelo americano Edwin Smith (figura).

Trecho do papiro egípcio encontrado pelo americano Edwin Smith, em Luxor, Egito

Excluindo-se os tumores de pele, é o tumor maligno mais comum em mulheres, sendo também a principal causa de mortes prematuras por câncer no mundo.

Como mostramos em artigo anterior de OBlumenauense, de março de 2023, entre 2013 e 2022, o câncer de mama representou cerca de metade das mortes por câncer em blumenauenses com menos de 50 anos.

Os fatores de risco mais bem estabelecidos podem ser classificados em modificáveis ou não. Em relação aos últimos, estão: idade (sendo mais comum após a menopausa), história familiar e mutações genéticas, como a mutação no gene BRCA da atriz americana Angelina Jolie.

Dentre os fatores modificáveis, estão: tabagismo, consumo de bebida alcoólica, obesidade, terapia de reposição hormonal, e gravidez após os 30 anos de idade.

Como as mulheres estão deixando para engravidar mais tarde, importante lembrar esse último fato. Um estudo publicado em 2021 demonstrou risco 37% maior de câncer associado à gravidez tardia (após os 30 anos).

A prática de atividade física regular e o consumo de vegetais e frutas tem caráter protetor e são armas fundamentais na prevenção primária da doença. Daí a importância de grupos femininos se mobilizarem, incentivando hábitos de vida saudáveis nas famílias, durante o ano inteiro.

No Brasil, segundo o VIGITEL (programa de monitoramento telefônico de brasileiros residentes nas capitais e Distrito Federal), entre 2006 e 2021, o número de obesos praticamente dobrou no país, sendo maior nas mulheres (gráfico).

A principal arma na detecção precoce desse câncer é ainda a mamografia.

Em relação ao temor de algumas mulheres, quanto à exposição à radiação que o exame potencialmente ocasiona, é importante frisar que essa exposição é limitada e o rastreio baseado em mamografia reduz em 30% as mortes pela doença.

A ultrassonografia mamária acaba sendo também um recurso de rastreio e diagnóstico valioso, sobretudo em mulheres abaixo de 50 anos, sendo cada vez mais incorporada na prática médica.

Clínica de Oncologia Reichow