O Vale sob a ótica do fotógrafo Heinz Schron

O fotógrafo alemão foi responsável por registros culturais e simbólicos que mostraram o início do desenvolvimento no Vale do Itajaí.

Imagem do antigo Porto, onde desembarcavam famílias vindas da Europa. A colônia Blumenau já se beneficiava da estrutura para vender em outras localidades suas mercadorias. Atualmente o local é visto como mais um ponto turístico da cidade, já que a antiga vegetação permanece ao seu redor, transformando-o numa bela paisagem urbana. Fotografia Schron.

No Dia Mundial da Fotografia comemorado, nesta sexta-feira [19 de agosto] não podemos deixar de lembrar o nome de Heinz Schron — fotógrafo alemão, responsável por registros culturais e simbólicos, a partir de 1923, que sinalizaram o início do desenvolvimento no Vale do Itajaí.

O fotógrafo, Heinz Schron, residiu em Blumenau durante: 1923-1935 — depois de 65 anos, a família do ex-fotógrafo enviou todo o material feito quando morava com a família no Vale. De acordo com familiares de Schron, a doação do material foi uma forma de homenagear o município que os acolheu quando a Alemanha estava tomada com sérios problemas do pós-guerra — Autorretrato de Schron.

Relatos históricos…

Em uma matéria editada pela jornalista, Marilene Rodrigues em 2000, para o Jornal de Santa Catarina, sob o título: “O Vale sob a ótica de um alemão” encontrada no arquivo de recortes da Biblioteca Central da Universidade Regional de Blumenau (FURB), constata-se que em novembro de 2000, o Arquivo Histórico José Ferreira da Silva recebeu como doação um acervo fotográfico composto por 150 fotografias em Lâminas de vidro, que mostram o Vale, entre: 1923-1935.

Improviso para a travessia do Rio Itajaí-Açu. Na época que Schron esteve morando na colônia ainda não existia o Vapor Blumenau, que surgiu a partir de 1895, então a necessidade de improvisar o meio de transporte de pessoas, cargas e mercadorias. Fotografia Schron.

Segundo Rodrigues, as imagens foram feitas pelo fotógrafo Heinz Schron, um alemão que residiu em Blumenau durante esse período. O material ainda em perfeito estado de conservação chegou em Blumenau através da embaixada da Alemanha — as fotografias relatam um período de desenvolvimento no Vale do Itajaí.

Schron também fotografou os caboclos que viviam em choupanas feitas de barro e palhas. Eles dividiam territórios com os indígenas e também viviam da caça e da pesca. Os caboclos tiveram um papel importante na adaptação dos imigrantes na região, trabalhando em muitos casos em plantações de propriedade dos imigrantes em troca de salários e um prato de comida. Suas casas eram de chão batido. Eles plantavam somente o estritamente necessário à subsistência, pois na condição de posseiros estavam sempre mudando de local. Fotografia Schron.

A jornalista ainda relata que Schron chegou a registrar cenas características da época até na região do Alto Vale — através das imagens é possível ver emigrantes levantando as primeiras casas, o Centro e o porto, local onde desembarcavam as famílias vindas, principalmente da Alemanha e da Itália, além de imagens de caboclos e de índios.

Todo o Vale do Itajaí era habitado por Kaingáng, Xokleng e Botocudos, que durante anos enfrentaram os avanços dos brancos sobre os seus territórios. A exploração do Vale pelos imigrantes, fez com que os índios fossem se estabelecer em locais mais afastados da colônia de Blumenau e região. Atualmente as populações indígenas dos Xokleng e Kaingáng encontram-se localizadas em reservas no município de Ibirama. Fotografia: Schron.

A matéria conclui mostrando que a exemplo de outros imigrantes que escolheram o Brasil para fugir de uma Alemanha derrotada após a primeira grande guerra mundial, Schron e sua família vieram para cá em busca de uma nova vida, retornando para a Alemanha em 1935 e nunca mais retornaram.

O trabalho com a garimpagem havia se transformado num meio de sobreviver e enriquecer, porém a atividade incluía também alguns cuidados com a própria segurança, devido os locais serem extremamente desabitados. Fotografia Schron.

“O Dia Mundial da Fotografia é celebrado no dia 19 de agosto em virtude da apresentação pública do Daguerreótipo na Academia de Ciências da França, Paris, em 1839.”

O material publicado faz parte da Dissertação de Mestrado, intitulada: Fotografia e Desenvolvimento Regional no Vale do Itajaí de autoria do jornalista e fotógrafo Julio Pollhein.  

Confira a matéria que resgata os registros e a memória de Bernard Scheidemantel. Para acessar, clique aqui.