A embriaguez ao volante continua sendo um grave problema nas rodovias federais catarinenses. A afirmação é do inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Adriano Fiamoncini, ao reforçar que entre 20% e 30% das mortes em acidentes estão relacionados ao consumo de bebidas. “O condutor alcoolizado pode ser tanto quem provocou, quanto quem sofreu o acidente. Às vezes até o pedestre que foi atropelado estava alcoolizado. São números bastante altos. Esperamos que com a conscientização das pessoas venha diminuir nos próximos anos”.
Apesar de a partir de dezembro de 2012 a legislação ter ficado mais rigorosa, estabelecendo tolerância zero para qualquer nível de alcoolemia, os dados da PRF continuam apontando para o crescimento desse tipo de infração. Na avaliação de Fiamoncini, os números são reflexo de uma maior fiscalização nas rodovias federais, além da norma mais rígida. “Isso está ajudando a polícia a coibir a prática de dirigir após a ingestão de bebida alcoólica, por que agora não existe mais tolerância para embriaguez, e a recusa do condutor também é prova contra ele no crime de dirigir embriagado”, reforçou o inspetor.
Atualmente o condutor que ingerir qualquer quantidade de bebida alcoólica e for submetido à fiscalização de trânsito está sujeito à multa de R$ 1.915,40 e a suspensão do direito de dirigir por 12 meses. Em caso de reincidência o valor da multa será dobrado. Se a concentração de álcool no sangue for maior do que 0,34 mg/L, a infração passa a ser crime de trânsito, o condutor é preso e a pena pode variar de seis meses a três anos, além da suspensão do direito de dirigir.
Os dados da PRF apontam um crescimento expressivo no número de multas por embriaguez entre os anos de 2014 e 2015, de 45,46%. Foram 3.040 multas em 2014 e 4.422 multas em 2015. Até 20 de junho deste ano já foram computadas cerca de 1.800 autuações. Na avaliação de Fiamoncini, esses são números preocupantes. “Este ano, ainda temos as festas de outubro onde os índices aumentam. Falta muita conscientização por parte dos motoristas de que bebendo e dirigindo ele coloca em risco não só a sua vida, mas também a vida de outros usuários da rodovia.”
A bebida compromete inúmeras faculdades físicas que interferem na capacidade motora, afetando a percepção de tempo, espaço, distância, profundidade e os reflexos do motorista. Dependendo da pessoa, os sintomas podem variar de uma sensação de sonolência até uma atitude agressiva. Em ambos os casos o resultado é prejudicial ao ato de dirigir.
No ano passado se estima que 135 das 455 mortes registradas nas rodovias federais catarinenses tenham sido causadas por ingestão de bebidas alcoólicas. As principais vítimas continuam sendo jovens do sexo masculino entre 20 e 30 anos. “A polícia não é contra a bebida, mas é preciso ter responsabilidade. Parece que não há diversão sem álcool”, comenta Fiamoncini.
O inspetor reforça a escolha do “amigo da vez”, aquele que não bebe e fica como motorista da turma, além de outras iniciativas como o uso de vans e táxis como alternativas para quem não está apto a conduzir o veículo.
Por Lucio Baggio, AGÊNCIA AL