Negros ocupam apenas 4,7% dos cargos de liderança nas empresas, indica pesquisa

 

Por Tácido Rodrigues

Se no dia a dia o racismo e o preconceito acompanham a população negra no Brasil, no mercado de trabalho isso não é diferente. Nesta segunda-feira (20/11/17), data em que se relembra o Dia da Consciência Negra, uma pesquisa divulgada pelo Instituto Ethos mostra que a questão racial ainda gera desigualdades. Os dados preocupantes indicam, por exemplo, que apenas 6,3% de negros ocupam cargos de gerência. Entre as mulheres, somente 11% delas integram conselhos administrativos, grupos responsáveis por realizar grandes negócios nas empresas.

Na prática, isso significa que há mais negros e mulheres na base do que no topo das estruturas corporativas. De acordo com a jornalista e pesquisadora na área de relações de gênero e raça, Noemia Colonna, o primeiro passo é reconhecer que há racismo enraizado na sociedade, inclusive em processos seletivos de empregos. Segundo ela, é inconcebível que mulheres e negros, maioria em termos de população, ainda sejam alvo de discriminação.

“Não há uma pesquisa clara que houve um racismo ou uma discriminação por gênero durante o processo de seleção. Mas se a população brasileira tem 56% de negros e 52% da população brasileira é feminina, como é que explica essa homogeneização de corpos brancos e masculinos nas esperas de poder no país? Só pode se explicar por duas palavrinhas, preconceito e racismo”.

Os dados do Instituto Ethos demonstram ainda que, nos últimos anos, houve diminuição de negros em cargos de liderança nas empresas. Em 2010, negros eram 31,1% no quadro funcional e 5,3% no quadro executivo. Já no ano passado, nos quadros funcionais, os negros eram 35,7% e no quadro executivo, 4,7%.