Necrópsia encontrou pedaço de rede de pesca no estômago do leão-marinho

O animal de 254 kg foi encontrado morto na terça-feira (2/08) em uma praia de Florianópolis. O exame necroscópico foi realizado no dia seguinte pela equipe da Associação R3 Animal.

Fotos: Nilson Coelho (animal sobre a balança) e Marzia Antonelli (Necrópsia) / R3 Animal

Na quarta-feira (3/08/22), foi realizada a necrópsia do leão-marinho-do-Sul encontrado morto no dia anterior, na Praia do Campeche, em Florianópolis. O exame encontrou um pedaço de rede no estômago do animal que estava em avançado estado de composição.

A informação foi confirmada pelas redes sociais da Associação R3 Animal, que faz parte do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS). “Nenhuma parte pôde ser aproveitada como material para exame para tentar chegar a uma possível causa da morte do animal. A única alteração significativa foi encontrada no trato digestivo, na região de estômago: um grande maço de rede de pesca”, explica o veterinário Sandro Sandri.

Ele complementa que, apesar de não ser possível determinar a causa da morte, a presença do apetrecho de pesca pode levar ao desconforto, dor, diarreia e vomito. Essa situação pode evoluir para um óbito como consequência final, quando há a interrupção do trato gastrointestinal.

Foto: Paula Azevedo Figueiredo / R3 Animal

O macho adulto de leão-marinho-do-Sul (Otaria flavescens) media 2,37 metros de comprimento e pesava 254 quilos. Este é o terceiro animal da espécie encontrado morto este ano nas praias da Ilha de Santa Catarina. Em junho, além de dois mortos, um animal da espécie foi resgatado bastante debilitado na Praia do Campeche, mas morreu no dia seguinte.

Sobre a espécie

Desde 2019, a R3 Animal monitora um grupo de leões-marinhos que utiliza um costão rochoso na Ilha de Santa Catarina como descanso. Entretanto, durante o outono/inverno, animais dessa espécie podem ser avistados em nossa região. Eles saem de colônias reprodutivas no Uruguai e Argentina e chegam em nossas praias em busca de alimento e descanso.

Vivem entre 18 e 20 anos na natureza, as fêmeas podem atingir o tamanho de 2,20 metros e pesar 150 quilos, enquanto os machos, podem medir mais de 2,60 metros e pesar cerca de 350 quilos.

No Rio Grande do Sul existem dois locais onde são encontrados leões-marinhos e lobos-marinhos, que são os Refúgios de Vida Silvestre (REVIS), um situado na cidade de São José do Norte, o REVIS do Molhe Leste, e outro na cidade de Torres, o REVIS da Ilha dos Lobos.

Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS)

A Associação R3 Animal orienta a população para ligar no 0800 642 3341 caso encontrem mamífero, ave ou tartaruga marinha debilitada ou morta na praia. O PMP-BS é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos.

O monitoramento é dividido em 15 trechos entre os municípios de Laguna (SC) e Saquarema (RJ). A R3 Animal executa o Trecho 3, em Florianópolis. O objetivo do projeto é avaliar possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos. As equipes que monitoram as praias prestam atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos encontrados mortos.

Fonte: Associação R3 Animal