Nazismo: novas roupagens de antigas ideologias

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Por Sérgio Campregher | Historiador

Nesse clima de apatia ou ignorância, a ideologia neonazi e o antissemitismo radical parecem novamente botar as manguinhas de fora. Sabemos que não é em Itajaí que surge esta manifestação diabólica. Os livros de S.E. Castan (Editora Revisão) ainda propagam a ideologia nazista em certos sites “formadores de identidade” da Internet.

O retorno do antissemitismo ( como se em algum momento tivesse fim), a banalização do nazismo e a pregação negacionista ousam elevar a voz. Democracia sempre.

A Lei nº 7.716 de 1989 proíbe fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. E qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza: (Lei nº 9.459, de 15/05/97) sob pena de reclusão de dois a cinco anos e multa.

Hitler enfatizou a importância fundamental da “crença religiosa” e do “auto-sacrifício” para o sucesso de qualquer movimento político. Seu livro Mein Kampf é proibido de ser editado na Alemanha, mas pode ser encontrado com facilidade na internet, com traduções em diversos idiomas.

Na obra apresenta suas obsessões racistas, seu desprezo pelo indivíduo, seu gosto pela força bruta, seu desejo de eliminar os judeus, os quais “em virtude de seu universalismo” seriam necessariamente pacifistas e internacionalistas. Acontece que para Hitler “o pacifismo é o pecado mais mortal, pois significa a derrota da raça na luta pela vida”. Hitler também acredita na veracidade de uma célebre contrafação: os Protocolos dos sábios de Sião, livro que sabidamente foram forjados pela polícia secreta russa.

Desse modo Mein Kampf não é apenas um livro do III Reich: é um breviário do ódio, derivado da face sombria do Ocidente.
Em cada ato bárbaro há um elemento humano. E isso, é o que faz com que o ato de barbárie seja tão desumano. Hitler manteve sua influência na atualidade quando do massacre em Columbine, ocorrido em uma data simbólica: 20 de abril de 1999 no Condado de Jefferson, Colorado – Estados Unidos. Influenciou também o massacre na Noruega em 22 de julho de 2011. Os atentados foram perpetrados por um ativista de extrema-direita que escreveu um manifesto de 1500 páginas de cunho xenófobo e neonazista sob influência de Mein Kampf.

A barbárie pode conviver facilmente com a democracia mais desenvolvida, e esta por sua vez de modo algum se preserva na selvageria. O nazismo se alinhou nas falhas da democracia. Lembremos que a Alemanha, foi contemporânea no avanço das liberdades fundamentais, do império da democracia na opinião pública e do reconhecimento das minorias religiosas.

Porém é preciso lembrar que Hitler proveio da Alemanha democrática da década de 1930. Por isso é que Mein Kampf lembra as nações civilizadas que a vitória das idéias democráticas não as preserva dos recuos porque a razão democrática, não é o credo de toda a humanidade.

O mundo livre foi a primeira vítima das idéias nazistas. Paroxismo de ódio antissemita, Mein Kampf também representa a negação da sociedade democrática, das liberdades fundamentais, do iluminismo, do progressismo, da mestiçagem e da igualdade entre os indivíduos.

A identidade dos responsáveis pelos cartazes expostos em Itajaí suscita empenho da polícia. O que temos é o aparecimento de um novo anti-semitismo, de natureza diversa, de raízes esquerdistas e terceiro-mundistas, que retoma as mesmas infâmias, apenas sob novo disfarce.

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Sede distrital do Governo de SC em 1934. Crédito: Arquivo Histórico de Blumenau.
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