Por Claus Jensen | Fotos: divulgação
Mareike Valentin nasceu em 1980 na Alemanha e veio com 6 anos para o Brasil morar em Pomerode. Mas a alemã tem uma mistura que justifica o gosto pela MPB. O pai é paulista e a mãe uma mineira que sempre gostou de tocar, cantar e trabalha com música brasileira em Pomerode.
Desde cedo ela teve aulas de piano, flauta e na adolescência cantava em diversos coros. O primeiro disco foi lançado em 2012: “o Tom!”. Hoje Mareike mora em Blumenau, onde trabalha trabalha em várias atividades ligadas à música.
Neste domingo (19/6/16) Mareike apresenta seu mais recente trabalho, que aborda o dia a dia dos relacionamentos amorosos. Com bom humor e alto astral, o show “Dois” começa às 18h30min, no Auditório Willy Sievert, no Teatro Carlos Gomes.
A má notícia para quem queria assistir, é que todos os ingressos foram vendidos. É o reconhecimento do trabalho desenvolvido com muita dedicação nos últimos anos.
No repertório, canções do letrista, escritor e dramaturgo, Gregory Haertel; em parceria com compositores brasileiros. No show, Mareike estará acompanhada dos músicos Junior Marques (piano), Caio Fernando (baixo), Mayla Valentin (percussão) e Jimmy Allan (baterista convidado).
Nesta semana conversamos com a talentosa alemã sobre música autoral, sua trajetória, expectativas e as dificuldades para viver de sua arte.
OBlumenauense: Tem projeto de CD novo saindo?
Mareike Valentin: Sim, o CD acabou ficou viável porque viabilizamos para que a gravação aconteça aqui na região. Mas, com parcerias de amigos, porque senão o custo de produção acaba ficando bem mais alto. Para arrecadar os recursos desse projeto, iremos usar um site de financiamento coletivo.
OBlumenauense: Assim como o John Muller, você também tem músicas em parceria com o Gregory Haertel . Todas as músicas desse novo CD serão autorais?
Mareike Valentin: No CD são todas com o Gregory, mas das 14 músicas do show “Dois”, apenas uma não tem letra dele. As outras são parcerias do Gregory com outros amigos compositores, como o John Müller, Edu Colvara, Tiago Patersson e Raul Misturada, ambos de São Paulo. Esse CD é totalmente independente, sem selo de gravadora, mas conseguimos uma parceria na distribuição.
OBlumenauense: A ideia é levar o show para outras cidades?
Mareike Valentin: Sim, com certeza, estamos com ele pronto para isso. A ideia é “rodar,” e como estamos com essa campanha de financiamento, quanto mais pudermos mostrar nosso trabalho, tanto melhor. Afinal precisamos conquistar o público para “vender o CD antecipadamente”.
OBlumenauense: Quanto tempo levou para montar esse projeto e compor todas as músicas?
Mareike Valentin: A ideia do projeto surgiu a partir de um repertório que eu já trabalhava e a recepção do público foi muito boa. No Youtube tem uma música que se chama Infame, feita com a parceria do Gregory e Edu Colvara, que fala do relacionamento de um casal. A mulher está com tanta raiva do homem, que faz um tutorial completo de maneiras para torturar o cara [risos].
O público adorou e teve uma repercussão bem legal. Cheguei a conclusão de que temos que ir mais para esse lado, porque as pessoas acabam se identificando. A partir dessa música, acabamos fazendo um show que falasse sobre um relacionamento amoroso. Tem diversas situações, desde o momento em que o casal se conhece, e que acredita que um é a cara do outro, o par perfeito. A partir daí vem a convivência diária, a TPM… e vai deslanchando.
Nós decidimos fazer esse show em fevereiro, quando comecei a pesquisar canções do Gregory e percebi umas quatro que se encaixavam nessa história, mas faltavam as outras dez. Então ele começou a escrever letras específicas para o show e passou para alguns amigos compositores, que fizeram as músicas.
OBlumenauense: Você consegue sobreviver como artista a partir de shows?
Mareike Valentin: Eu vivo da música, mas me divido em várias atividades. Aqui em Blumenau tem meu trabalho como cantora e sou professora de técnica vocal na Escola de Música do Teatro Carlos Gomes. Em Penha, faço a preparação vocal de elenco no Beto Carrero, onde tem um número musical chamado “Sonho de Caubói”, que já está em cartaz há 5 anos. Faço esse trabalho lá desde o início do espetáculo.
OBlumenauense: E o sonho é seguir a carreira, trabalhando só como cantora?
Mareike Valentin: Sim, com certeza. Meu maior objetivo é que o trabalho se pague, porque nós ainda investimos muito para realizar esse sonho. Quero primeiro chegar na situação em que ele [trabalho] gire e pague bem as pessoas que estão envolvidas, como a banda que toca comigo desde que eu comecei a cantar. Já entramos em muitas roubadas, mas também demos grandes passos juntos.
OBlumenauense: Você acha que tem mercado para crescer na carreira musical em Blumenau e Santa Catarina com trabalhos autorais?
Mareike Valentin: Eu acho que tem sim. Sempre acreditei que primeiro devemos estar focamos no local em que estamos. Eu foco muito meu trabalho para Blumenau. Desde que eu lancei meu primeiro disco em 2012 até hoje, meu trabalho já tem uma abrangência maior.
Em Blumenau muitas pessoas sabem o que eu toco e quem sou. A partir daqui, vamos levando para outras cidades, como em 2014, quando fizemos shows em todo estado através do SESC. Temos que batalhar nessa questão da música autoral na nossa região, porque existem grandes talentos aqui, profissionais super competentes, e o público precisa ouvir esses trabalhos. Assim ficamos cada vez mais conhecidos e nosso mercado se torna mais forte.