O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) publicou desta terça-feira (6/02/24), na Revista da Propriedade Industrial (RPI), o registro de reconhecimento da Indicação Geográfica (IG) para a produção de Linguiça Blumenau (carne suína pura e defumada). “O reconhecimento de IG significa que só será considerada Linguiça Blumenau a que for produzida com carne pura suína defumada, seguir as regras do caderno de especificações técnicas, ser num desses 16 municípios contemplados nas regiões do Vale do Itajaí e do Alto Vale do Itajaí, e possuir a autorização da Associação das Indústrias Produtoras de Linguiça Blumenau (ALBLU) para ter o nome Linguiça Blumenau no rótulo”, diz o agrônomo e especialista em IG do Sebrae, que esteve envolvido no processo, Rogério Ern.
A IG abrange 16 municípios catarinenses do Vale do Itajaí (Gaspar, Blumenau, Pomerode, Timbó, Indaial, Rio dos Cedros, Doutor Pedrinho, Benedito Novo, Rodeio) e do Alto Vale do Itajaí (Presidente Getúlio, Ibirama, Rio do Sul, Lontras, Aurora, Agronômica e Laurentino). Desde 2020 a ALBLU vinha requisitando esse reconhecimento, que foi possível através da parceria com o Sebrae.
Em cidades fora dessas contempladas até é possível produzir uma linguiça similar, mas não poderá ter o nome Blumenau no rótulo. Ern explica que o processo é igual ao que ocorreu na França com o champanhe. “Só se pode chamar champanhe os vinhos produzidos, colhidos e elaborados dentro da região demarcada da Champagne, na França. Produtos similares produzidos em outros locais são chamados de espumantes”, conta.
Segundo a documentação apresentada ao INPI, o nome geográfico Blumenau passou a identificar o produto cuja origem e características estavam diretamente relacionadas ao processo de colonização alemã na região, fruto da adaptação de um saber trazido pelos imigrantes, tornando-se autêntico, emblemático e típico da localidade.
A produção desta linguiça defumada abrange o território original do município de Blumenau em 1894, conforme demonstrado na documentação. Originalmente, visava ao autoconsumo, preservando a carne suína produzida pelos colonos. A linguiça, então, se estabeleceu como um produto típico da região e gradativamente passou a ser comercializada, alcançando, inclusive, outros estados.
Além disso, a linguiça oriunda de Blumenau mantém uma uniformidade em sua produção na área delimitada, com base no saber fazer tradicional dos produtores, mas que se modernizou ao longo dos anos, observando as normas sanitárias vigentes. “É bom lembrar também que todas as cidades contempladas faziam parte da região de Blumenau, em 1894, e por isso esse nome, mesmo que não seja produzida atualmente no município. A Olho, que foi pioneira na produção da Linguiça Blumenau na região, atualmente, é de Pomerode. Mas, na época, era Blumenau e existem outros produtores, atualmente, em Blumenau”, explica um dos sócios da Olho Embutidos, Luiz Antonio Bergamo.
Ainda de acordo com a documentação enviada ao INPI, a linguiça de Blumenau é fruto das “representações étnicas, típicas, tradicionais e culturais, ligadas ao consumo e ou à produção da linguiça Blumenau na região, portanto, marcados geograficamente pelas ‘festas étnicas da cultura alemã’, onde a gastronomia típica se manifesta com pratos e receitas com a linguiça Blumenau. Bergamo explica que a receita da linguiça Blumenau chegou na região por meio dos primeiros colonizadores. E a Olho, como pioneira, continua produzindo de forma artesanal, mantendo as características. Atualmente, a Olho tem diversos produtos no seu catálogo, mas a linguiça Blumenau é seu carro-chefe, com mais de 60% da produção. E, segundo estudo do Sebrae, cerca de 80% do que é produzido nessa região contemplada pelo IG é consumido em Santa Catarina.