Por Claus Jensen
Um levantamento realizado pela Escola Superior de Cerveja e Malte, mostra que o número de cervejarias no país aumentou 39,6% em 2016, com 148 novas empresas. Até dezembro, elas produziram 13,8 bilhões de litros de 9.314 rótulos diferentes. Os dados comprovam que o mercado artesanal já representa próximo de 1% do total produzido no Brasil. Então há muito o que crescer e um blumenauense pretende trabalhar para isso.
Tudo começa com uma chapa única que encabeça a Associação Brasileira das Cervejarias Artesanais (Abracerva), com eleições marcadas para o dia 28 de julho em São Paulo (SP), onde está a sede. O blumenauense Carlo Lapolli, encabeça a presidência e deve assumir a entidade no país. Uma das propostas é mudá-la para Brasília, onde está o centro do poder e acontecem as principais decisões que influenciam o mercado.
Experiência no cargo não falta, afinal esteve a frente da Associação das Cervejarias Artesanais de Santa Catarina (Acasc) durante dois mandatos, que terá como novo presidente, Alexandre Mello, da Cervejaria Itajahy. Conversei com o Lapolli na manhã desta segunda-feira (17/7/17), sobre as conquistas e o que pretende trabalhar na Abracerva.
A proposta surgiu durante uma conversa com alguns participantes do conselho atual da Abracerva, quando Lapolli foi convidado para ser o presidente na chapa. Ao todo, são 14 integrantes, inclusive outros catarinenses, o que é muito positivo para o setor no Estado.
Lapolli destacou como principais pontos de sua gestão na Acasc, a ampliação do número de associados, mostrando a importância do associativismo dentro das cervejarias artesanais. Hoje são 30 associados de diferentes cidades do Estado. Outro destaque foi a inclusão da categoria no Simples Nacional e a luta contínua com o governo de SC para ter mais estímulo fiscal, como pelo menos equiparar o mesmo tratamento do ICMS concedido ao vinho artesanal.
A ideia também é divulgar o estilo Catharina Sour, uma ideia que as cervejarias abraçaram. “Em relação ao mercado nacional, pretendemos dar mais representatividade ao setor, não só no âmbito federal, mas também nos estados. Outra proposta é buscar um ambiente de negócios mais saudável para as cervejarias artesanais, combatendo a concorrência desleal das grandes, que utilizam dumping e compra de ponto de vendas,” comenta Lapolli. Para isso a entidade irá trabalhar não só com a conscientização do consumidor, mas dos comerciantes de cerveja, abrindo mais espaço para a artesanal que hoje só tem 1% do mercado.
No último Festival da Cerveja, estados como Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo se destacaram. Para Lapolli, Santa Catarina, pelo seu histórico de imigração européia, tem um mercado consumidor muito maduro, que favorece o surgimento de novas cervejarias. “Mesmo assim, ainda há muito o que conquistar. Sair um pouco do nicho do bebedor artesanal, e popularizar a bebida em todas as camadas sociais, para que qualquer todos possam saboreá-la. Esse é o grande desafio para mim: popularizar a cerveja artesanal. Mas com certeza, Santa Catarina está na frente”, finaliza Lapolli.