Indaial irá testar sistema de tratamento natural de esgoto utilizando plantas

Uma das plantas utilizadas no sistema | Foto: ilustrativa

 

Uma das plantas que pode ser utilizada no método é o alface d’água. Devido a sua grande quantidade de nutrientes orgânicos, pode converter a água em tratamento.

 

No dia 13 de novembro, a Prefeitura de Indaial assinou um convênio com a Universidade do Vale do Itajaí (Univali), para desenvolver um projeto de tratamento de efluentes domésticos por fitorremediação. É o processo que utiliza as plantas como agentes de purificação de ambientes aquáticos ou terrestres, contaminados ou poluídos pelo depósito de substâncias inorgânicas como elementos químicos e dejetos de minério.

 

Foto: Filipe Adriano/ Prefeitura de Indaial

 

O sistema de tratamento natural de esgoto será instalado primeiro em casas do bairro Encano, que servirão de referência para a multiplicação do método em outras residências instaladas ao longo dos ribeirões Encano e Warnow.

A formalização da parceria ocorreu no gabinete do prefeito André Moser, assinada por ele e pelo reitor da Univali, professor Valdir Cechinel Filho, e prestigiada por autoridades e profissionais técnicos envolvidos.

O trabalho inicia com um levantamento das propriedades com o anteprojeto e a elaboração de três projetos construtivos de tratamento de efluentes domésticos em área rural que serão considerados pilotos. Estes modelos irão considerar peculiaridades encontradas no local a partir do levantamento feito.

O serviço da Univali contemplará planta baixa, cortes e detalhamento construtivo, uma perspectiva (maquete eletrônica) e memorial descritivo com lista do quantitativo de materiais, insumos e mão de obra. A perspectiva é de que a primeira etapa do projeto seja entregue em janeiro de 2019.

 

Foto: Filipe Adriano/ Prefeitura de Indaial

 

As atividades deste projeto serão conduzidas pelo designer Gustavo Russo e pela engenheira agrônoma Dalva Sofia Schuch, ambos professores da Escola de Artes, Comunicação e Hospitalidade. Os dois atuam há mais de cinco anos com agricultores de Indaial, por meio de atividades de extensão focadas na transformação da agricultura convencional para a orgânica.

A partir da realidade apresentada pelos próprios agricultores, o grupo ampliou o olhar e começou a discutir sobre a possibilidade da Universidade trabalhar também em soluções focadas no saneamento. “Já temos vínculos consolidados com agricultores de Indaial. Esta demanda nasceu a partir da nossa própria imersão à realidade deles”, comenta Russo.

De acordo com a professora Dalva, o sistema de tratamento de efluentes por fitorremediação é uma forma ecológica, de baixos custos operacionais e de manutenção, altamente eficiente na absorção de materiais orgânicos, ideal para ser implantada em áreas rurais, áreas urbanas e periurbana. Ela explica que o sistema é semelhante a uma fossa e tem como elemento principal espécies de plantas fitorremediadoras, ou seja, plantas que atuam como agentes de purificação de ambientes.

A universidade pesquisa e já adota técnicas ecológicas nas unidades de seus campi, a exemplo do sistema de tratamento de efluentes implantado no campus de Balneário Camboriú, desde 2009, que consiste em um sistema de “Zona de Raízes”, assim como na Unidade do Laboratório de Pesquisa Tecnológica em Engenharia (Latec/ 2011), em Itajaí. Houve também a transformação de uma fossa clássica em Sistema de Tratamento-Bacia de Evapotranspiração, no prédio do curso de Odontologia, que desde 2015 está em perfeito funcionamento.

“Iniciamos uma relevante parceria com a Prefeitura de Indaial, visando utilizar o conhecimento científico produzido na Univali em prol do desenvolvimento da sociedade. Nesse caso, em especial, com a geração de grande impacto ambiental e social”, ressalta o reitor.

Processo

A fitorremediação acontece quando algumas plantas absorvem elementos poluentes do ambiente através das raízes. Esse processo além de ser uma forma não poluente tem baixo custo para remover ou estabilizar substâncias tóxicas, porém deve ser utilizado em locais onde os níveis de contaminação são baixos porque o método é mais lento do que os demais e altas concentrações podem limitar o crescimento das plantas.

Para a descontaminação da água, podem ser usadas espécies como o junco e o lírio-do-campo. Confira mais algumas outras opções:

Aguapé: planta aquática com raízes longas e finas, repletas de bactérias e fungos que atuam sobre as moléculas tóxicas da água, quebrando sua estrutura e permitindo que a planta assimile os componentes tóxicos.

Alface d’água: devido a sua grande quantidade de nutrientes orgânicos, pode converter a água em tratamento.

Lentilha d’água: planta aquática capaz de reduzir de 15% a 20% a carga orgânica do esgoto doméstico, é utilizada em estações de tratamento nos Estados Unidos, China, índia e Austrália.

Moringa: pesquisas comprovaram que esta espécie pode reduzir em até 98% dos coliformes fecais em águas barrentas.

Taboa: consegue remediar águas acometidas por resíduos orgânicos vindo do esgoto.