Desde o início de abril até quinta-feira (23/04/20), os Bombeiros Militares de Blumenau atenderam 34 ocorrências envolvendo incêndios florestais na cidade. Para se ter ideia, no mesmo mês em 2019, foram atendidas apenas três chamadas. Ou seja, se fosse mantida a média deste ano, o número de ocorrências irá disparar para 44, um número 14 vezes superior ao registrado no ano passado.
Um dos motivos é a estiagem que deixa a vegetação seca, mas ela sozinha não causa incêndios florestais. Segundo os bombeiros, a estimativa é que 99% das queimadas em Santa Catarina tenham causa humana. Por isso, a corporação recomenda evitar a queima lixo ou móveis, ou até para limpar terrenos, muito menos fazer fogueiras.
A prática de queimada pode provocar alteração no equilíbrio dos ecossistemas, afetar a biodiversidade, causar danos a patrimônios, além de emitir gases poluentes. A prática está prevista no Código Florestal, na Lei de Crimes Ambientais e no Decreto Federal 6.154/08, com penas que podem chegar a quatro anos de reclusão e multa de até R$ 50 milhões.
Uma das ocorrências de maior destaque neste ano é um incêndio em vegetação no bairro Velha Grande, que permanece ativo desde segunda-feira (21). Desde o seu início, os bombeiros militares estiveram no local todos os dias para monitorar a área e combater as chamas, mas sem sucesso até agora. A dificuldade se deve à base do terreno, formada por um tipo de turfa composta por restos de folhas, galhos, raízes, troncos e taquaras secas, que queima a cerca de meio metro de profundidade.
Além disso, a elevada altitude do morro onde ocorre o incêndio e a localização dos focos em meio à mata fechada impedem que os bombeiros militares consigam levar água por intermédio do caminhão de combate a incêndio para encharcar o solo, única maneira possível de extinguir o incêndio por completo.
O combate tem ocorrido de forma manual, com apoio de enxadas, foices, bombas costais e abafadores. O 3º BBM também conta com o apoio do helicóptero Arcanjo-03 em lançamentos de água sobre os focos, que auxiliam a reduzir a propagação, mas que não conseguem penetrar a turfa para extinguir o incêndio por completo. O CBMSC permanece monitorando a área diariamente e efetuará o combate sempre que possível, mas ressalta que não há risco a pessoas e residências no momento.