Entrevista com Wesley Barbosa, líder do Facebook no Brasil

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Fotos: Luciano Bernz

Neste segundo dia (04), a feira contou com a palestra do líder de desenvolvimento de mercado do Facebook no Brasil, Wesley Barbosa. Ele apresentou a palestra com o tema “Inovação que vem da caixa”. Ele acredita que o conceito de “pensar fora da caixa” na criação de novos produtos, nem sempre é verdadeiro, ou seja, querer buscar algo inovador fora de seu ambiente de convívio.

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Ele explica que existem métodos pré-estabelecidos, que são possíveis seguir num processo de inovação. Ele fala em três passos básicos para isso: a subtração, a divisão e a soma de atributos. Na subtração,  cita o exemplo da Apple, que tirou a função telefone do iPhone e criou o iPod Touch, vendendo mais de 60 milhões de unidades no mundo.

Outro exemplo de divisão, são as impressoras jato de tinta, que atualmente utilizam um cartucho para cada cor básica, e não dois como era antes. Antes, um cartucho era utilizado para o preto e outro para todas as outras cores.

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Por último ele dá exemplo de multiplicação usando os Smartphones. Telefones móveis ganharam muitas outras funções, como internet, aplicativos diversos e jogos.

 

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Antes da palestra, conversamos com o alagoano Wesley Barbosa, nascido em Maceió. Ele veio para Santa Catarina pela terceira vez, mas a primeira fazendo uma palestra como líder de desenvolvimento de mercado do Facebook no Brasil.

OBlumenauense: É a primeira vez que está em Santa Catarina?

Wesley Barbosa: Na verdade eu fiz dois outros eventos aqui no sul, mas não eram palestras e sim  apresentar o programa que eu lidero aqui no Brasil, para fomentar o ecossistema da start up. Tenho um carinho por Santa Catarina, e fiquei muito feliz pelo convite em poder estar aqui.

OBlumenauense: Blumenau foi uma precurssora da informática em Santa Catarina. Você já conhecia a cidade por este aspecto?

Wesley Barbosa: Já. Hoje acho que a capital do estado se destaca mais como polo tecnológico. Mas eu já tinha informações sobre Blumenau em 2001,  que tinham feiras parecidas com esta. Sei que aqui existe investimento e apoio do SEBRAE, pois já participei de algumas feiras e o pessoal me colocou isso. Eu conheço a capacidade intelectual desse povo, porque excelentes universidades do país estão nesse estado.

OBlumenauense: A equipe brasileira do Facebook, já contribuiu para inovações globais do sistema? Quais?

Wesley Barbosa: Acabei de fazer um Hackathon, que é um evento onde pegamos vários start ups (empresas iniciantes) e uma estrutura de capital intelectual. São pessoas de vários setores, que trabalham para aquelas empresas durante um período, com o objetivo de desenvolvê-las para que venham a virar parceiras do Facebook. A ideia nasceu, porque eu visitei mais ou menos doze capitais, de todas as regiões do país, para dizer que existe a possibilidade de parceiros e dinheiro esperando para que as start ups desenvolvam sistemas que aperfeiçoem a forma de “facebookear”, que é como chamamos a publicidade do Facebook.

Inclusive, uma das vencedoras do Hackathon que terminou semana passada, é uma empresa aqui de Santa Catarina, que se chama Biônico. Ela se cadastrou e teve uma das melhores soluções em termos de inovação, foi acelerada e nesse mês vai virar parceira do Facebook.

OBlumenauense: Você trabalhou no mercado chinês. Quais são as principais diferenças de cada mercado, no sentido de inovar? O que o chinês e o brasileiro tem de bom para se destacar?

Wesley Barbosa: A necessidade é a mãe da inovação. O brasileiro consegue ter uma criatividade única em todos os aspectos. Vemos isso muito forte na mídia. Nos comerciais de TV, estamos no Top 3 dos países mais criativos em comerciais. O brasileiro consegue sorrir, é o palhaço. Os pais do sujeito morrem, ele está todo ferrado, mas põe o nariz de palhaço e  ainda faz o show. Esse é o brasileiro, tem originalidade.

Não é que o chinês não tenha originalidade, mas ele não entra no aspecto pessoal. Visa muito mais o aspecto de desenvolvimento, ferramental. Eu diria que o chinês não é um povo tão criativo, mas sim executivo. Isso é algo que falta para o brasileiro, executar no menor espaço de tempo como o chinês consegue. Então o chinês é aquele tipo de povo que pega a ideia, aperfeiçoa, ou às vezes não, mas modifica.

Inovação, é bom que fique bem claro, é algo em que se cria uma utilidade. Não adianta falar que o chinês criou um produto X derivado de Y. Mas qual a utilidade disso? Nenhuma? Então não é inovação. Ele estragou o produto. O chinês tem essa capacidade de inovação que se chama copycat, que é copiar e aperfeiçoar. Porque se for algo novo, não é inovação e sim criação.

OBlumenauense: Você acha então que o brasileiro põe mais emoção naquilo que faz?

Wesley Barbosa: Sim, coloca mais emoção e isso é fantástico porque coloca inconscientemente o ser humano em primeiro lugar, e dentro deste aspecto é perfeito. Como falei anteriormente, a necessidade é a mãe da inovação. Então, colocando o ser humano em primeiro lugar, a probabilidade de achar algo que se encaixasse dentro daquela necessidade é muito alta. Então ele vê como é o ser humano, enxerga o ser humano, tem inteligência emocional e consegue inovar evoluindo algo que vai sanar algum problema humano, por exemplo.

 

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Luciano Bernz e Wesley Barbosa | Foto: Giovani Vitória