Quem acessou o site do jornal El Pais, um dos mais respeitados e tradicionais da Espanha, encontrou duas versões aparentemente diferentes sobre o discurso do presidente Jair Bolsonaro, no fórum Econômico de Davos, na Suíça. O presidente brasileiro foi o primeiro chefe de Estado da América Latina a discursar na abertura do fórum. Também foi a sua estreia no cenário internacional.
Na notícia divulgada em língua portuguesa do El Pais, o título é “O breve discurso de Bolsonaro decepciona em Davos” e na versão espanhola (original) na categoria internacional é mais otimista: “Bolsonaro anima a los ejecutivos de Davos a invertir en el nuevo Brasil”. Ou seja, Bolsonaro incentiva os executivos de Davos a investirem no novo Brasil.
Quem assina as duas matérias é a enviada especial do jornal espanhol, Alicia González. Mas quem abrir a matéria e ler, vai encontrar praticamente o mesmo conteúdo, com algumas pequenas diferenças.
O texto trata sobre o curto discurso, que junto com a apresentação do fundador do evento, Klaus Schwab, durou apenas 15 minutos. Na matéria também diz que “[para] os investidores que esperavam de seu discurso algum detalhe sobre as prometidas reformas, a decepção foi inevitável.”
A citação do economista Robert Shiller, prêmio Nobel de Economia e professor na Universidade de Yale, que diz “Ele me dá medo. O Brasil é um grande país. Merece alguém melhor”; não consta na versão espanhola, apenas na brasileira.
O evento internacional reuniu cerca de 250 autoridades do G20 (grupo que reúne as 20 principais economias do mundo) e de outros países compareceram ao evento. Mas faltaram os presidentes Donald Trump (EUA), Xi Jinping (China), Emmanuel Macron (França), Vladimir Putin (Rússia), além de primeiros-ministros como Theresa May (Reino Unido) e Ram Nath Kovind (Índia).
Economia, Venezuela e Battisti são temas de Bolsonaro em Davos
Em seu terceiro dia em Davos, na Suíça, o presidente Jair Bolsonaro tem nesta quarta-feira (23/01/19) reuniões sobre diversos temas, entre eles as perspectivas econômicas, políticas e sociais sobre o Brasil, as questões bilaterais, como a extradição do italiano Cesare Battisti, e o agravamento da crise na Venezuela.
O presidente terá um almoço de trabalho denominado “O Futuro do Brasil” e, em seguida, se reúne com o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte. O encontro ocorre dez dias depois de Battisti ser capturado e preso, na Bolívia, para onde fugiu do Brasil, na tentativa de escapar da extradição.
Condenado na Itália à prisão perpétua pelo assassinato de quatro pessoas, a captura, prisão e extradição de Battisti se transformaram no principal tema da imprensa na Itália e no Brasil.
Bolsonaro concedeu entrevista exclusiva à RAI, emissora pública de televisão italiana, em que lembrou ter sua origem na região de Lucca, e disse que pretende visitar o país.
Venezuela
O agravamento da situação na Venezuela e a crise humanitária ocuparão dois momentos distintos na agenda do presidente. Inicialmente, uma reunião diplomática, e depois um jantar com presidentes latino-americanos. No intervalo, é aguardada uma declaração à imprensa.
A conversa sobre a Venezuela ocorre no dia em que os opositores promovem, em Caracas, a chamada jornada anti-chavismo e em meio a protestos intensos nas principais cidades do país. Civis e militares entram em confronto, segundo imagens divulgadas por organizações não governamentais.
Economia
Em Davos, ontem (22) o presidente discursou na abertura do Fórum Econômico Mundial e jantou com empresários. Ele ressaltou a preocupação do governo federal em promover o desenvolvimento econômico associado à preservação do meio ambiente. Também defendeu valores e reiterou a preocupação em promover mudanças, a partir das reformas que pretende implementar.
“Minha equipe sabe o dever de casa que tem que ser feito e esperamos obter esse apoio do Parlamento”, disse Bolsonaro. “Minha confiança nos senhores é muito grande e sei da minha responsabilidade”, acrescentou em vídeo publicado em sua conta pessoal do Twitter.
O presidente reafirmou os compromissos de campanha e sua preocupação com o combate à corrupção e o aperfeiçoamento da segurança pública no Brasil. Acrescentou que o país tem praias, florestas e o pantanal, que precisam ser conhecidos, e convidou os presentes para vir ao Brasil.
Com informações da Agência Brasil