Recentemente, o Museu Desembargador Tycho Brahe Fernandes Neto, vinculado ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), realizou a digitalização de um acervo histórico que permitirá acessar documentos raros sobre a escravidão. O material, que inclui livros de notas manuscritos intitulados “Venda de Escravos e Carta de Liberdade”, originários da Escrivania de Paz do Ribeirão da Ilha, agora está integralmente acessível ao público de forma gratuita em uma plataforma online.
Entre os registros mais marcantes, destaca-se a história de Joanna, uma mulher que comprou sua liberdade em 1873, em Florianópolis, por 200 mil réis. Este e outros documentos foram transcritos pelo historiador Adelson André Brüggemann, facilitando a leitura para aqueles não familiarizados com a caligrafia da época.
Além de documentos sobre a compra de liberdade, o acervo inclui escrituras que revelam aspectos diversos da sociedade da época, como doações de escravizados, atas de eleições e até registros raros de separações de casais com divisão de bens. Por exemplo, o Livro de Notas n. 2 de 1853 registra a doação de uma criança escravizada de cinco ou seis anos pelos pais à filha.
A oficial designada da Escrivania do Ribeirão da Ilha, Giane Catia Rosa Alves De Carvalho, expressou o impacto emocional ao doar esses registros ao Judiciário. Rafael Maas dos Anjos, juiz-corregedor do Foro Extrajudicial, enfatizou a importância desses documentos para a compreensão da vida na região e a necessidade de reflexão sobre essas práticas históricas.
Lília Lacerda da Silva, chefe da Seção do Museu, ressaltou a relevância da digitalização destes documentos, afirmando que o conhecimento dos fatos relacionados à escravidão é fundamental para evitar distorções históricas e a repetição de erros do passado.
O museu, localizado na sede do TJSC em Florianópolis, está aberto ao público das 12h às 19h, e recomenda-se agendamento prévio para grupos maiores, como turmas escolares.