Diretor do Bem Estar Animal avalia os 5 meses de trabalho e fala sobre as denúncias contra o Cepread

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Fotos: Luciano Bernz

Estivemos na tarde desta quarta-feira (18) na sede do Cepread – Centro de Prevenção e Recuperação de Animais Domésticos, para conversar com o Diretor de Bem Estar Animal, Eliomar Russi. Antes de começarmos a entrevista, tivemos uma boa surpresa.

 

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Rose Cunha, moradora do bairro Vila Nova, passou no Cepread procurando sua cadelinha que havia sumido. Infelizmente ela não estava lá, mas Rose se encantou com a cadela Maya de dois anos e resolveu adotá-la. A nova dona, também levou o certificado de vacinação da cachorrinha. Ela nos contou que adora cachorros e já tem sete em casa.

 

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Logo depois, fomos até a sala do diretor para começarmos a entrevista. Eliomar fez uma avaliação dos cinco meses de atividade do centro e falou das denúncias que vem sofrendo sobre não atendimento, o que considerou verdadeiras calúnias.

 

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OBlumenauense: O Cepread foi inaugurado em Setembro de 2014. Qual a avaliação que você faz desses quase cinco meses de trabalho?

Eliomar Russi: Extremamente positiva. Até então, Blumenau carecia de uma estrutura pública que viesse de encontro a uma necessidade clara de toda a população. Não estamos falando aqui de defensores ou não dos animais, mas, de uma epidemia, um caos total, onde animais perambulam pelas ruas, proliferam sem qualquer tipo de controle. Nessa sistemática ocasionam acidentes de trânsito, mordeduras, transmissão de doenças. Isto é critico não só em Blumenau, mas em todos os municípios e até em nível mundial. Em todos os lugares existem animais domésticos e é papel do poder público entrar com ações. Uns são forçados pela justiça, outros por iniciativa própria, como Blumenau. Nós saímos na frente neste sentido e hoje já somos referência para o país.

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Neste curtíssimo espaço de tempo, que irá completar cinco meses de Cepread, já tivemos aqui 62 municípios, de 18 estados brasileiros nos visitando para copiar o modelo que aqui implantamos. Ou seja, reconhecendo o nosso trabalho e querendo levar esta receita para o seu município. O Cepread nasceu com uma concepção extremamente moderna, tanto na parte de gestão como na parte de atendimento diretamente ao público e o animal, que é quem nos interessa mais. Isso acabou chamando a atenção de vários municípios que já faziam esse trabalho há décadas e outros que ainda iniciaram. Eles vem para Blumenau com o mesmo interesse.

Então, a avaliação é positiva, não escondendo a realidade que é difícil onde nós temos um desafio contínuo nas ruas. Mas, com o apoio da comunidade, das ONGs e do poder judiciário, somamos esforços nesta luta. Tenho certeza que estamos vendo uma nova realidade na cidade, que com o passar do tempo, será bem mais perceptível.

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OBlumenauense: Quais as principais dificuldades enfrentadas pelo centro nesse período?

Eliomar Russi: Principalmente a falta de cooperação de algumas denúncias. Primeiro através da denúncia anônima, onde a pessoa – não sei por qual motivo – não se identifica. A identidade de quem denuncia é sempre preservada. O maior problema são aquelas denúncias evasivas, sem elementos claros, onde nós nos deslocamos até o local, e em 99% desses casos não tem nada. Perdemos tempo no deslocamento e talvez deixamos de atender outro animal com real emergência, além do gasto que isso representa para o município. Por isso pedimos as pessoas muita seriedade neste sentido.

Ainda tem aqueles casos de briga de vizinhos, em que eles brigam e começam a fazer denúncias sobre alguma situação grave. Mas quando chegamos lá, não existe nada. É preciso também deixar bem claro, qual o intuito de algumas pessoas em querer prejudicar o nosso trabalho. Recentemente o Cepread foi invadido por uma pessoa, e quando fomos atendê-la, ela sumiu com o animal do local.

É como se fosse um trote, iguais aos aplicados no SAMU ou Corpo de Bombeiros. Isso pra nós é muito difícil. Temos uma equipe que ainda necessita de avanços, no que diz respeito à quantidade de pessoas, face a grande demanda de ocorrências, pois não deixamos nada à mercê, tudo é atendido. São situações atípicas, mas que nos atrapalham bastante no nosso dia a dia, já que sempre tentamos prestar boas informações. Quanto mais a população estiver informada, mais facilmente ela vai conhecer os nossos serviços e saber utilizá-los.

OBlumenauense: Foi criada uma página no Facebook chamada O meu caso não foi atendido pelo Cepread. Nela encontramos muitas denúncias, e três delas nos chamou a atenção:

  • Pedido de socorro feito ao CEPREAD no dia 30/09/2014, protocolo nº 1188379, onde quatro cachorros estavam abandonados no bairro Itoupava Seca. Após 37 dias, um deles já havia morrido.
  • No dia 11/11/2014, protocolo nº 1225905, em que uma cadela abandonada no bairro Asilo, estava com o útero muito inflamado e cheirava mal.
  • Dia 09/02/2015, também no Asilo, na Rua José Deeke, uma cadela foi atropelada e precisou passar por uma cirurgia. Neste caso, o CEPREAD também foi acusado de não atender.

Porque existem tantas denúncias de falta de atendimento por parte do Cepread?

Eliomar Russi: Quanto à criação dessa página, acho lamentável esse tipo de atitude, porque não se sabe qual o propósito real dela. As mesmas pessoas que a promovem, parecem ser as que nos dão os trotes. Elas não convivem com a nossa realidade, não vem ao Cepread para conhecer o trabalho desenvolvido aqui ou se colocam à disposição para ajudar. Tenho curiosidade em saber o que motiva esse tipo de iniciativa. É algo que nos chateia bastante.

Quanto à essas denúncias, que você mencionou, respondo a elas sem problemas. As duas primeiras, foram feitas para a ouvidoria da secretaria de saúde e encaminhadas para a vigilância epidemiológica. Infelizmente não chegou até nós.

A última, onde não tem o número de protocolo, foi o típico caso do qual eu mencionei anteriormente. O Cepread só foi acionado depois que o animal já estava sendo tratado numa clínica particular, com uma conta extremamente elevada. Eles queriam que nós assumíssemos o tratamento do animal. Porque classifico esse caso como trote? Primeiro porque o animal está sofrendo e não pode ter o tratamento interrompido. Agora pergunto: porque não acionaram o bem estar animal na hora da ocorrência? Colocar um animal numa entidade privada e querer que a prefeitura pague a conta é totalmente descabido. Todos estão cientes que tudo na prefeitura é na base da licitação.

OBlumenauense: Neste caso específico, onde o animal precisou passar por uma intervenção cirúrgica. Isso poderia ter sido feito aqui no Cepread?

Eliomar Russi: O tratamento deste animal deveria ter sido feito aqui desde o início, caso realmente se tratasse de um animal de rua. Chegamos até a desconfiar de que havia um proprietário por trás disso. As informações nos chegam muito difusas. Esse animal já estava em tratamento e havia uma conta de R$ 2 mil à ser paga. Não temos como arcar com esse tipo de despesa. Imagina se isso vira moda. A pessoa coloca o animal numa clínica particular e manda a conta para a prefeitura.

Aí vem mais uma parte lamentável. Passando-se dois dias, recebi aqui duas pessoas das quais eu conheço – mas vou preservar a identidade delas – que se apresentaram como envolvidas no caso. Elas perguntaram se o animal poderia vir pra cá para dar continuidade ao tratamento. A conta a ser paga, elas iriam resolver. Claro que de pronto eu disse que sim e ficaram de trazê-lo no dia seguinte. Estamos esperando até hoje esse animal chegar aqui.

Por isso me surpreende quando nasce uma postagem numa página sem qualquer credibilidade. E olha que essas pessoas eu conheço e sempre as tive como pessoas sérias. Mas que nesse caso, não corresponderam, porque o animal além de não ter vindo pra cá, acabou gerando esse caso. Porque não escrevem isso na página de forma clara?

Não há problema nenhum em abordar nossas ocorrências, seremos sempre verdadeiros. Tanto é, que muitas vezes quando nossa equipe tenta rebater essas acusações, eles simplesmente apagam. Agora eu pergunto à população: É sério um mecanismo desses que não permite você se manifestar ou tentar se defender? Que presta qualquer tipo de informação no intuito apenas de caluniar um trabalho arduamente desenvolvido?

Postamos várias explicações nessa página. Tenho todas salvas. Salvamos pelo print screen, justamente para poder garantir o que estou lhe falando. Só que eles sistematicamente apagam. Por exemplo, aquele vídeo calunioso que hoje está em poder da polícia para investigar, que eu mesmo solicitei isso. Nossa veterinária postou 78 vezes a explicação para ser aceita uma vez. Foi na base da canseira.

Nós cansando de tanto postar, e eles apagando. Só que aí as pessoas começaram a compartilhar e não teve mais como eles apagarem. É isso que nos indigna. São pessoas que não se colocam a disposição como voluntários do nosso trabalho e nem vem conhecer a estrutura à qual elas criticam.

Agora eu digo uma coisa: não é possível, que um cidadão em sã consciência e de boa índole, seja contra um tipo de trabalho como esse. A população passou mais de 20 anos exigindo dos governantes qualquer tipo de investimento nessa área, e nós já somos referência para 62 municípios do país. Porque será que só para essas pessoas, nós não prestamos? Nós só temos a nos chatear com isso.

Porque por trás dessas pessoas, sejam gestores de órgão público, motoristas, veterinários e estagiários, existem seres humanos que amam e defendem a causa, independente do tipo de trabalho que desenvolvem. Sem falar nas famílias, que ficam extremamente chateadas com essas calúnias desenfreadas de algumas pessoas nas redes sociais.

OBlumenauense: Como deve proceder a pessoa que deseja fazer uma denúncia?

Eliomar Russi: Existem cinco caminhos pelos quais as pessoas podem fazer suas denúncias. Nós incentivamos sempre utilizar o nosso portal www.blumenau.sc.gov.br/bemestaranimal, porque vai gerar um protocolo. Essa é a garantia do cidadão. Mas também pode ser diretamente para o Cepread através do telefone 3323-8902 ou pelo e-mail bemestaranimal@blumenau.sc.gov.br. Se for uma emergência fora do horário de expediente, temos o telefone do veterinário plantonista: 9169-6343.

Outra forma é ligar diretamente para a ouvidoria da Secretaria de Saúde, através do telefone 3381-7770, durante o horário comercial. Mas volto a frisar, que a melhor maneira é no nosso portal, onde a denúncia gerará um protocolo.

 

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