Nesta segunda-feira (9/08/22), o Delegado Ronnie Esteves, ouviu durante três horas os detalhes do assassinato de Jéssica Ballock, de 23 anos, e de seu filho Théo Pereira, de três meses. O depoimento de Kelber Henrique Pereira, de 28 anos, aconteceu na sede da DIC (Divisão de Investigação Criminal) em Blumenau.
“Nossa ideia era extrair como ele tinha praticado o crime, porque ele lembrava de tudo mas alegava que não lembrava como matou a mãe e a criança. Então fizemos um apanhado da história dele, da base familiar e de como conheceu a Jéssica. Desde o início, ele sempre disse que ela foi uma mulher ótima, amiga, parceira, que dava conselhos”, disse o delegado.
Kelber era viciado em drogas e chegou a parar quando o primeiro filho nasceu, atendendo aos pedidos de Jéssica. Antes moravam na casa do sogro, e entre idas e vindas do local, com o nascimento do Theo, eles foram morar no apartamento. No dia do crime, ele vai para a casa do sogro, depois passa em um amigo e volta ao apartamento. Ao delegado ele disse que bebeu muito, mas o policial desmentiu essa versão com um depoimento que dizia o contrário.
Ainda no mesmo dia, ele sai do apartamento para comprar drogas e as consome no sofá ao lado de Jéssica. Ela pediu para ele parar, porque ambos tinham família constituída, estavam morando bem e ele tinha emprego. Naquele momento ele teria jogado um pouco da droga fora e o casal foi tomar banho, depois ambos se deitaram na cama. O filho mais velho estava em uma ponta, o Kelber no meio e a esposa ao lado, enquanto o Theo dormia no berço próximo.
Durante a madrugada, ele acordou, e sem motivo, atacou o pescoço dela, que naquele momento estava de costas, e a matou. Diante da cena, Kelber disse que sentia a necessidade de terminar o serviço e foi até a cozinha. Depois de beber uma água, ele volta com uma faca, joga a Jéssica no chão e a esfaqueia no pescoço, sem saber dizer quantas vezes foram. Segundo o delegado, a perícia apontou que foi mais de uma vez. A lesão foi tão profunda que quase separou a cabeça do tronco.
Theo acordou naquela hora e começou a chorar muito, deixando Kelber atordoado, com o coração batendo forte, sem saber o que fazer com o bebê, que ainda mamava e dependia da mãe. Ao ver a esposa morta e achar que não iria dar conta da situação, o assassino pegou Theo e o colocou no final da cama e passou a faca no pescoço do filho. Segundo a perícia, também foi mais do que uma vez.
Em seguida ele colocou a criança morta um pouco mais para cima, lavou as mãos, retornou para o quarto e pegou o filho mais velho de 1 ano e 10 meses. Primeiro Kelber deixou o menino no sofá, foii tomar banho, fez a malinha e seguiu de automóvel em direção à Bragança Paulista (SP) com a intenção de deixar o filho com a mãe dele e depois se entregar. Depois mudou de ideia, chamou um amigo que falou com um advogado e mais uma pessoa. Os três foram até Minas Gerais entregar o menino para os avós de Kelber na cidade de Munhoz.
Ao ser questionado pelo delegado se queria pedir perdão para alguém, apenas disse que para o filho. Ronnie Esteves disse que primeiro Kelber se negou a falar e demorou muito para isso: “Mas a gente insistiu para que a verdade pudesse vir à tona.” Questionado se estava arrependido do crime, ele teria dito que sim: “Ela não merecia morrer. Não tinha motivo nenhum para matar minha mulher e meu filho.”
O assassino foi capturado pela Polícia Militar em Paulínia, no interior de São Paulo, no dia 27 de julho. O fato aconteceu dois dias depois dos corpos serem encontrados no apartamento na Rua dos Caçadores, em Blumenau.