Quando a pandemia chegou ao centro das decisões das empresas, muitos negócios se viram em um verdadeiro beco sem saída. Isso porque em várias companhias, a tomada de decisão ainda é centralizada em poucos gestores – ou até mesmo nos fundadores, que por conta do pertencimento ao grupo de risco precisaram se afastar da operação durante os picos de contágio do novo coronavírus.
Este cenário foi percebido logo no início de 2020, segundo o consultor empresarial Roberto Vilela. E de acordo com o executivo, os desafios do último ano acabaram forjando um novo modelo de liderança, onde a centralização da tomada de decisão já não cabe mais. “Se adaptar ao novo ritmo econômico, garantir a manutenção dos negócios e se preparar para uma retomada só é possível quando mais de um gestor esteja envolvido e em um contexto em que as decisões ocorram com respaldo técnico, porém de forma ágil”, avalia.
A análise de Vilela é percebida em um amplo contexto de gestão. Um estudo da Page Group em parceria com o Centro de Liderança da Fundação Dom Cabral, por exemplo, mostrou que dois em cada três líderes estão acelerando a tomada de decisão, impulsionados diante da crise sanitária. “A digitalização e a mudança constante do contexto econômico neste último ano são fatores fundamentais que precisam estar no radar dos gestores. Empresas com a tomada de decisão centralizada tendem a se tornar engessadas e não conseguirão acompanhar as mudanças com a velocidade necessária para se adaptarem e manterem a saúde financeira do negócio”, destaca o consultor.
Preparo para sucessão é uma das iniciativas para driblar a liderança frágil
Roberto Vilela indica que a criação de projetos de sucessão precisa estar no radar das empresas. “Não se trata apenas de descentralizar a tomada de decisão, mas preparar as novas gerações para assumirem riscos, estarem aptos para dar continuidade ao negócio”, comenta.
Além disso, o mentor de negócios ressalta que o momento é de investimento no ativo mais importante da empresa: as pessoas. “Mais do que nunca é preciso criar estratégias de formação de lideranças, contar com o apoio de profissionais que atuem na formação e preparo dos gestores e trazer também a visão de pessoas fora da empresa, através da formação de conselhos consultivos, por exemplo, para manter uma análise crítica e real da situação do negócio”, finaliza.