Das 760 mil ligações que os bombeiros recebem, 14% são trotes telefônicos

 

Um triste e lamentável número mostra uma situação que não tem graça nenhuma. Segundo levantamento realizado pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBM-SC), das 760 mil ligações recebidas em 2016 pelo nº do telefone 193 (emergências), cerca de 14% eram trotes. Para tentar conscientizar a população,  desde o início de abril está sendo veiculada uma campanha alertando sobre a ilegalidade da prática e os prejuízos que causa.

Mesmo que boa parte dessas falsas comunicações já seja identificada pelos operadores dos sistemas de atendimento, algumas acabam sendo interpretadas como verídicas. Quando as viaturas chegam ao local, quem precisa de socorro acaba sendo prejudicado (inclusive por ocupar uma linha telefônica) e o combustível utilizado é desperdiçado.

O Corpo de Bombeiros sabe que o perfil de quem liga, é de crianças e adolescentes, geralmente feitas em telefones públicos. Os períodos do ano em que são mais frequentes são nas férias escolares, nos meses de julho, dezembro e janeiro.

Praticar trote é crime, previsto nas legislações federal e estadual. O Código Penal, nos artigos 266 e 340, prevê a aplicação de penalidades pecuniárias, bem como detenção de um a três anos por registro de falsa ocorrência. Já a Lei estadual 14.953, de 2009, estabelece que os donos dos aparelhos telefônicos, residenciais ou comerciais, de onde partiram os atos podem receber multa de R$ 200 por ligação.

Por isso a campanha tem como alvo o público infanto-juvenil e seus pais, para que eles monitorem a atitude dos seus filhos. Confira o vídeo:

 

Adolescente ligou 758 vezes num mesmo dia

No comparativo entre os batalhões, o recorde de trotes em 2016 coube à região de Curitibanos, sede do 2° Batalhão do CBM, na qual 22,6% das chamadas recebidas eram nesta modalidade. Segundo os registros, somente em um dia foram recebidas 50 ligações, e de um mesmo aparelho telefônico. O caso mereceu uma atenção especial da corporação que contatou a mãe da criança.

O episódio de maior destaque no estado, entretanto, envolveu uma adolescente de Lages, que efetuou 758 ligações num mesmo dia. Mais tarde se soube que a brincadeira de mau gosto bloqueou um chamado para o atendimento de um acidente grave. Após identificar o número do aparelho do qual partiram os trotes, a corporação registrou um boletim de ocorrência e conversou com a mãe da jovem, de 15 anos.

Tecnologia contra os trotes

Paralelamente à campanha, a corporação militar tem apostado na adoção de novas tecnologias para coibir a comunicação de falsas ocorrências.

Além do serviço de identificação de chamadas, que permite localizar o telefone do qual os trotes partiram, desde dezembro de 2015 está em funcionamento o E193, sistema de atendimento e despacho que possibilita classificar cada ligação recebida. Em caso de recebimento de trote, o aplicativo registra automaticamente o telefone emissor e emite um alerta de segurança ao operador caso surja uma nova chamada do mesmo número.

Com informações de Alexandre Back, da agência AL.