Na quarta-feira (13/01/22), a Anvisa confirmou o segundo caso do terceiro surto do super fungo Candida auris no Brasil. Ambos ocorreram em um hospital de Recife (PE). Ambos foram identificados no Laboratório Central de Saúde Pública Prof. Gonçalo Moniz (Lacen da Bahia) que realizou as análises utilizando o Maldi-Tof (Matrix-Assisted Laser Desorption Ionization Time-of-Light).
O método utiliza a ionização para diagnosticar de maneira rápida e eficaz, as proteínas de uma bactéria ou fungo. Candida auris é um tipo de fungo que vem ganhando destaque na saúde devido ao fato de ser multirresistente.
O organismo apresenta resistência a diversos antifúngicos, o que dificulta o combate à infecção e por isso também é conhecido como super fungo. O Candida auris não é fácil de ser identificado porque pode ser confundido com outras leveduras. O organismo permanece no ambiente infectado por longos períodos, que podem chegar a meses, e resiste a diversos tipos de desinfetantes.
Por essas razões, casos de infecções pelo fungo trazem risco de surto e demandam monitoramento e medidas de prevenção e controle para impedir a disseminação em outros pacientes. Tudo isso preocupa as autoridades sanitárias do país já que é uma séria ameaça à saúde pública.
A Candida auris foi isolada pela primeira vez no mundo em 2009 a partir de uma amostra de secreção no ouvido de um paciente Japonês. Em 2016 foi determinado que a ocorrência desse fungo fosse de notificação obrigatória, já que o tratamento e controle dessa infecção é difícil. Quatro anos depois, em 2020, ele foi identificado na Bahia, sendo o primeiro caso no Brasil.
A Anvisa considera surto porque a sua definição epidemiológica não significa apenas uma grande quantidade de casos de doenças contagiosas ou de ordem sanitária. Segundo a agência, é levado em conta o surgimento de um microrganismo novo na epidemiologia de um país ou até de um serviço de saúde – mesmo se for apenas um caso.
Conforme nota de alerta da agência, o Candida auris “pode causar infecção na corrente sanguínea e outras infecções invasivas, podendo ser fatal, principalmente em pacientes imunodeprimidos ou com comorbidades.”
Algumas ações da ANVISA para acompanhar o surto no Brasil:
- Desde a identificação do caso suspeito, o hospital estabeleceu as medidas de precaução e adotou ações para prevenção e controle do surto.
- A Coordenação Estadual de Prevenção e Controle de Infecção de Pernambuco foi notificada a respeito do caso suspeito, realizou visita técnica ao hospital e está prestando orientações, monitorando o surto e apoiando as ações de prevenção e controle de infecção.
- A força-tarefa nacional foi acionada e várias ações de vigilância, monitoramento, prevenção e controle foram intensificadas. Essa força-tarefa é composta pela Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), pela Coordenação Estadual de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (Iras), pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) – Nacional, Pernambuco e Recife, pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Pernambuco, pela Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (CGLAB/SVS/MS), pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE), pelo Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA), pelo Laboratório Especial de Micologia (Lemi) da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), por especialistas em prevenção e controle de infecção e micoses sistêmicas e pela Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde (GVIMS), que integra a Gerência-Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde (GGTES) da Anvisa.
- A investigação epidemiológica já está sendo organizada e será conduzida pelos Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) e pelo EpiSUS (Epidemiologia Aplicada aos serviços do Sistema Único de Saúde – SUS).
- A CGLAB está acompanhando e apoiando a investigação laboratorial do surto.
- Os laboratórios de referência – Lacens de Pernambuco e da Bahia estão apoiando as análises das amostras enviadas pelo laboratório do hospital.
- O Lemi da EPM/Unifesp já está se preparando para o sequenciamento dos isolados.
A Anvisa está acompanhando as ações relacionadas ao surto, articulando-se com os envolvidos e apoiando as ações da força-tarefa nacional. Os laboratórios de microbiologia estão sendo orientados a intensificar a vigilância laboratorial para a identificação do fungo Candida auris, conforme descrito na Nota Técnica 11/2020.
Diante de um caso suspeito ou confirmado do superfungo, a informação deve ser comunicada imediatamente à Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do serviço de saúde e sigam as recomendações da Nota Técnica 11/2020 quanto ao encaminhamento da amostra ao Lacen.
Todos os dados foram divulgados pela Anvisa.