Escrito por Daniella Roste
Em Nova Iorque, no período entre 2007-2013, a então secretária de transportes da cidade, Janette Sadik-Khan, implantou 450km de ciclovias, 50km de faixas exclusivas para ônibus e transformou a Times Square em um grande calçadão. Num primeiro momento, os comerciantes ficaram apreensivos com a retirada dos motorizados das ruas. Após dois anos, os lojistas da Times Square viram seus negócios duplicarem, pois, a frequência de pessoas aumentou e por circularem com tranquilidade, as pessoas gastam mais.
O Prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, quer entregar 400km de vias cicláveis até 2015. É claro que há muito berreiro por parte de comerciantes que ainda não conseguem vislumbrar o potencial econômico a ser explorado. Por ora, alguns empreendedores estão tirando proveito da nova estrutura e surgem os mais diversos tipos de comércio: floricultura – faz entrega de bicicleta, bikes cafés, oficinas de bicicletas e até os “park n’ shower” – que são espaços para estacionamentos de bicicletas e chuveiros para ciclistas.
Outros perceberam que sendo “bike friendly”, ou, loja amiga da bicicleta, podem atrair um público disposto a consumir e muito bem. É preciso levar em consideração que a pessoa quando adquire um veículo automotivo, arca com as despesas de manutenção, o alto preço dos combustíveis, os impostos, seguro, depreciação do veículo e o tempo gasto nos congestionamentos que muitas vezes não é calculado. E então, menos dinheiro para consumir outras coisas. A bicicleta tem um custo relativamente baixo, não tem impostos anuais e a manutenção é barata.
A implantação de um bom projeto de mobilidade urbana vai além da Secretaria de Planejamento. Alexandra Macmillan, pesquisadora da Universidade de Auckland na Nova Zelândia, publicou um estudo na revista científica Norte Americana Environmental Healthy Perspectives, onde diz que, as cidades podem economizar até US$24 com saúde a cada US$1 investido em construção de ciclovias. Pessoas que pedalam ao trabalho são mais felizes, saudáveis e produzem mais. Bastam 30 minutos diários de atividade física para que a pessoa saia do sedentarismo e consequentemente elimine os riscos de doenças como infarto, diabetes e males como a obesidade, desonerando a saúde pública de tais problemas.
Em Blumenau, a prefeitura está ajustando o projeto cicloviário que é parte do PAC2 – Mobilidade Urbana. Há muito o que fazer em termos de planejamento e execução. É fato que, para aumentarmos o número de ciclistas, é preciso oferecer condição segura para ele circular por toda a cidade. Em breve visita a Blumenau, Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá, capital da Colômbia, nos lembrou dos nossos direitos, assegurados pela Constituição: Todos os cidadãos são iguais perante à Lei. E acrescentou: “A ciclovia eleva o status do ciclista colocando-o em igualdade com o cidadão que dirige seu carro de luxo”. Para o pleno sucesso do projeto cicloviário da nossa cidade, é preciso ampliar os debates e promover a disseminação da informação para toda a comunidade.
Daniella Roste é Diretora Administrativo Financeira e de Patrimônio da ABC Ciclovias
