Por Claus Jensen, com fotos de Marlise Cardoso Jensen
Muitas pessoas sequer imaginam que no Centro de Blumenau há um lugar onde além de guardar a bicicleta e mochila com segurança, é possível até tomar uma ducha e fazer um lanche. Faz um mês e meio que os ciclistas tem uma excelente e bem localizada opção no início da Rua Padre Jacobs.
O casal Gabriel Araújo Teixeira Paulo e Bruna Manoela Cardoso, são os sócios-proprietários do Estação BikeCafé, instalado no local onde funcionava a cozinha e área em que era servido o café de um hotel na antiga rodoviária de Blumenau, localizada na esquina das ruas Sete de Setembro com a Padre Jacobs. A rodoviária foi desativada em fevereiro de 1980, depois da atual ser inaugurada no bairro Itoupava Norte.
Um detalhe logo chama a atenção no acesso ao local, que fica no subsolo: uma canaleta ao lado da escada. Segundo Gabriel, é a única escada adaptada para bicicletas de Blumenau. “As pessoas já deveriam planejar isso nas novas construções. Na maioria dos lugares que vamos tem escadarias, afinal o mundo está crescendo verticalmente, já que o espaço horizontal é cada vez menor” lembra Bruna.
A ideia de criar o negócio surgiu quando Gabriel conversava com seu arquiteto sobre a reforma do estacionamento no mesmo imóvel, que também é de sua propriedade. Eles lembraram do que viram nas viagens que fizeram para fora do país. “Estávamos conversando sobre tendências de mobilidade no primeiro mundo, quando ele me mostrou como funciona o Park’n Shower em Floripa”, comentou o empreendedor.
“Na época estávamos passando pela crise do transporte público, com as greves dos ônibus. Onde os ciclistas que forem ao centro, vão deixar as bicicletas e a bolsa para trocar de roupas? A pessoa vai trabalhar suada? Daí o Gabriel sugeriu que poderíamos abrir um bicicletário no estacionamento” lembra Bruna.
Motivados com a ideia, fizeram uma pesquisa para saber o que as pessoas achavam da ideia. “Sabíamos que havia uma demanda para o uso das bicicletas virem ao centro. Percebemos que alguns evitam justamente pela dificuldade em guardá-la e até irem ao trabalho suadas ou molhadas, caso chova”.
São 220 metros quadrados, com espaço para mais de 120 bicicletas e 64 guarda-volumes. No vestiário feminino existem três duchas e no masculino são seis. O Estação BikeCafé tem opções de preços para mensalistas, diárias e rotativos (p/ hora). O horário de atendimento durante a semana é das 7h às 20h, e nos sábados das 8h às 14h.
Eles estão começando a oferecer convênios, como atualmente já tem nos colégios Sagrada Família, Barão do Rio Branco e DCE da Furb. A ideia das parcerias é incentivar os alunos e funcionários a irem ao trabalho ou estudo de bicicleta. “Já entramos em contato com diversos colégios e cursinhos, e aos poucos estamos conseguindo as parcerias. Estudantes tem um desconto especial de 25%”, comenta Bruna.
Existe apenas uma entrada e saída no local, o que garante a segurança evitando que alguém saia sem ser visto. Um fato que chama a atenção, é que muita coisa foi feita com material reciclado da estrutura do antigo hotel. A madeira das camas que lá existiam, serviram de matéria prima para construção do balcão e das mesas. Até a porta velha do elevador do prédio em que o Gabriel mora, foi utilizada.
Para o casal, a reciclagem tem tudo a ver com bicicleta, no renovável, que não polui. “O fato de termos usado esse material colaborou para que não fosse jogado fora, evitando que um caminhão trouxesse nova madeira e poluísse com a fumaça do combustível”, destaca Gabriel.
Para quem quiser apenas conhecer o local e tomar um café, pode saborear lanches básicos, com doces e salgados. São desde pães de queijo, assados, tortas; além de produtos light como tapioca, açaí, sucos naturais, etc…
Segundo os sócios, em Santa Catarina, com essa proposta, só existe a BikeCafé e Park’n Shower em Florianópolis. Os dois pretendem expandir, caso alguém queira franquear. O nome sempre será baseado na localização. Por exemplo, se abrirem na Rua Antônio da Veiga, será Antônio BikeCafé. É uma tendência que mesmo em grandes Centros como São Paulo e Rio de Janeiro existem poucos.
Para aqueles que tem uma bicicleta mais sofisticada e portanto mais cara, é uma boa opção de segurança, afinal os cadeados podem ser arrombados. Se não conseguirem levá-la, os ladrões furtam peças, como cestinhas, e outras.