Cenário para 2021 do setor têxtil e de confecção ainda é muito incerto

 

 

 

 

Por Fernanda Momm

Projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam para uma queda de 5,8% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020. Para o próximo ano, a previsão de queda é de 2,8%. Já o PIB per capita nacional deve encolher 6,4% em 2020. Para 2021, a média de crescimento esperada para o Brasil é de 2,2% enquanto a média de crescimento do PIB per capita prevista para outros países emergentes é mais que o dobro: 4,8%. Os dados fazem parte do documento Perspectiva Econômica Mundial, “Uma longa e difícil ascensão”, que foi apresentado pelo FMI nesta terça-feira (13).

Outro dado importante dos estudos apontam que o poder de compra (PPC) do brasileiro vai encolher não só neste ano, como também em 2021. O mesmo é previsto para o indicador de emprego. Conforme projeções do FMI, a taxa de desemprego vai fechar em 13,4% em 2020 e vai subir para 14,1% no ano que vem. Somente no setor têxtil, no acumulado de 2020, houve uma redução de 65.236 vagas de emprego.

Todos estes dados afetam o setor têxtil e de confecção e trazem uma onda de instabilidade a um cenário que apresentou breve melhora em função da demanda de fim de ano, para a Black Friday e o Natal. “Essa demanda maior de produção registrada agora é positiva, sem dúvida, mas, para 2021, ainda está tudo muito incerto. Todos os indicadores dependem da evolução da pandemia e de que não seja preciso dar passos para trás”, afirma o presidente do Sintex – Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário, José Altino Comper.

O executivo explica que o consumo de moda não é essencial para a população, como alimentos e itens de higiene, e o mercado está muito instável. “Há três meses, as perspectivas apontavam para uma grande massa de empresas quebradas; no momento, vemos demanda acima da capacidade para algumas empresas. Mas, há muito riscos envolvidos no cenário atual, como o câmbio e uma possível alta na inflação. Todo o planejamento atual precisa levar em consideração dois tipos de cenários: um mais otimista, sem esquecer de uma possível evolução para um cenário de baixa demanda”, descreve Comper.

Alternativas viáveis

Para enfrentar os desafios, o presidente do Sintex orienta que as indústrias revejam estratégias, processos e custos. “É preciso planejar coleções mais assertivas, com uma produção sem desperdícios, com criatividade e qualidade para encantar o público. O consumidor fica mais exigente em períodos de crise, não só em termos de custos, mas também de qualidade, design, versatilidade. Além disso, buscam por peças menos datadas, atemporais”, explica Comper.

O executivo afirma também ser importante o investimento no comércio online, uma vez que a pandemia acelerou o processo de digitalização do consumo. “A internet é uma ferramenta importante para as marcas serem encontradas, desenvolverem seu branding, despertando o desejando do consumidor e auxiliando nas vendas, sejam elas online ou físicas”, destaca Comper.

Produção

Segundo dados do IEMI – Inteligência e Mercado, de janeiro a junho, o segmento de vestuário registrou, uma queda de 36% em volume de peças comercializadas, comparado o mesmo período de 2019. O saldo previsto para 2020 é de uma queda de 18,4%, no varejo de vestuário, o que representa uma perda de comercialização de 1 milhão e 100 mil peças.

Já no varejo de artigos têxteis para o lar, a previsão de queda é de 9,3% em 2020, comparando o mesmo período do ano passado.

Empregos

Conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), no Brasil, em agosto, o setor têxtil e do vestuário abriu 6.871 vagas de emprego. No entanto, no acumulado do ano, o saldo é negativo, pois houve uma redução de 65.236 vagas de emprego.

Já em Santa Catarina, houve um acréscimo no setor de 2.781 vagas de emprego no mês de agosto. Mas da mesma forma que o cenário nacional, o saldo catarinense é negativo, com uma perda de 10.355 vagas de emprego.

Na base territorial do Sintex, que inclui 18 municípios, o setor têxtil e do vestuário, apesar do saldo positivo em agosto, com a abertura de 1.012 vagas, registrou no acumulado do ano uma redução de 2.918 vagas de emprego.