Fotos: Claus Jensen (entrevistados) e ACIB (evento)
Na noite desta terça-feira (30/8/16) foi realizado mais um debate eleitoral envolvendo os candidatos a prefeitura, no auditório da Sede da OAB em Blumenau. Apenas 60% estava ocupado, mas o que aconteceu lá será possível assistir na TV Legislativa na noite desta quarta (31). Entre várias propostas, críticas a atual gestão, como é de praxe. Napoleão preferiu apresentar números de sua gestão, além de defender o trabalho desenvolvido por sua equipe.
“Carta por uma Blumenau Melhor”, foi um documento preparado por 32 entidades, com os principais temas escolhidos no debate, a maioria focado no melhor uso dos recursos públicos. No final, conversamos com quase todos os candidatos e os presidentes das entidades presentes. Para todos foi solicitada uma avaliação do debate, e as respostas foram todas diferentes. O texto é extenso, mas acho que irá valer a pena ler até o final. Depois de cada depoimento, o conteúdo do documento entregue aos candidatos.
Jean Kuhlmann, candidato do Partido Social Democrático (PSD)
Uma avaliação muito positiva, porque você permite nesses momentos que a população conheça a verdade de cada um desses candidatos, sem maquiagem, nem produção. Aqui o candidato fala realmente o que ele pensa, o que é muito bom para a sociedade. Você pode expor as suas ideias e aquilo que defende para cada circunstância, seja ela na área de saúde ou educação, desenvolvimento econômico, mobilidade urbana, transporte coletivo, etc. Discutimos como nossa cidade volte a ter qualidade de vida que nosso povo merece. É um momento fundamental para a democracia para que a pessoa exerça melhor seu poder de voto conhecendo melhor seus candidatos.
Valmor Schiochet, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT)
Estamos avançando na compreensão das propostas dos temas que estão em questão nesta eleição. Há uma preocupação muito grande com a questão política, administrativa e da gestão ética. Não foi possível aprofundar-se no debate de hoje nas questões mais estruturais, no que diz respeito em como contribuir com a prefeitura enquanto poder público, para promover um processo de desenvolvimento local e regional, gerando inclusão social. Essa é a questão fundamental que precisamos debater. Nós temos uma visão muito clara de que a prefeitura de Blumenau precisa reassumir o protagonismo e a capacidade política administrativa e de gestão das políticas públicas. O caos que se tornou o transporte coletivo, as áreas da saúde e segurança, mostram sua incapacidade. O desmonte da máquina pública em nosso município e a sua politização pelos partidos que não acreditam na importância do poder público para gerar desenvolvimento na nossa região.
Napoleão Bernardes, candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB)
O debate foi uma oportunidade para apresentar propostas do que pretendemos fazer em Blumenau nos próximos 4 anos, e também prestar contas das nossas realizações e ações de governo ao longo da gestão. Estamos vivendo um período onde muitas prefeituras Brasil afora, não pagam sequer a sua folha de pagamento. Prefeitura que não paga os salários dos seus funcionários, não realiza mais nada. Aqui em Blumenau, nós temos obras e realizações em todos os bairros, nas mais variadas áreas. Eu sei que há muito o que por fazer, por isso pedimos a comunidade uma segunda oportunidade, com mais preparo e experiência.
Ivan Naatz, candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT)
É sempre uma oportunidade de conversar com a sociedade. Os debates são sempre maçantes, porque você acaba voltando sempre aos mesmos temas. Nós já participamos de vários encontros e começamos a perceber como fala cada candidato, o que ele vai dizer, as mesmas palavras e ponto e vírgula. Mas quando há um confronto direto de ideias, pode-se extrair muitas coisas, principalmente da personalidade de cada um. Eu tenho dito que temos que olhar a cidade como ela é de verdade, e não a da propaganda da televisão. Essa coisa maravilhosa que a gente vê na Globo. Eu tento mostrar que a cidade tem muitos desafios, que devem ser enfrentados por alguém que tem coragem e não faz parte desse vínculo. Quero ter a oportunidade de governar a Blumenau e fazer dela aquilo que eu sonho: a cidade das pessoas.
Arnaldo Zimmermann, candidato do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
O debate é importante porque dá uma certa igualdade para que os candidatos possam falar, já que existe uma desigualdade no tempo da rádio e televisão. Eu tenho 35 segundos enquanto tem candidato com quase 5 minutos. No debate, todo mundo pode apresentar as suas propostas e ideias, além de contestar outras também. Você fala também com a população em geral e determinado segmento, como o setor econômico por exemplo, explicando as suas propostas para a área. Nós falamos sobre desburocratizar processos, que é uma questão importante para esse segmento que estava aqui acompanhando, inclusive a transparência, que foi muito falado. A gente vê a maturidade da classe empresarial e das várias entidades, onde não estão pedindo benefícios para elas mesmas. Elas querem mais transparência e uma gestão melhor, ou seja, que a cidade funcione melhor. Parabenizo as entidades não só pela realização do debate, mas como pela postura que foi apresentada para os candidatos também.
Ulrich Kuhn, Presidente do Sintex e representante da Intersindical Patronal de Blumenau e do Vale do Itajaí
O ponto relevante desse encontro de hoje não foi nem tanto o debate, mas principalmente poder reunir perante a sociedade organizada de Blumenau, todos os candidatos a prefeito; e entregar a eles uma posição do que ela espera do futuro executivo da cidade. Foi uma forma de expressar o simbolismo de fazer algo diferente, porque se fizer igual ao que já foi feito, não teremos mudanças. Temos que lembrar que o vereador de hoje pode ser o prefeito, deputado estadual ou federal de amanhã. Temos que tentar fazer eles entenderem que o recurso público é escasso. As demandas são enormes e tem que ser muito bem administradas, de forma diferente do que era feito até então. É um absurdo como é feito o custeio da nossa estrutura política. Tem um “N” exemplos pelo mundo e no Brasil, do que pode ser feito de forma diferente, que em algum momento tem que começar. O grande passo desse encontro, foi iniciar esse processo. Vem agora toda a divulgação através de flyers, outdoor, Facebook, etc. Isso tudo vai permitir que o cidadão entenda e gostaria do seu administrador público, de forma prática, sem ser genérico.
Hélio Roncáglio, presidente do Câmara de Dirigentes Lojistas de Blumenau (CDL)
Acho que o modelo escolhido para esse debate foi muito positivo, em que cada entidade procurou trabalhar um tema na sua pergunta. Lógico que gostaríamos de tratar de vários temas, mas deu a oportunidade para conhecer os candidatos, que responderam a mesma pergunta. É uma maneira bem democrática, em que todos puderam colocar as suas convicções, o que eles pensam e de que maneira podem contribuir se eleitos.
Carlos Tavares D’Amaral, presidente da Associação Comercial e Industrial de Blumenau (ACIB)
Eu diria que o debate foi razoável. Nós gostaríamos que os candidatos dessem respostas mais contundentes às seis perguntas elaboradas pelas entidades, mas a maioria sempre responde de forma evasiva. Uma das coisas importantes nesse debate, é que ele equaliza o tempo para todos os candidatos, diferente da televisão. Mas eles não responderam àquilo que gostaríamos de ouvir. O documento preparado pelas 32 entidades, apresenta algo audacioso de realizar, mas teve pouco comprometimento sério por parte deles. O que todos nós queremos é ver as prefeituras e câmaras de vereadores reduzindo seus custos, para sobrar algum dinheiro e assim realizarem investimentos na estrutura que o município precisa desesperadamente. Para isso eles tem que ser criativos, se não nem irão conseguir governar. Foi importante que eles se expuseram, assim a população vai saber o que pensam e conhecer o espírito de cada um. Outros debates vão acontecer e o candidatos irão se aprimorando, permitindo que a população os conheça e vote.
Romualdo Paulo Marchinhacki, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que assumiu a gestão 2016-2019
“Foi um momento muito importante para a democracia. As entidades reuniram aqui na OAB os 5 candidatos a prefeito, que prontamente atenderam o nosso convite e pudemos discutir as propostas para a cidade, fazendo os nossos questionamentos. Foi uma oportunidade de saber o nossos candidatos propõe para a Blumenau que nós queremos daqui a 4 anos, afinal um deles será eleito”. Questionado sobre estar satisfeito com as respostas, ele completou: “Todos eles estavam preparados para esse debate de ideias e as repostas de um forma geral foram satisfatórias. O que precisamos é fazer o acompanhamento daquele que for eleito e cobrar o cumprimento dessas propostas. Não basta apenas sabermos votar e escolher os bons candidatos. A população precisa aprender também a cobrar dos eleitos, fazer um acompanhamento do gasto público, da transparência de todas essas questões da boa aplicação dos recursos públicos, na qualidade e eficiência dos serviços. Isso deve ser uma constante na vida da sociedade, das entidades que promoveram esse debate e da sociedade como um todo”.
Cesar Wolf, ex-presidente da OAB de Blumenau
Estou muito feliz. A OAB e as outras entidades tem essa função de proporcionar um espaço de discussão. Essa campanha é curta e financeiramente enxuta. Acho que as entidades e associações, tem que receber e ouvir os candidatos. Acredito que a política e o processo eleitoral vai voltar a ser aquilo que era no passado: o aperto de mão, a conversa e o convencimento. Mais do que o marketing e a propaganda construída. Eles [candidatos] também podem entre si entender e contrapor o projeto de cada um.
Documento entregue aos candidatos:
1) CÂMARA MUNICIPAL:
a) Reduzir o repasse da arrecadação municipal, através da devolução à Prefeitura Municipal, no inicio de cada ano, de 3% (três por cento) dos atuais 6% (seis por cento) recebidos por força de norma constitucional;
b) Manter os vencimentos dos Vereadores nos mesmos patamares ora praticados, para a próxima Legislatura;
c) Limitar ao máximo o número de funcionários – entre efetivos, comissionados e indicados políticos – não ultrapassando, na próxima legislatura, o quadro atualmente existente;
d) Não lançar edital de contratação de novos servidores ao longo da próxima Legislatura, aprimorando a formação dos atuais servidores, desenvolvendo processos de meritocracia, alocando os melhores talentos nos cargos mais pertinentes às suas competências;
e) Não propor, nem aumentar, o número de Vereadores (15 atualmente), por ser inadmissível sua defesa;
f) Não construir nova sede, limitando-se as alterações eventualmente necessárias às melhorias no atual e suficiente espaço ocupado.
2) PREFEITURA MUNICIPAL:
a) Direcionar no mínimo 15% (quinze por cento) do orçamento anual para investimentos em infraestrutura, com recursos próprios;
b) Ao receber a devolução dos 3% (três por cento) do repasse realizado por força de norma constitucional à Câmara Municipal, direcionar a totalidade desse recurso aos investimentos em infraestrutura;
c) Otimizar custos e capacidade administrativa, através da redução das atuais 14 (quatorze) Secretarias, 2 (duas) Autarquias, 5 (cinco) Fundações, 2 (duas) Intendências e 8 (oito) demais órgãos para 7 (sete) Secretarias, 1 (uma) Intendência, 1 (uma) Fundação e 6 (seis) demais órgãos, conforme segue:
Procuradoria Geral do Município (Progem);
Secretaria de Comunicação Social (Secom);
Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec + Sectur + PVG);
Secretaria de Desenvolvimento Social (Semudes + Sedeci + Pró-família + AAJ);
Secretaria de Educação, Cultura e Esportes (Semed + FCBlu + FMD);
Secretaria de Gestão Governamental (Sedead + Sefaz + Segg + Seterb + CGM + Transparência);
Secretaria de Planejamento, Obras e Serviços Urbanos (Seplan + Semob + Sesur + Urb + In.Garcia);
Secretaria de Saúde (Semus);
Fundação do Meio Ambiente (Faema)
Samae;
Intendência Distrital da Vila Itoupava (In.Vila)
Centro Integrado de Armazenagem e Distribuição (Ciad);
Praça do Cidadão;
Praça do Empreendedor;
Procon.
d) A Prefeitura Municipal deve tornar mais eficiente o uso de verbas em todos os seus projetos, para todas as áreas, inclusive Educação e Saúde, fazendo as necessárias reduções, sem prejuízo à necessária qualidade dos serviços prestados a toda a população. A gestão mais eficaz, gradualmente, gerará sobras de recursos, as quais deverão ser direcionadas integralmente para investimentos em infraestrutura;
e) Não lançar edital de contratação de novos servidores ao longo do próximo mandato, aprimorando a formação dos atuais servidores, desenvolvendo processos de meritocracia, alocando os melhores talentos nos cargos mais pertinentes às suas competências;
f) Aprimoramento geral da racionalidade da gestão, cujos esforços somados devem aumentar a capacidade de investimentos com recursos próprios, focados em infraestrutura e mobilidade urbana, visando alcançar o patamar de 15% (quinze por cento) até o quarto ano de gestão (2020), com incrementos contínuos, partindo-se de 4% (quatro por cento) no primeiro ano, crescendo para 8% (oito por cento), 12% (doze por cento) e 15% (quinze por cento) nos demais anos;
g) Reestruturar o atendimento aos contribuintes, cujos processos atuais são morosos e burocráticos, com aprimoramento dos procedimentos internos, através da automatização/informatização, sempre primando pela transparência, agilidade e eficiência.
Nesse complexo momento político-econômico, espera-se dos dirigentes e legisladores municipais eleitos para a próxima gestão, visão global e condizente com as expectativas e necessidades de seus eleitores.
Apelamos ao bom senso de Vossa Senhoria para que adote as medidas ora propostas, tendo as entidades como apoiadoras de uma nova fase de austeridade moral, equilíbrio econômico e crescimento.
Apoiaremos todos aqueles que tiverem a coragem de enfrentar o atual momento e assumir esta visão de gestão enxuta e eficaz, concedendo o devido espaço às suas manifestações, promovendo a discussão de seu plano de governo, além de reproduzir suas manifestações através dos meios disponíveis, na busca do apoio de toda a classe empresarial.
A retomada do crescimento, em especial do nosso Município, só será possível com o adequado gerenciamento de recursos e investimentos.”