Blumenau é destaque nacional com trabalho de agroecologia

Agroecologia

Trabalho será apresentado na Tenda Escola, durante a IV Mostra Nacional de Atenção Básica/Saúde da Família, em Brasília.

Pás, enxadas, canteiros e mudas. Estes são os recursos utilizados pelo professor Giovani Rafael Seibel para despertar nos alunos a importância da preservação ambiental e, consequentemente, contribuir para a realização de práticas saudáveis. O projeto denominado Agroecologia na Escola foi desenvolvido por ele no ano passado na Escola Municipal Erich Klabunde e agora chega na Escola Básica Municipal Henrique Alfarth.

O trabalho, realizado em forma de oficina dentro do Programa Mais Educação, caiu nas graças dos estudantes e é um dos selecionado para apresentação na Tenda Escola, durante a IV Mostra Nacional de Atenção Básica/Saúde da Família, que acontece entre os dias 13 e 15 de março, em Brasília. Giovani conta que foi uma surpresa estar entre os 60 trabalhos de todo o Brasil que serão expostos no evento.

Formado em Biologia e pós-graduado em Educação Ambiental, o professor é um entusiasta das ações em prol do meio ambiente. Por isso, mais do que compartilhar sua experiência de sucesso, o professor afirma que o momento será uma oportunidade para buscar outras ações bem sucedidas que possam ser agregadas ao trabalho já desenvolvido por ele.

O projeto
As aulas são duas vezes por semana e têm aproximadamente 45 minutos de duração, mas poderiam durar muito mais. Quando chegam nos canteiros, a animação toma conta dos alunos que participam do projeto na escola Henrique Alfarth. É perto das 15h e o sol está quente, mas ninguém se importa com isso, pois o momento é de colocar as mãos na terra e começar os trabalhos. Todo mundo quer ajudar a deixar os canteiros preparados para receber as mudas.

Mas as lições dessa aula começam antes de por a mão na massa. Quando estão fazendo o lanche que antecede o início das atividades, eles depositam em um recipiente as cascas das bananas consumidas. O material recolhido será utilizado na composteira que os alunos estão preparando para gerar húmus e chorume, que depois serão utilizados nos canteiros. Para isso também eles já tiveram uma tarefa: trazer de casa minhocas que serão depositadas na composteira.

Quem não conseguiu trazer, tudo bem. Com pás e enxadas, eles cavam até encontrar. As atividades são simples, mas carregadas de significado. Giovani explica que trabalha com as crianças lições importantes sobre como e porque cuidar do planeta e, ainda, incentiva os alunos a ter uma alimentação saudável, com produtos sem agrotóxicos. As aulas de agroecologia começaram há poucas semanas, mas a garotada já está com as lições na ponta da língua.

Ana Carolina Freitas, 8 anos, está tão empolgada com a novidade que chegou a fazer um poema sobre tudo o que está aprendendo. “Eu quero ajudar as plantas”, diz ela tímida procurando minhocas. “Não precisa ter nojo das minhocas. Os bichos são seres de amor”, comenta a pequena. O que ela está dizendo é reflexo de uma explicação anterior passada pelo professor: cada animal tem sua importância no meio ambiente.

Eduardo Roberto Blum, de 9 anos, também adora as aulas de agroecologia. “É a minha melhor aula, porque é bem legar mexer na terra”, diz ele animado. O pequeno conta que sempre gostou de plantar e que agora está aplicando em casa o que aprende na escola. Este é mesmo o objetivo do professor, transformar os alunos em agentes multiplicadores. “Quero envolver toda a comunidade nesse projeto”, afirma Giovani, ao comentar que está buscando ajuda com pais e moradores que têm mudas e adubos.

Assim que os canteiros da escola estiverem prontos, a missão dos alunos será mantê-lo, até que tudo esteja pronto para colheita e depois se transforme numa saborosa refeição. Enquanto as plantas crescem, são as floreiras que recebem uma atenção especial. “Vamos explorar todos os espaços da escola”, explica o professor sobre seus planos para este ano.

O projeto é desenvolvido no contraturno escolar e a ideia é de que o espaço possa ser utilizado para estudos dentro das disciplinas regulares. “Os professores podem utilizar este espaço, por exemplo, para as aulas de matemática, para medir os canteiros. Já na aula de geografia, as crianças podem aprender sobre solo”, afirma Giovani. “Está é uma proposta interdisciplinar, intersetorial e comunitária, envolve todo mundo”, ressalta.

Sobre os resultados obtidos pelo trabalho, ele destaca que a experiência proporciona as crianças um novo olhar em relação aos seres vivos e a alimentação saudável. “Eles mudaram a visão em relação ao desenvolvimento das plantas, ao respeito pelos animais, a importância e o beneficio da decomposição de matéria orgânica e o prazer em alimentar-se de produto produzido por eles mesmos”, conclui.

via PMB | Texto: Talita Catie