Bancos apresentarão cronograma de estudos sobre juros altos no rotativo do cartão de crédito

O pedido foi durante uma reunião entre o ministro da Fazenda e presidentes de instituições financeiras. Atualmente, os juros estão em 417,4% ao ano.

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniu-se com representantes de instituições financeiras para discutir uma solução para as altas taxas do rotativo do cartão de crédito, que atualmente estão em 417,4% ao ano, segundo dados do Banco Central.

O encontro aconteceu na noite de segunda-feira (17/04/23) e contou com a presença de o presidente da Febraban, Isaac Sidney, e o ex-deputado federal Rodrigo Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF); além de presidentes dos bancos  Bradesco (Octavio de Lazari), Itaú-Unibanco (Milton Maluhy), Santander Brasil (Mario Leão) e Nubank (Cristina Junqueira).

Haddad pediu às instituições financeiras um cronograma de estudos sobre as causas desses juros elevados, que serão apresentados ao governo e ao Banco Central. Apesar da reunião ter durado cerca de uma hora e servido apenas para traçar um diagnóstico do setor, o ministro prometeu apresentar um estudo em breve e afirmou que envolverá o Banco Central nas discussões. Segundo o ministro, a discussão não é simples porque a indústria de cartões de crédito tem muitos atores envolvidos, como bandeiras, maquininhas, bancos e lojistas.

A disposição dos bancos em discutir soluções para reduzir os juros no rotativo do cartão de crédito foi destacada pelo presidente da Febraban, que afirmou que a entidade está disposta a construir, com o governo federal e o Banco Central, medidas para diminuir as taxas. Ele disse que um grupo de trabalho será constituído, sem prazo para a conclusão da análise.

No entanto, Isaac Sidney ressaltou que não é o momento para apontar caminhos ou discutir propostas, mas sim para compreender as causas do custo de crédito elevado. Segundo ele, uma das sugestões a serem apresentadas pelas instituições financeiras será um novo marco legal de garantias (bens e ativos que cubram eventuais calotes), cujo projeto tramita no Congresso Nacional. Ele destacou que uma das razões para os juros bancários elevados é a pouca efetividade de garantias e que, se o país tiver o Marco Legal de Garantias, será possível dar um passo importante para reduzir o custo de crédito.

Antes da reunião com as instituições financeiras, Haddad havia afirmado que o governo pretende soltar, nesta semana, 14 medidas para estimular o mercado de crédito no Brasil. Com a previsão de que o grupo de trabalho só comece as atividades nos próximos dias, uma medida para o rotativo do cartão de crédito deve ficar para depois.

Logo após a reunião com as instituições financeiras, Haddad seguiu para o Palácio da Alvorada, acompanhado do secretário-executivo da Fazenda, Gustavo Galípolo; e do secretário da Receita Federal, Robson Barreirinhas, para uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Questionado se o encontro seria sobre a entrega do texto do novo arcabouço fiscal ao Congresso, o ministro respondeu apenas: “Vamos saber agora.”