Por Miriam Mesquita
Pouco antes das 10h de sábado (5/08/23), centenas de pessoas começaram a se aglomerar na praça em frente à Prefeitura para protestar contra a discriminação às pessoas LGBTQIA+ em Blumenau. Com roupas coloridas e muita animação, os participantes do protesto gritavam palavras de ordem acompanhando o trio elétrico. Uma faixa de 25 metros de extensão com a frase “Existimos e Resistimos” foi exibida na histórica ponte de ferro sobre o rio Itajaí-açu. Logo depois do meio-dia, o grupo saiu em passeata até o parque Ramiro Ruediger, local onde são realizados os piqueniques mensais promovidos pela ONG Mães do Amor em Defesa da Diversidade.
Os organizadores do evento estimam que mais de mil pessoas tenham participado do protesto. Representantes de um total de 20 entidades de defesa dos Direitos Humanos, de ONGs, sindicatos, coletivos, associações e partidos políticos denunciaram o comportamento das autoridades instituídas contra a população LGBT e pediram respeito às pessoas não binárias. As falas foram alternadas com músicas de uma playlist especialmente preparada para o evento.
A passeata, que teve cerca de 200 metros de extensão, começou pouco depois das 12 horas. Foi o momento de levantar as faixas e cartazes produzidos na oficina de criação realizada no último domingo (30/07). O grupo percorreu algumas das principais ruas do centro de Blumenau e o principal acesso à região do bairro Velha, caminho à Vila Germânica, e que fica ao lado do destino final da passeata, o parque Ramiro Ruediger.
O trajeto escolhido foi também um simbolismo ao recriar o caminho da “Marcha pra Jesus”. O evento de igrejas evangélicas aconteceu no mesmo dia do piquenique promovido pela ONG Mães do Amor em Defesa da Diversidade, no dia 15 de julho, quando folhetos apócrifos foram deixados no parque Ramiro Ruediger denominando de “filhes do diabo” os membros da comunidade LGBT e de “falsos profetas” o pastor convidado pela ONG para a Roda de Conversa com o tema “Jesus é Amor”.
A coordenadora do protesto, a advogada Rosane Magaly Martins, presidente da ONG Mães do Amor em Defesa da Diversidade, afirma que o ato deste sábado foi o maior já realizado na cidade, uma resposta contundente contra toda violência direcionada à comunidade LGBTQIA+ de Blumenau. “Esse protesto foi histórico porque a sociedade entendeu que não é mais possível calar, se esconder e deixar pra lá. Como mães, que lutamos diariamente pela felicidade de nossos filhos, o ato de hoje enche nossa alma de alegria e esperança. Sabíamos que seria grande, mas não imaginávamos que seria gigante”, salienta Rosane, emocionada, ao fim da passeata. “Quero aproveitar pra agradecer cada pessoa que contribuiu para a realização desse protesto e, especialmente, aos que se vestiram de alegria pra colorir a nossa Blumenau”, completa.