Quem estava em casa protegido da temperatura amena e do chuvisco na noite deste sábado (2/04/22) aproveitou para se agasalhar e preparar algo quente. Mas muitas pessoas não tinham essa opção, como é o caso dos moradores em situação de rua e de quem aguardava atendimento na recepção do Hospital Santo Antônio, em Blumenau.
Para um ativista social como o João Luiz Muniz, imaginar pessoas passando fome ou frio sempre será um incômodo. Até porque um dia também passou por necessidades e sabe da importância do seu gesto.
Muniz foi dono de lanchonete por muitos anos em Blumenau, mas a pandemia fez com que fechasse a empresa. Seu conhecimento no preparo de refeições em grandes quantidades foi muito importante no preparo de um sopão em duas panelas grandes contendo macarrão, arroz, batata e miúdos de frango.
Aos ingredientes, acrescentou carinho, bondade, amor ao próximo e doou o seu tempo nesta noite. O macarrão foi doado pela Muller Novo Horizonte enquanto o material que seria usado para embalar e os talheres de plástico pela Boni Embalagens. O resto foi arrecadado através de uma vaquinha.
Por volta das 22h30 estava tudo pronto e ele saiu do bairro Progresso onde mora para seguir pela Rua Amazonas em busca de moradores de rua. “Ver o sorriso de esperança nos olhos das pessoas que estão passando por alguma tribulação, fazer acreditar em atitudes, ajuda-as a ter esperança de que podem e devem superar esses desafios”, disse Muniz.
Ele também passou na recepção do Hospital Santo Antônio onde muitas pessoas ainda não tinham comido algo porque nesse horário os comércios estão fechados. “Quando cheguei, ninguém sabia do meu propósito. Encontrei quatro mulheres, duas delas chorando, e um homem em uma roda, todos tristes. Falei do meu propósito e lamentei a tristeza deles, mas disse que fui até ali para trazer uma certa esperança”, comentou o ativista.
Muniz disse que sentiu a emoção deles por alguns momentos e aceitaram a sopa. Eles estavam ali aguardando por atendimento há muito tempo e acabaram esquecendo até de se alimentar. “Depois que voltei do hospital, deixei mais cinco marmitas para moradores de rua sem eles saberem, já que estavam dormindo. Deixei ali e fui para casa feliz da vida. Ver o sorriso da esperança nos olhos das pessoas que estão passando por alguma tribulação, os fazem acreditar que podem e devem superar esses desafios”, disse satisfeito com o retorno pessoal de seu gesto.
O ativista disse que não sentiu medo em nenhum momento durante as abordagens na rua. “Essas pessoas precisam de apoio. O mundo está doente de amizade, de uma palavra e um gesto”, finalizou.
Quando um dia você se perguntar como pode ajudar o mundo para ser melhor, lembre-se do exemplo de Muniz. Aliás, faltou mencionar que ele também deu bombons para as recepcionistas e ao guarda do hospital. Após duas horas de dedicação ao próximo, ele voltou ao aconchego da sua família.