Alterações no mercado de gás natural impulsionam discussão entre os industriais catarinenses

 

As mudanças no mercado de gás natural, previstas para os próximos anos, foram tema do debate da Câmara de Assuntos de Energia da FIESC, realizado na última quinta-feira (6) na sede da federação. A reunião aprofundou a discussão sobre as soluções para um processo de transição responsável que mantenha Santa Catarina com tarifas competitivas e eficiência operacional nos sistemas de transporte e distribuição. Foram discutidas ainda as mudanças no cenário do gás natural, com a aproximação do término do atual contrato de suprimento com a Petrobras e a possível ampliação da oferta.

Os tópicos trazidos para a reunião estão relacionados ao evento da International Gas Union (IGU), maior entidade de gás do mundo, organizado em Florianópolis no mês de maio pela SCGÁS, com apoio da Associação Brasileira de Distribuidoras de Gás Natural (Abegás). No encontro, diversos agentes nacionais e mundiais do setor apresentaram as tendências de soluções técnicas e econômicas para melhor atender o mercado atual e potencial do gás natural no Sul do Brasil. Entre as conclusões dos especialistas, foi apontada a entrada de novos ofertantes do insumo, em especial a partir de 2019, quando terminam os contratos de suprimento das distribuidoras da região Sul com a Petrobras. A partir de 2020 estes estados passariam a adquirir gás por meio de diversas fontes, saindo do atual modelo monopolista.

Santa Catarina possui hoje as tarifas de gás natural mais competitivas do Brasil em todos os segmentos de mercado abastecidos, mas essa realidade pode ser considerada episódica. Dois fatores principais contribuem para que os preços estejam de 30% a 45% abaixo dos demais estados brasileiros: a SCGÁS não aderiu à nova política de preços da Petrobras, permanecendo com o contrato de suprimento celebrado em 1995; a concessionária opera com eficiência no atendimento ao mercado; e o mecanismo de conta gráfica, implantado em 2016 pela Agência de Regulação de Serviços Públicos de Santa Catarina (Aresc), vem corrigindo ao longo dos semestres os saldos que devem ser equacionados com a concessionária e o mercado.

Além de debater o reajuste de cerca de 10% na média das tarifas para o setor industrial, anunciado na semana passada pela Aresc, os industriais e a distribuidora catarinense começaram a traçar as estratégias diante das incertezas de suprimento após 2019.

Entre as medidas consideradas como essenciais diante do cenário de alterações do mercado estão a necessidade de implantação de um terminal de regaseificação em um dos portos catarinenses; a aproximação com novos players do setor como a Shell, Engie, Gazprom e governo Boliviano; e a necessidade da distribuidora catarinense licitar para aquisição a partir de 2020 um volume de compra de gás por cada uma das estações de recebimento de gás. Atualmente, o estado possui nove estações que recebem o gás natural espalhadas em sua região litorânea em paralelo ao gasoduto de transporte, o Gasbol.

Fonte: SCGÁS