A matemática e seus encantos em 40 trabalhos apresentados nesta sexta (29)

 

Por Claus Jensen, com fotos e entrevistas de Marlise Cardoso Jensen

Na manhã desta sexta-feira (29/06/18), foi aberta a V Feira Municipal de Matemática, com 40 trabalhos expostos no ginásio da Sociedade Desportiva Vasto Verde, no bairro Velha. Depois de 10 anos, ela voltou a ser realizada em Blumenau.

A solenidade de abertura contou com o prefeito Mário Hildebrandt, e autoridades ligadas à educação municipal e estadual, além de representantes das entidades parceiras. O Coro da ACEVALI – Associação de Cegos do Vale do Itajaí deu o tom musical com sua apresentação.

 

 

O evento foi promovido de forma conjunta pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Regional de Blumenau (Furb), Agência de Desenvolvimento Regional (ADR) e Secretaria de Educação da Prefeitura de Blumenau (Semed).

 

 

“Os trabalhos não são só da rede municipal, mas também estadual, privada, institutos e universidades. A prova disso é o fato de todas essas esferas estarem aqui representadas, com muita diversidade. Da educação infantil, tem o CEI Emma Tribess por exemplo, que traz um trabalho da creche 1 com os bebês, passando pelo ensino médio, sempre mostrando uma matemática diferenciada”, disse a Secretária de Educação, Patrícia Lueders.

 

Patrícia Lueders, Secretária de Educação de Blumenau

 

A secretária destacou a importância da feira para valorizar a matemática como algo prazeroso, tirando esse mito de ser difícil e que as crianças tem dificuldade. Os trabalhos selecionados irão para a etapa regional em Ilhota, agendada para o dia 17 de agosto, depois na estadual em Massaranduba.

 

André Vanderlinde, coordenador da V Feira Municipal de Matemática de Blumenau

 

Essa mesma opinião é compartilhada pelo coordenador da feira, André Vanderlinde. “A intenção é socializar os trabalhos realizados em sala de aula, aproximando os alunos da matéria que tem uma imagem um pouco sisuda, mostrando a presença da matemática em nossa vida cotidiana. Não há classificação, como 1º ou 2º, mas sim pontos positivos e sugestões. Não queremos fomentar a competição, e sim, o questionamento sobre o que esse trabalho traz de diferencial, como poderia ser melhorado ou direcionado. É uma troca de experiências, que podem servir de motivação para outros trabalhos”, destaca Vanderlinde.

Os trabalhos abrangem desde a educação especial, fundamental, anos finais, ensino médio e trabalhos da comunidade. Além dos alunos, professores mostraram projetos ou ideias. Questionado sobre ter sido um bom aluno de matemática, Vanderlinde disse que no dia 25 de setembro de 1998, também foi expositor na feira. Ele lembrou de que foi bolsista do professor Vilmar, que junto o prof. Floriani, iniciaram todo esse movimento. Vanderlinde finalizou dizendo: “Sou de Blumenau e fico muito feliz de poder retomar essas feiras municipais”.

 

 

Um dos trabalhos, “Matemática no câncer de mama”, foi apresentado por Ana Carolina Santos, da EBM Bruno Hoeltgebaum. “O câncer de mama atinge uma em cada dez mulheres, inclusive a minha tia também teve. Meu objetivo é chamar a atenção da comunidade escolar sobre esse tipo de câncer e sua prevenção precoce”. Ela explicou os sintomas tradicionais, como caroço no peito, alterações no bico do peito, saída espontânea de líquido dos mamilos, pele da mão avermelhada ou parecida com casca de laranja, além de nódulos no pescoço ou nas axilas. “A mulher deve fazer diariamente o exame do toque e a partir dos 40 anos, além do exame de mamografia”.

 

 

Ana lembrou as formas de prevenir esse tipo de doença e disse que fez uma pesquisa com funcionários e professores da escola, sobre quantos familiares já tiveram. Descobriu que 22,2% já tiveram câncer de mama. “Fiz uma regra de três para transformar isso em graus.Se 100%=360° e 22,2%=n; o resultado foi de 79,922°. Deu 280,008° porque eu fiz uma simples subtração”. Ela descreveu em detalhes como fez a relação entre a incidência percentual da doença por regiões, o número de habitantes e a quantidade de pessoas com câncer nesses locais.

 

 

Outro trabalho interessante foi “Matemática no parque de pneus”, apresentado pelos alunos da EBM Lauro Müller, Mike Anderson Oliverwood Ilophene e Benito Prinstil. Os estudantes disseram que a escola tem 150 anos mas não possui parque para as crianças se divertirem. Então surgiu a ideia de fazer um de pneus usados com conceitos matemáticos para atender desde o pré ao terceiro ano. A proposta é usar o espaço de forma recreativa nas aulas de educação física e outras.

Nos pneus há treze informações importantes, como 185, que representa a largura do pneu. O 160 corresponde a 60% de sua largura. O “R” informa que é radial, “14” o diâmetro, além de mostrar o número e nome das camadas. Mike e Benito foram mostrando todas as relações entre dados dos produtos e cálculos matemáticos, que vão desde o raio, circunferência e unidades (polegadas x centímetros). Mike revelou que as suas matérias preferidas são inglês (que já fala), história e geografia. Benito também gosta de história, mas a matemática é a sua segunda preferida. “Ela é um pouco difícil, mas muito importante, porque está no nosso dia a dia. Em tudo que fazemos há algum número”, finaliza o estudante expositor.

 

 

As professoras e orientadoras Nádia Cristina de Souza Lopes e Raquellen Milbratz, da Creche 1 do CEI Emma Tribess, também estavam na feira. Elas apresentaram o trabalho “Bebês que amavam caixas”, que faz parte de um projeto macro chamado “Contos Infantis”. Dentro dele, há o “Conte-me um conto bebê”, quando contaram a história do “homem que amava caixas”. Através desse livro, as professoras trabalharam conceitos matemáticos espaciais com os bebês, como dentro, fora, grande e pequeno.

“A partir disso desenvolvemos diversas brincadeiras como entrar dentro das caixas, empilhar de acordo com seus tamanhos e colocaram objetos dentro delas. Os bebês aprenderam a matemática real e desmistificamos esse pensamento de que eles não aprendem, e que só trocamos as fraldas e damos de comer. Foi todo um trabalho para mostrar que desde pequenos eles estão dentro de uma educação infantil, depois vão aos anos iniciais e aprendem quando adultos também” explicou Nádia.

“As crianças adoraram entrar nas caixas e interagiram muito bem com a atividade. Os pais também gostaram. Dentro desse projeto de literatura, os pequenos levaram um livro para compartilhar com seus pais em casa e abrangeu a família, que é um dos objetivos da educação infantil”, comentou Raquellen.