Ver Blumenau em destaque nacional é ótimo, faz bem ao ego de quem mora aqui. Mas a Oktoberfest nasceu dos hábitos e costumes blumenauenses inspirados na cultura alemã. Aquela que perdemos quando deixamos de falar a língua que muitos aprenderam em casa, ou na falta de atualização do que acontece na Alemanha.
Mas existe o AleBlu (alemão de Blumenau), mistura de quem veio morar na cidade e passou a adotar alguns maneirismos da tradição. Comer Einsbein, salsichas, fazer parte de grupos de dança folclórica, gostar de bandinhas, participar dos desfiles e até discutir a linha de arquitetura da cidade.
O secretário de turismo Ricardo Stodieck foi corajoso quando mexeu no bolso dos blumenauenses ao estabelecer regras para o traje típico. Tolerância zero para não pagar entrada. Ele está mais do que certo. Nos anos anteriores era muito comum reclamarem de pessoas que vinham com camiseta de malha branca, suspensórios e qualquer coisa que chegasse perto do que se usa na Bavária. Mas uma coisa ele poderia liberar: calçados. Deixar livre, porque alguns irão andar e dançar bastante, o que com um sapato de couro não é confortável. Mas como traje típico é um assunto extenso, afinal cada região na Alemanha tem o seu, os critérios foram neutros e acertados. Recuperou-se o conceito minimo do que é um traje típico.
A lotação de festas anteriores era uma loucura. Quem ia no final de semana mal tinha espaço para se coçar, enquanto as meninas sofriam todo tipo de abuso de “mãos perdidas”. O ministério público é que deu o primeiro aviso: só 38 mil ingressos por dia, ao mesmo tempo. Caramba, é um monte de gente. Durante a semana estava bem tranquilo, sempre tinha espaço para mais. O que aconteceu? Aumentou o número de pessoas nesse período e a qualidade do turista, que agora vem em família ou casais. Não queremos o cara berrando que nem doido e se perdendo entre mil goles de chopp. Recuperou-se espaço e conforto.
E os desfiles? Só ouvi elogios, mas antes de começar a festa, lembro de reclamações por reduzirem o tempo, limitando o número de participantes. Será que o secretário também acertou essa?
Senti falta das cervejarias artesanais Opa e Zen Bier. Mais do que Blumenau, porque não promover boas cervejarias do estado de Santa Catarina? Mas espalhar estandes por todos os setores, foi uma ótima iniciativa. Espero que ele desista de tirar o chopp do vinho, afinal não deixa de ser uma variação do que o alemão sempre foi bom: vinho e chopp.
A lista de pontos positivos e negativos vai longe. Mas o importante é que houveram acertos e a boa vontade para acertar ano que vem. A começar pelos banheiros femininos, que tem características de uso diferentes do homem que não se maquia nem passa por problemas mensais.
Bem, essa foi minha análise do que poderia ser melhor, mas principalmente do que foi o melhor desta Oktoberfest.